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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

LADY SMITH BLACK MAMBAZO



Estacios Valoi
23/12/09

LSB

Mas no poderia deixar de ouvir LSB ‘on or off the record’ mais a fundo e eis a conversa
Este CD Llembe, novo álbum dos (LSB) vencedor do Grammy Award na categoria de música tradicional mundial foi produzido em homenagem ao guerreiro africano Shaka Zulu que construiu uma nação.
Mas como é de praxe quem são os LSB e o que dançam nesta longa história da vida que melhor do que eu só eles podem contar, cantar ou dançar numa

Musica tradicional cantada que é designada por Isicathamiya e teve as suas origens nas minas da região sul do pais do Rand, fase em que trabalhadores ‘negros’ eram levados das suas casas que e em linhas férrea iam ate alcançar as profundezas da terra, longe das suas famílias. Em condições habitacionais péssimas e mal pagos e constantemente após uma jornada semanal de trabalho iam se divertindo a altas horas de Domingo, cantando, dançando.

Esta dança também conhecida por ‘Cothoza Mfana’ em referência a coreografia desenhada que a ‘socapa’ ia rasgando solo assim como para não perturbarem os seguranças do campo. De ‘socapa’ começou, mas a sociedade, a competição elevou-a a outros patamares ate ao estágio em que passa a fazer parte do cardápio da sociedade. Na altura, nas minas os vencedores eram atribuídos cabritos pelo esforço feito e tinham a adoração dos seus a adeptos. Ate hoje este tipo de competição vem sendo realizada em salas das assembleias das igrejas do YMCA baseadas em torno da Zululândia na África do Sul.
Líder, fundador, compositor a caminho da reforma nestas coisas de cantar. Com a nova liderança do LSB por sinal seu Filho Mazibuko Shabalala qual é a sua visão futurista do grupo?
Joseph Shabalala (LSB) - Estes jovens tem uma voz formidável e decide que chegou a fase de dar espaço a um elemento novo na liderança do grupo, uma outra pessoa mais jovem de forma que esta pode liderar me porque faz tempo que tenho sido o professor, e de acordo com a nossa cultura vamos partilhar, é preciso partilhar com alguém. Comparando comigo não é exactamente um jovem novo mas é o único que sabe tudo sobre LSB.
Estes longos anos de estrada, palcos, de vida representando a cultura tradicional da África do Sul, emissários pelo mundo foram mundo. Foram tantas as participações em que estiveram presentes a exemplo do convite do antigo estagiário Nelson Mandela para cantarem na cerimonia de entrega do premio Nobel em Oslo na Noruega em 1993, em 1994 na inauguração da presidência de Mandela actuar para o falecido Papa João Paulo II, em olimpíadas e por este mundo fora. Que estagio pensas terem alcançado?

JS - Penso em todas as pessoas que fui encontrando ao longo destes anos da América do Norte, Europa, Ásia, Austrália. Presidentes, signatários, artistas de cinema e a rainha da Inglaterra. É de facto um sonho para um Zulu sul-africano sonhar’.
Temos feito muitas e mais coisas, contudo não estávamos a espera de alcançar esta dimensão, apenas cantávamos para o nosso povo estar satisfeito, ter poder, ser forte, porque a minha mente dizia me algo, que esta musica vai unir o meu povo e trazer poder para eles.
Que me lembre LSB vem a Moçambique pela segunda vez. Em que se traduz esta viagem?
JS- Segunda vez! Pensei que já tivesse cá estado por varias vezes, mas é maravilhoso estar aqui, este Pais é bonito incluindo as pessoas com as quais muitas delas juntos estivemos em clainmont, são pessoas muito boas e lembram se que nasceram e cresceram aqui mas pertencem ao outro lado.
Qual é o actual estagio cultural em África?
JS- Existem varia culturas, diferentes e nós tentamos elevar a nossa, não apenas o Hathambia mas também existem outras coisas diferentes como a dança Zulu, a Khosa. Há muitas coisas que as pessoas tentam apresentar para as outras mas estes homens jovens foram pacientes ouvindo, aprendendo com uma rapidez que ate recordo me num dos episódios como diziam os outros membros ‘ontem disseste isto, temos que prosseguir com esta ideia’ e eu dizia há, esta certo vamos mexer com isto, primeiro faço isto e depois vocês retrocedem com aquilo. Quanto a forma de desenvolver a cultura, nós não sabia que a cultura é importante, nem que fosse uma única pessoa, os indianos, diz é bom, é bom, existe harmonia.
‘Com o lançamento do Llembe homenagem se a um ícone da historia, não apenas Shaka Zulu mas o senso da perseverança e criatividade com a qual inspirou gerações descendentes’. Era de entre muitas coisas um guerreiro, diplomata, visionário, atleta, cantor, dançarino, que podia falar das diferenças de forma civilizada, mas também muito orgulhoso. Se dissesses, ‘ não vou cooperar, então ele dizia, ‘esta bem, vamos ver quem é o boss’.
Esta ‘perda de valores’, a corrida as coisas simples de forma fácil qual é o seu ponto de vista recorrendo as palavras acima transcritas a tempos por ti mencionadas para descrever Shaka?
JS-A forma de nos lembrarmos ou de nos esquecermos das coisas, vem dos nossos progenitores, mãe, avos e dos nossos irmãos porque eles olham para ti e descobrem que os teus olhos, o tom voz, a forma de falar como se quisesses lutar a prior apelavam para te acalmasses, é ai onde a musica do LSB entra, nas veias e através do sangue embala te em prol mudança, para que te tornes uma pessoa de verdade e não para te aborreceres porque alguém te esta a dizer algo.
LSB e a sua combinação de atributos e sua ressonância na sociedade contemporânea, não ‘somente para os sul-africanos mas também para o Mundo em geral
Nos vossos álbuns Shaka Zulu para não dizer a palavra Zulu sempre fez e continua fazendo parte nas suas várias dimensões porque?

