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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O REGRESSO DO MORTO III

O regresso do morto III
Estacios Valoi
03/11/09
A Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) relançou semana finda o livro do escritor moçambicano Suleimane Cassamo intitulado ‘o regresso do morto’ no átrio do Conselho Municipal na Cidade de Maputo.
Segundo a AEMO, obra vem ao publico naquilo que é o cumprimento da fatia do escritor há 21 nas lides literárias e marca o mundo das letras moçambicanas do percurso pos-independencia, a necessidade e a procura desta obra pelo publico o que consequentemente de azo a obrigatoriedade cultural de mais uma vez a disponibilizar ao publico’
Varias foram as pessoas que se fizeram presentes no acto da ressurreição do livro, desde escritores, personalidades públicas, curiosos para não mencionar a tripla de cantoras, bailarinas convidadas para abrilhantar ainda mais o evento que a seu belo prazer balançava seus corpos mas que de vez em quando iam perguntado ao público se estavam mortos pelos fracos aplausos que as vezes não se ouviam. Os presentes não se fizeram por esperar apelando para que Cassamo respondesse a tal apelo porque sobre o mundo dos mortos só ele pode nos contar.
‘Sobre Suleimane Cassamo diria que não há filosofia de vida, somos vários ao mesmo tempo’
Para o autor a vida passa por captar sinais, é escutar o pulsar do chão, encostar o ouvido ao chão, recolher esses ruídos, os ensinamentos que vem do passado e isso foi o que lhe permitiu escrever uma obra como o ‘regresso do morto’.
Ainda no mesmo diapasão, A reedição do livro pertenceu a AEMO mas o mercado já precisava da obra há muito mais tempo porque o livro teve uma edição em Moçambique, traduções fora do pais e reeditado em Portugal mas já não o tínhamos no nosso mercado onde somos silenciados pelas circunstâncias, disse Cassamo.
‘Para um autor com três obras todas elas esgotadas no mercado, portanto se fosse pela lei do mercado um livro que vende tinha que ser continuamente reeditado e só Passado muitos anos é que estamos a ter a reedição, e são obras que vendem. Nem todos os artistas em particular escritores tem esse talento essa capacidade de correr atrás dos patrocínios’.
Relativamente ao investimento na área cultural, o e escritor reconhece o fraco Investimento no país preferindo adjectivar o panorama actual de alienatório, caótico em que se encontra.
‘O fenómeno literário e de certo modo alienatório, caótico na forma como acontece porque não há uma gestão regrada, integrada do acontecimento cultural um pouco por toda a parte. Elas vão acontecendo desta forma mas compete as forcas do próprio mercado aos próprios editores que se prezam olhar para as que são viáveis e tirar proveito delas, os escritores escrevem, os editores editam e os livreiros vendem’.
‘Não diria que o estágio cultural no país seja caótico porque temos instituições culturais, há coisas que acontecem dentro de um política cultural mas as instituições estatais. Também o fenómeno cultural é espontâneo mas a meu ver devia haver alguma atenção para aquilo que são os nossos produtos com algum valor, aquilo que são as obras que tem no público alguma aceitação para que estas revivam a exemplo de ‘Nós matamos o cão tinhoso’ do escritor Luís Bernardo Howana. É imperdoável que uma obra como esta não esteja presente nas nossas livrarias, bancas’!
É difícil fazer o estágio de juízo cultural. Não é bom mas também não isto porque vão surgindo novos autores, novas obras assim como o próprio movimento e é preciso olhar de forma sistemática para aquilo que vai acontecendo.
‘ O burro, com os olhos húmidos, abanou o rabo, emocionado. Era como se revivesse um duro passado que agora chegava ao fim. Mas toda a sua vida seria árdua. Ele aceitaria esse futuro, se pudesse advinha-lo, com naturalidade. Fora sempre essa sorte do burro. O zurro apenas marca o dia, assim o burro passaria de burro de carga a burro de charrua.

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