JS- Shaka revelou se como a figura que deu começo a um espírito de luta indominável dos Zulus, o mesmo espírito que permitiu a perseverança contra o combate a dominação do nosso país por cerca de duas décadas de apartheid, por isso venha e oiça o som da historia Zulu e engrene no espírito do Llembe o mais recente CD com faixas como, ‘pessoa e pessoa ou ‘O Mmu Beno Mmu (“Somebody and somebody”), o que significa que o grupo canta harmonizando a união do povo em prol do bem-estar e na faixa “Kuyafundw’ Osizini” (“aprender dos obstáculos”) enfatizamos a necessidade de enfrentar os obstáculos, erguermo-nos e principalmente aprender com a experiencia do passado.
A outra ‘Vamos fazer isto’ (Let’s Do It) mas com o conhecimento das podridões, o lado sujo do processo político, encorajar as pessoas para se levantarem desta mediocridade como forma de alcançar as boas coisas, e mais ainda a outra faixa “olhos ciumentos’ ou Umon Usuk Esweni’ (“Jealous Eyes”) onde apelamos sobre o perigo do ciúme, quando vês algo que queres, tenha certeza que a queres para o bom uso, correcto porque as coisas podem ser bonitas e fascinantes mas não boas para ti. Em casa fomos ensinados a não chorar, perguntes ou diga algo a mama ao pai, por favor de me isto, não fazemos porque queremos ou adorámos, continuamos a fazer e esta errado.
Desde que Shaka foi rei dos Zulus, varias são as gerações que vieram e passaram mas continuam existindo muitos corações e mentes por conquistar, para que balancem as suas convicções espirituais com as suas raízes culturais. Tentamos lembrar as pessoas sobre a importância dos feitos deste homem que surgiram com o propósito de levar as pessoas de volta as suas raízes culturais’ Venha e oiça o som da história Zulu ou Llembe

Qual foi a sua melhor ou pior fase uma vez que em pouco tempo vais parar de cantar?
JS- Os bons tempos, foi quando o nosso povo disse nos que a nossa musica vai directamente para as suas veias, mudando sua mentalidade, forma de pensar, faz os sorrir e a péssima foi durante aquela época, muitos anos passados em que fomos oprimidos mas hoje somos livres.
Como é a vossa musica é vista pelos moçambicanos?
JS- Adoro-os, quero os ver felizes, porque a minha musica é para fazer as pessoas felizes, dar resposta a qualquer pergunta caso esta exista algures e nesta musica existe uma resposta que penetra nas veias e guia te de forma positiva. Penso que as pessoas de Moçambique estariam sentadas a conversar, a cantar a debater e fazer coisas boas, é esta a minha esperança.
Mazibuko Shabalala- fazes ideia do peso que carregas nos teus ombros como novo líder dos grupo e quanto tempo pensar em continuar a liderar?
Aprendi das pessoas, o que temos e algo que gostamos e trás na paz, penso que tenho uns trinta anos pela frente, talvez reforme quando tiver noventa ou 100anos. Os jovens dão na mais energia e quando dançam lembram-nos a nossa fase da juventude e dá-nos mais espírito para actuarmos e por isso vamos continuar por muitos anos.

A VAIDADE DO BONGA EM FRENTE AO ESPELHO


Dois dias de concerto Bonga
Estacios Valoi Foto:Ismael Miquidade
30/09/09
Exclusivo
A chegada do Bonga ao aeroporto internacional de Maputo foi marcada por umas chamussas como se a organização já soubesse que estas fazem parte do cardápio do músico africano proeminente.
Não fossem as chamussas, não teria conversado com o músico por alguns minutos, poucos mas muitos para um Bonga que aparentemente não estava ali para muitas palavras optando pelo próximo encontro.
Estavam boas que não fiquei a margem, afinal tinha que acompanhar a pedalada do musico enquanto mais uma ou duas palavras iam saindo de ambos os sentidos.
Bonga que de vez em quando o prazer de saborear as chamussas moçambicanas. Estão bem feitas, não?
Bonga - Claro que estão boas! Normalmente gosto de chamussas mas não perguntes só a mim também aos outros que aqui se encontram, se não sou suspeito.
Desde da ultima vez que estiveste aqui em Moçambique o que achas que mudou?
Bonga - Eu ainda não cheguei, agora estou chegando, mais tarde depois de ver as coisas ‘In loco’ digo te o que mudou.
Ainda não chegaste. Melhor estas chegando. Como é que vais chegar a Moçambique?
Bonga - Vou chegar com a cumplicidade do Julinho Sitoi ‘ Big brother entretenimento’, ele é que me trouxe aqui e vai ter que mostrar como é que é, e como é que não é. De qualquer das formas quando a gente vem a Moçambique sempre tem a vontade de estar aqui reviver e viver coisas de um passado recente e desta vez na companhia do meu compadre Costa Neto e com a participação especial do Juvenal Cabral. Depois a gente fala o resto.
Actuar com Hortêncio Langa, João Cabaço e Arão Litsuri. Que sabes destas três figuras do panorama cultural moçambicano?
Bonga - Primeiro é que são todos cantores daqui e que ficamos unidos por serem a representação viva sócio cultural e musical e isso é muito importante, são conservadores que finalmente alimentam e dão grande cunho a grande personalidade da musica desta terra, que através dos grandes canais da Europa acompanhamos o seu percurso quando nos é facultado onde são os próprios moçambicanos a assumir a propagação da sua musica e coreografia das meninas que estão a dançar a serio. E muito bom estar em palco com este ‘leque’ de músicos. Faço dos meus espectáculos uma festa.
Coisas de um passado recente o que seriam para si?
Bonga - Há, no fala mais, no fica bem!
Então, ainda estas ‘numa viagem nostálgica’ pelo sabor das chamussas de Moçambique não?
Bonga - Ho, Não só as chamussas! A matapa, o arroz de coco, aquele camarão gigante. Hum. Depois se vera
Fico a tua espera para a próxima conversa mas antes, uma questão simples. Você é uma daquelas figuras proeminente na arena cultural musical em África, principalmente nos galopes, e sempre com algo na ponta da língua não apenas na vertente musical mas também com um olhar para o estágio do continente.
Mas antes da próxima que te vem em mente sobre o estágio cultural, politico nos no continente ou PALOP? Que e mudou?
Bonga - Vou me manifestar consoante o desenrolar da situação durante a minha estadia, aquilo que for constatando e como na poderia deixar de ser, a minha vivencia, aperceber me das coisas daqui e de outros quadrantes, o que é feito além fronteiras e porque é que eu continuo sendo artista e o que isto me proporciona. Mas da me gozo, prazer de continuar a se – lo.
A primeira vez que cantei na Franca foi com Charlas Navura no Samplier, foi ai que começaram a descriminar me dizendo ‘agora senhoras e senhores temos aqui um africano animador que vai fazer uma animaçãozinha enquanto o nosso artista Charlas Navura se prepara para subir ao palco!
Eu como falo francês corrente tive que lhes dizer que mandava a medra pessoas com aquele tipo de atitude e comportamento baixo e que me considerava um artista igual ao charlas Navura e ao Ray Charles, Bob Dilan e igual a qualquer um.
A França, Paris danos uma grande oportunidade maior para desenvolvermos a nossa musica africana e titulo de exemplo temos pessoas como a falecida Miriam Makeba, Salife keita, Mano Dubango, Cesária Évora ….
Nessa noite cantei com esta voz rouca que minha mãe me deu, que vocês conhecem que eu mesmo desconhecia a sua existência e a partir dai o artista começou a despontar. Quando Charlas Navura entra no palco disse ‘ eu gostaria de pedir a este público francês para mais uma vez se levantar e aplaudir a este magnifico artista que acabamos de ver.
Que prazer ou gozo esta continuidade artística te da?
Bonga - Não imaginas! Da me tremendo gozo. O mais triste é ser artista na terra dos outros e não nos nossos países de origem, na nossa terra quando se deveria desenvolver mais a tradição a arte que é nossa, de forma a impor esta ‘bagagem enorme’ nos nossos países de origem e alem fronteiras.
Afirmação da minha personalidade, sou um indivíduo que usa da frontalidade e antes usei isto em casa quando me quiseram impor a religião, a cultura do colono atitudes que não tem nada a ver comigo ou com o meu avo, bisavó, a tradição da minha terra e quando me impuseram um comportamento estrangeiro e depois disseram nos que não éramos artistas mas animadores de programas, produto exótico.

Que elementos seriam necessários para que este propósito seja alcançado nos nossos Países de origem como um dado adquirido?
Bonga - Apenas determinação, firmeza e atitude, isto é que nos define, e, falta um pouco disto. Claro que compreendemos a existência de outras prioridades numa sociedade, mas nós como músicos temos que zelar por aquilo que nos diz respeito directamente, que é arte que a nós sabemos fazer a qual representa todo o historial de um povo. Mas aí há muito pano para manga.
Hoje tenho consciência de ter participado num grande movimento de afirmação e hoje já sou o artista de facto o compositor e interprete e muitas das vezes temos algum problema a falar assim na nossa terra de origem pelo estado em que a cultura é um parente pobre da politica ‘doente ‘. Os artistas não são valorizados como deveriam ser. Eu continuo um combate directo a tudo que considero nocivo é um homem de intervenção.
Sendo a cultura um veiculo que ilustra uma sociedade e pouco se faz em prol desta. Como ‘fintar’ essas barreiras todas?
Bonga - Não seria o artista que sou hoje se não primasse por estes aspectos anteriormente mencionados. Torna se necessário levar as coisas que os outros fizeram num passado recente mas que não conseguiram ter sucesso por não terem insistido, chegaram no meio do caminho afogaram as mãos. Um cortou para a direita, o outro para a esquerda e o outro afundou. Regra geral, sempre se afunda pela ausência de colaboração daqueles que não gostam de nós.
O mais importante é termos uma personalidade nossa da terra, refiro me a identidade própria, isso é bom é lindo, afinal isso é que nos define. Mas também os aparelhos que entram em nossas casas como a televisão, jornais revistas que nos ‘bombardeiam ‘, abusam e falam dos lucros das missis em passareis, da música dos outros, etc.
Então e a nossa musica onde é que a situamos! Insisto em continuar nessa via m musical porque é a que me artista onde hoje sou considerado e respeitado por esse mundo todo particularmente na minha terra de origem e quando estou em Moçambique a solidariedade toda de vocês que são meus irmãos. Contudo venho para aqui de vez em quaaando, etc.
A te que ponto vai a tua vaidade?
Bonga - A vaidade é quando estou diante do espelho ter que pentear, bem o cabelo, ter que aparar bem a barba, calca vincada, camisa bem engomada.
Nós temos que nos impor. Os políticos também têm esse problema de se impor complexo de inferioridade. Pensam que lhes vão chamar de vaidosos ou arrogantes ‘andam a engolir muitos sapos’ é preciso ‘acordar e dizer ‘isto é meu, é minha cultura.
Continuo a ser um homem de intervenção e dizer aos mais novos para continuarem a fazer a sua música sem vergonha ou medo não sermos inferiores aos homens do R&b, Rocks, da música brasileira com a qual somos todos os dias bombardeados a partir da Tv. Ate os africanos compram os discos em detrimento dos nossos.
Lembro me do grande concerto da minha vida em Portugal na Foz do Barreto onde estiveram cerca de 15 mil espectadores, cujo governo Português filmou tudo para dizer ‘ vejam o futuro multicolor da lusofonia ‘, os políticos são uns grandes oportunistas! (risos)
Que esperar dos dois concertos em Maputo?
Bonga - O feitiço que o feitiço que como dizes na tua ciência quando estas a cantar e dançar com a musica quente de Angola e se vais fazer essa multidão sentir todo o calor?
Em Moçambique também há feitiço, há uma grande cumplicidade entre nos é um problema muito grande. Nós os africanos nos relacionamos com europeus, principalmente com os descendentes que nos colonizaram, nos ficamos com receio de afirmar aquilo que são os nossos desejos e o que pretendemos.
Vai ser uma coisa fantástica porque já fomos marcados por espectáculos que fazia a Aurélio dos Libombo, foram bonitos ate que teve a presença da Graça Machel no palco trazendo as flores que Samora Machel tinha me enviado, actuei com a Alcione que esteve em Moçambique e incendiou o Maxaquene.
Já agora perguntar aos moçambicanos porque não dar continuidade a este processo de interacção, pode não ser só comigo há tanta gente a cantar mas que infelizmente só fazem ‘Kuduro’, os moçambicanos também tem que ir a Angola. Os Angolanos tem capacidade de se abrir e isso vai ser importante para o nosso relacionamento e penso que os aviões deviam ir mais vezes para Angola. Porque e que tenho que passar antes por Joanesburgo para vir a Maputo! Os moçambicanos também devem ir para Angola levar a Marrabenta, a verdadeira tradição.
No fim dos dois concertos foi aquilo que o Bonga e os outros músicos anteriormente prometeram. O espaço do coconut assim como do 'big brother' estiveram abarrotados de fans, curiosos e outros que pela primeira vez viram Bonga tocar. As dançarinas que pouco deixaram seus créditos em mãos alheias souberam estar levando as pessoas ao delírio com a sua coreografia bem montada e executada.
Foram grandes concertos, maravilhosos pela selecção magnífica dos músicos. Estávamos em palco para um grande dialogo que não poderia ser individual onde também pautou pela espontaneidade sem ‘limites’ ao não ser no fim dos concertos quando o publico pedia mais uma ate ao ponto em que já não se podia dar.
No fim do concerto o Bonga perguntava. Vocês têm aqui um homem do saco?
A estrutura hierárquica do patacóncio esta feita de muitos ‘sacos’. No entretenimento lembrei me
Do Renato ‘Boa Musica Produções’ ter trazido a cantora brasileira Adriana Calcanhoto e do imbróglio do engatado a clássico não fosse o ‘cota’ Marcelino dos Santos a ‘persegui - lo’ para ver se recuperava a ‘mola’ do bilhete para o suposto concerto da Gal Costa no Pavilhão do estrela Vermelha em Maputo e recentemente do tanto esperado concerto do musico brasileiro Gabriel pensador que no fim nem de binóculos o publico moçambicano viu ‘o pensador ‘ pensar na ‘Pérola do Indico, em mais uma ‘finta’ da boa musica produções com Renato no comando
Que mais perguntaria ao Bonga no momento que já não estava disposto a brincar a perguntar pergunta e resposta deixando para mais tarde! Só me restava o promotor do evento.
Mas antes ‘passear’ mais uma vez pelas peripécias que marcaram alguns concertos como o da Gal Costa, não fosse o ‘cota ‘Marcelino dos Santos a ‘caçar’ o homem do ‘saco’ que desapareceu com a mola dos bilhetes e a posterior o prometido concerto do Gabriel O Pensador que não sei dizer se todos tiveram o seu dinheiro de volta ou não, porque o concerto já era antes de ser!
Não é a primeira vez que trazes o Bonga a Moçambique. Qual é o teu segredo nesta área de entretenimento e trazeres pessoas como o Bonga?
Julinho ‘big brother - Não existe segredo nenhum, as pessoas devem pautar pela responsabilidade, fazer as coisas com antecedência. Relativamente ao Bonga que veio a Maputo a convite do ‘big brother entretenimento, dizer que é sempre uma alegria ter uma figura deste gabarito por sinal uma referencia no panorama cultural africano, o qual veio no contexto da comemoração deste grande dia que é o das forcas armadas de Moçambique. Vai ser um momento a não perder.
Quais os requisitos para apostar ou estar nesta área de entretenimento e segundo a sua experiencia podes dar algumas aulas?
Vou dar alguns caminhos que são fazer as coisas com tempo ser honesto com cantor e tentar explicar tudo o que o cantor vem fazer aqui, combinar os ‘caches ‘ e fazer o pagamento, essa é a parte essencial. Se a pessoa for honesta e fazer as coisas com transparência.o artista e/ou os cantores sempre vem. Mas quando existe uma falha na tramitação deste processo que mencionei praticamente as coisas saiem tortas.
Alem de estares de ‘olho aberto’ ao mercado nacional também estas focalizado na arena internacional e quando não há dinheiro suficiente solicitas apoio do outro lado. Como é que é fazer cultura num pais em que se pouco investe nesta área?
Para a cultura progrida num país torna se necessário o envolvimento de todos nós, empresários, empresas, a sociedade, o governo que é sua obrigação de contribuir porque a cultura é a identidade de qualquer povo e se nós queremos ser reconhecidos por outros povos a nível mundial, temos que cria a nossa cultura apoiando-a a para podermos caminhar alem fronteiras e mostrar o que temos o que nós somos.
A quem diga que trazes mais musica Angola, Cabo verdiana. Qual é a sua percepção?
A música Angolana é africana, somos todos africanos e sem querer tirar mérito aos moçambicanos que também são bons, dizer que os angolanos têm boa musica e tento unir os moçambicanos aos angolanos aos cabo verdianos e outros de modo a fazer este intercâmbio que é muito importante e que vai contribuir para a nossa cultura.
Quanto é que vai custar o concerto do bonga durante estes dois dias?
O concerto vai custar acima de 20 mil dólares,.. não têm um valor exacto no qual conto com o patrocínio de algumas empresas como a algumas mCel, as Linhas Aérias de Moçambique (LAM), Executivo 200, Matola gás terminal, Redecar, Classic, são várias. Para que se faca um concerto é preciso um bocadinho aqui e acolá, juntar para fazer uma coisa bonita como esta.
Trazer em palco com o Bonga músicos moçambicanos como Hortêncio Langa, Arão Litsuri e João Cabaço. Desta vez procuramos trazer uma linha dos ‘ cotas’.

O PREMIO



O premio
Fotos e texto: Estacios Valoi
23/12/09
Foi fim-de-semana ultimo realizada a terceira edição do premio literário José Craverinha na Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO) na Capital Moçambicana Maputo.
A esteira do primeiro premio Craverinha atribuído pela Editora Djira em 2003, este ano coube ao escritor Moçambicano Aldino Muianga, com teve a honra de receber para alem do certificado, a estatueta, também levou para o bolso um cheque no valor de 25 mil dólares.
O premio que nesta edição resulta de uma parceria entre a Hidroeléctrica de Cahora Bassa e a Associação tem com propósito segundo o representante da Hidroeléctrica Manuel Tome que na ocasião teceu algumas considerações relativamente ao desenvolvimento cultural moçambicano, neste âmbito virado para a literatura ’levar a cultura a outros patamares maiores’ mas que para tal efeito se concretize não deixou de apelar a participação de outras empresas, instituições quer nacionais ou estrangeiras.
Manuel Tome disse ainda que em certeza da vitalidade da cultura nacional a Cahora Bassa no âmbito da sua responsabilidade social em parceria com a Aemo cultural literário porque todos estes elementos entram no processo de desenvolvimento da cultura no País, ‘reconhecendo a forca muito grande e muito mais perene que a economia sendo este um substrato de um povo, que identifica uma nação, o premio põe a prova a nossa escrita, mas também um estímulo fazendo com que a literatura cresça.
Diferentemente faz duas primeiras edições, de hoje em diante a atribuição do premio José Craverinha passa a ser bienal.
‘o Júri por ter escolhido a obra ‘Contra Venção’ pela sua qualidade, a identidade do Dr. Muianga como moçambicano exposta no livro, onde vive os problemas locais dentro de si’.
Diz se que por de trás de um homem existe sempre uma grande mulher, para não falar das curandeiras do Ungulani, como de praxe Muianga não deixou de lado a sua esposa Carol que não é só sua ‘medica privada mas também conselheira que o pôs a fazer um exercício vocal, cantando para que no momento exacto como aconteceu estivesse apto a se dirigir as pessoas que ocorreram a aquele espaço literário cultural para juntamente com o escriba cunhar o premio.
‘Carol a vitima mais próxima das minhas fantasias literárias de quem tenho encorajamento nesta carreira de escritor. Cada história, é uma partitura executada por duas mãos, uma delas é a minha e a outra a dela’.
Para o autor do Romance ‘ Contra Venção’ foi um grande privilégio ser atribuído um premio desta dimensão, algo que o encontrou de surpresas, mas que acima de tudo também é encorajador no para o seu percurso literário, o qual aceita com toda a humildade.
‘O premio não é apenas um reconhecimento a dedicação do escritor mas também um conforto ao público que acolheu uma obra que pretende ser a afirmação de uma toda identidade, histórico e cultural, a identidade do nosso ser moçambicano como modesta contribuição a nossa literatura ‘.
‘Juiz de mim mesmo, quando a concebi pretendia que a obra fosse uma narrativa retrospectiva, reflexão sobre o meu, nosso ser passado histórico, muito longe estava eu de imaginar que merecesse a atenção que mereceu’.
‘Escrevia com lágrimas na ponta da minha caneta, porque de lágrimas muitas vezes se faz a nossa língua e achei que para secar deveria rir me de mim próprio. ‘Contra Vençào’ é o sorriso amargo quando mascaramos a face para ocultarmos o pranto que a alma verte. Como cidadão deste País pretendi que fosse o registo dos meus conflitos emocionais, das perplexidades sociais e das dúvidas sobre o nosso futuro como pais e como nação’.
Do livro, o trecho escolhido pela AEMO para a ocasião ilustra a profundidade da viagem de Aldino Muianga ao encontro dos problemas picantes da sociedade moçambicana os quais vai os sacudindo com um dedo acusador.
‘ Como são todos os encontros e conhecimentos que decidem fatalmente sobre os nossos destinos, o meio provinciano para onde fora desterrado naquela minúscula cidade nortenha de Lichinga, obrigava as pessoas a relacionarem se, a partilhar dos gramas uns dos outros, imiscuírem se voluntariamente nas vidas umas das outras. É nos estreitos limites de uma sociedade que aqueles pequenos conflitos domésticos rebentam, agitam se como grandes escândalos, crescem, passam de boca em boca para alimentar conversas nos cafés, das mesas de jantar mesmo nas intimidades da cama.
Longe do reboliço das grandes cidades, ostracizados e marginalizados por improdutivos causadores de inércia com que marcham os interesses da nação, pensas que imperam o progresso da economia! Somos uma massa de habitantes que constitui uma parte considerável da população da província ‘.
Para albino Muianga esta obra diferente não tanto das outras mas porque de trás existe algo diferente como ele afirma, talvez o 'arroz', foi a escrita com muita abertura, a linguagem posta é uma camuflagem, metáfora sobre a realidade crua que acontece neste País. Anteriormente nunca foi publicada uma obra minha semelhante, o tratamento utilizado na narração de uma história uma pouco dura, real de mais, que teve os seus primeiros rabiscos em 1992 com o seu término completo em 2002 depois de ter sido engavetado ate a sua recente publicação.
‘Tinha um certo receio em publicar na altura, não sabia se ia dar certo ou mal, o modo como seria interpretada. Certos receios em certas partem da nossa sociedade.
‘Não diria que esta é a minha obra bem conseguida, talvez pelo impacto do premio, muitas obras interessantes que escrevi e mereceram acolhimento do publico, não tenho obra preferida, são todos meus filhos, são obras que no conjunto fazem de facto a minha obra’.

CANTOU DANCOU E ENCANTOU



CANTOU DANÇOU E ENCANTOU
Fotos e texto: Estacios Valoi
23/12/09
Glamor, alegria marcaram o mais esperado concerto da cantora Sul Africana ‘Lira ou Lerato Malopo durante o ultimo fim-de-semana no 'Big Brother' na cidade de Maputo-Mocambique.
Os músicos moçambicanos convidados para o evento não ficaram de mãos a abanar porque de facto mostraram o seu real potencial, isto, e a Jenny que esteve acompanhada da sua banda e dançarinos, para alem de que ela também abana bem o capacete ou o corpo a cada minuto que ia passando ia tornando o momento ou momentos da festa mais apetecível numa actuação impar em que a qualidade de som esta boa desde o principio ate ao fim.
Mas não foi só a Jenny quem não deixou seus créditos em mãos alheias, também o músico moçambicano que passou pelo grupo moçambicano, espiritual, gospel e jazz Madjescoral, Seth Suaze apareceu com uma banda recentemente criada, interpretando músicas da sua autoria e para receber a visitante entrou a rasgar um tema do jazzista sul-africano Jonatthan Battler em jeito.
Mas ai é que se enganou porque para além de uma boa interpretação, na hora de deixar o palco o publico pedia mais uma ‘bis’. Em palco a outra estrela da banda do Set Swazi que durante o seu ‘tempo de antena’, soube estar foi a sua dançarina que a mistura do balet clássico. Melhor chamemos dança contemporânea, cruzava o palco electrizando a plateia com movimentos digamos 'que me partiam os ossos’
Mais eis a dona do palco ‘Lira’que desde os 16 anos de idade quando embarca na arena musical desde o R&B, Afro-Jazz a mistura do pop, bossa, actuou extensivamente para o público maputense em número maior relativamente a sua primeira vez em Maputo onde muitos não puderam presenciar devido a disponibilidade em termos de área que se traduziu pequena.
Nesta segunda volta a coisa foi diferente, num palco espaçoso onde todos os movimentos que a cantora ia fazendo dentro daquele traje a moda sul-africano parecia estar a pousar para uma sessão de fotos.
A naturalidade com que ia sincronizando seus movimentos, associados a aquela voz da sereia que do fundo da sua alma ia brotando ate ao estrondo, agitando, electrizando por vezes levando as pessoas a meditação, uma viagem transcendental em que todos foram actores, mas que a cantora cumpriu com o prometido.
(Feel good) 'sinta te bem’, soul and Mind, ‘mente e alma' fizeram a delicia do publico que surpreendeu a cantora, cantando com ela todas as canções do reportório escolhido para aquela noite.
Não foi um passo de dança mas muitos em plena interacção mútua. Enquanto trespassava o palco ao seu belo prazer, o seu dote artístico naquilo que é dançar ao estilo da sua terra, Lira não deixou de aprender um pouco daquilo que se dança aqui deste lado nas terras de Maputo. Alguns foram os convidados que ela levou ao palco, o primeiro o Frederico Jamisse que disse a lira que também sabe dançar algo do tradicional sul-africano, isto para não falar do Sérgio Faife que era o mestre de cerimonias quando de repente o publico indicou a cantora ‘ali em, ali em cima’. Faife sentado e sem saber o que o esperava, num abrir e fechar de olhos viu se no palco a dançar.
Mais o ponto mais alto da dança foi quando uma espectadora convidada para o palco, com a Lira dançaram que dançaram, tendo forcado a cantora a ficar de pés nus perdendo os saltos que trazia para o outro lado do palco. Mesmo assim não pode ‘aguentar’ com os passos da moçambicana a qual peco a perdão por não me lembrar do nome mas que danças sim, para além das boas pernas que tens.
Neste concerto estiveram na banda da Lira os músicos: Nothende Madumo (voz), Victor Mngomesulu (piano), Grant Tregellas (guitarra), Tsepo Sekele (baixo) e Josh Zachias (bateria).
Contudo houve um ligeiro atraso no inicio do concerto, mas que não houveram tantas reclamações do tipo anormal de algo que para alguns se tornou normal e de um episodio ‘ coisas do amor’ de um casal de ‘gays’ a principio todo ele romantizado ate que um dos parceiros engraçou se por uma rapariga dando espaço a uma ciumera louca por parte de um dos parceiros, contudo não teve repercussões desastrosa não fosse a segurança do local a separa-los e a por do lado de fora um deles antes que a situação fervilhasse, tudo decorreu dentro da normalidade. Como dizia a Lira ‘sinta te bem' (Feel Good), lá se foi o concerto depois dos CDS e DVD a venda pelo preço de 500, 550 meticais terem esgotado a primeira, bicha que se fez, felizmente não estava lá nenhum candongueiro para que se aproveita da situação e elevar o preço como acontece nos mercados nesta fase de festa em Moçambique.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

LIRA GLAMOR DA MULHER NEGRA


Lira o glamor da mulher negra
Estacios Valoi
15/12/09
A cantora sul-africana Lira actua na capital Moçambicana Maputo no dia 18 de Dezembro no espaço Big Brother
Lerato Molopo ou Lira, nascida em Davetown, começa a palmilhar os palcos aos 16 de idade confirmando os seus dotes musicais cantando versões e músicas da sua própria autoria viradas para o R&B, Jazz e outros ritmos. O seu segundo álbum arrecadou cinco nomeações no Grammy Awards sul-africano nas categorias de como melhor artista revelação, melhor artista feminina, melhor álbum R&B, a solo e o vídeo cujo álbum fora lançado em 2007 na Itália.
Do Cape Town Internacional Jazz festival a outros eventos, poucos não são os seguidores que Lira vem atraindo que de entre outros sonhos mais um concretiza se domingo próximo com o seu casamento ‘casar com o homem que amo’ isto depois da gravação do seu primeiro DVD ao vivo
No momento com três álbuns publicados, nas suas músicas enquanto canta vai ‘conversando com os seus antepassados ‘carimbando a sua afirmação com temas como ‘after hours’ ‘ Wa Mpaleha’ mais ainda com o seu mais recente trabalho intitulado ‘alma e mente’ (Mind and soul), não deixando também de seduzir o público com outros como ‘coração de uma criança (Heart of a child).
Pela segunda vez em Maputo, vegetariana não ira pelo camarão do meu amigo Chico António preferindo permanecer leal aos seus pratos que com os fans vai partilha.
O glamor dessa mulher vegetariana, a cantora, a forma de vida. Como é que poderias descrever te?
Sou uma pessoa simples em muitas formas, é o aspecto íntimo que me faz alegre e adoro continuar sendo mulher, gosto de todas as coisas femininas e encontro muita forca nas coisas que me tornam mulher, como ser emocional. Trago e guardo o meu coração nas minhas mangas e não tenho medo de expressar os meus sentimentos. As minhas músicas são carregadas da minha verdadeira essência, o que realmente sou o que não difere tanto da minha forma de estar, a minha filosofia de vida simples, viver a vida na sua completa plenitude e alegria, velar pelo planeta com muito cuidado e responsabilidade, ser boa para com as minhas companheiras, a mulher.
Segunda volta a Maputo. Que expectativa para a audiência?
Como sempre tento cantar todas as músicas favoritas. Desta vez trazemos as 6 pecas que compõem a banda, numa experiencia completa mais dinâmica e sempre esperamos que no fim do concerto as pessoas saiam com a sensação de terem vivido uma boa experiencia. Também trazemos o nosso novo CD ao vivo e um DVD intitulado ‘vivo em concerto: uma celebração ‘ que estarão disponíveis para os nossos fans e publico em geral.
A quanto tempo exactamente vens cantando, produzindo o seu trabalho
Foram anos de muito trabalho persistente, consistência até o actual estágio, na forma de escrita das minhas músicas e actuações. Gosto do que faço e provavelmente este gostar é o mais importante ingrediente nesta longa caminhada.
Mas quando é que este gosto, paixão ou esta luz vislumbra pela primeira e leva te ao mundo da Musica?
Estava na casa dos 16 anos quando comecei a cantar, com passar do tempo, aos 23 anos abandono definitivamente o meu trabalho e sigo a carreira musical e o meu primeiro álbum foi lançado em 2003, mas o meu melhor trabalho realmente começa em com o álbum ‘Sinta te bem’ (Feel Good) em 2006, e, espero crescer mais e mais depois de ter lançado o ‘‘mente e alma (Soul and Mind), o qual arrecadou o maior galardão alguma vez ganho por uma mulher no Garmmy Award de Musica da África do Sul. Actualmente o meu DVD’ Vivo em concerto (Live in a concert):’uma celebração’ que em três semanas atingiu uma venda de ouro e isto continua a aumentar de ponta a ponta.
De que fonte trazes a tua inspiração?
Trago da vida, do amor, dos filmes e da música.
Pela casa dos três álbuns. Quantos realmente são e o teu favorito?
Tenho um total de quarto álbuns e um DVD. Há sempre uma canção favorita na qual me concentro mas isto depende da minha disposição no momento. Agora estou adorando a canção, ‘crente’ (Believer)
Quais os membros que vão compor a banda e porque esta escolha?
Fazem parte da banda Tshepo na viola baixo e Victor Mngomexule no principal piano – Josh Zacheus é o melhor baterista no país (RSA), Mpumi Dlamini- piano, saxofone e canta, também super talentoso e todas as minha musicas escrevo-as com eles durante estes 8 anos que juntos trabalhamos e por ultimo tenho o Grant Tregellas na guitarra que trás para a banda um toque global adicional com a sua versatilidade, estes últimos com venho actuando a sensivelmente 3 anos.
Glamor da mulher negra. Alguns dizem que temos lideres fantoches. Qual é o teu ponto de vista relativamente ao contexto actual do continente africano embrulhado em muitos e vários problemas?
Em termos administrativos a África tem um longo percurso pela frente mas também é necessário mudar a concepção de nação a longa escala. Não podemos deixar que os líderes governem o continente ao seu belo prazer, o povo tem que ter a sua responsabilidade e isto vai levar seu tempo, talvez por muito mais gerações vindouras ate que alcancemos o ponto do auto sustentabilidade, e os poderem, deve primar pelo uso dessas oportunidades para fazer a diferença.
Quando estas no palco olhas para mim, qual é o foco?
Geralmente vivo o momento, deixo andar e ter bons momentos abrindo me para que as pessoas entrem em mim e com elas partilho um pouco daquilo que sou. Para mim sou sempre uma experiencia única. Gosto disto.
Neste mundo a palavra medo faz parte do teu dicionário?
O medo. Quiçá acaba antes de fazer tudo o quero. Penso que o medo é permanente mas com a forma como tratamos o planeta creio que para nós torna se desconfortável. Menos água, mais aquecimento, muito frio, demasiada chuva…etc.
Acima fazes menção as tuas fontes de inspiração. Qual foi o livro mais importante que ‘bebes te’ de lá a esta fase?
Conversas com deus, provavelmente mudou mais minha vida olhando para aquilo que foram anos passados, antes de 2003.
Por aqui alguns músicos andam a boleia dos partidos, Lucky Dube dizia ‘tu pertences ao partido político, eu pertenço ao partido da musica’. O teu sucesso. Apanhas-te o comboio do fortalecimento económico para a população negra (BEE) aí na África do Sul?
Aquilo é hilariante… Não. Tenho a minha própria missão e vou continuar perseguindo as minhas paixões. Na música não existe (BEE)
Dois dos teus objectives, lançamento do DVD ao vivo e o teu casamento alcançados. Porquê as coisas mais importantes?
A diferença é que estas são coisas que vinham sob meu controlo a bastante tempo, planejei e as executei como quis, ao meu estilo enquanto as outras não menos importantes que este ano consegui alcançar foram uma bênção! Este 2009 tenho muitas coisas por celebrar!
Foi o primeiro homem que encontras-te que realmente amas-te num ‘piscar de olhos?
Não sei como melhor responder a esta questão. Pergunta estranha! Foi o primeiro que encontrou os meus pais.
No concerto em Maputo, o que vais vestir?
Sempre vestimos roupa desenhada e feita na África do Sul

MULHER DO ASFALTO



MULHER DO ASFALTO FICOU NA CADEIA CENTRAL DE MAPUTO
Lucrécia palco a princesa
Texto e fotos: Estacios Valoi
16/12/09
2500 Reclusos de olhos postos nela numa apresentação realizada na cadeia central de Maputo em comemoração do 10 de Dezembro dia dos direitos humanos no âmbito do programa de ajuda cultural ‘palco aberto’ organizado pela Embaixada da Espanha em Moçambique e para este evento em único em colaboração com o teatro Avenida o ar livre foi o melhor espaço encontrado.
A actriz que nos habituo a vê-la em espaços fechados, lá tornou se aberta a dimensão do espaço reservado para o evento depois de muita trabalheira organizacional por parte dos membros da justiça no aspecto segurança.
Nesta aparição fez se ao palco trajada não do seu vestido preto de alças, sensual, e não dão vestido longo vermelho clássico com o qual apareceu na peca ‘mulher de Açúcar (Sugar Wife) mas sim dentro de umas calcas pretas, a blusa da mesma cor, um vermelho do sutiã que sobressaia do fundo enquanto ela ia deslizando naquele palco, envolvendo tudo e todos que ali estiveram, naquele momento impar para todos os que participaram, os aplausos que ecoavam das mãos dos reclusos eram de satisfação.
Segundo Lucrécia Paco a peca é composta por cinco fragmentos versando a história da mulher, da mulher que tem a carne espalhada em pedaços e não quer acredita que perdeu a vida que lhe foi tirada. É um retrato que se passou antes de ela encontra a morte nas mãos do seu cliente, cliente este que a matou…nesta peca que principalmente fala de uma prostituta.
‘ É gratificante apresentar este tipo de trabalho numa cadeia porque acima de tudo encontramos reclusos que cometeram vários tipos de crimes e aqui estamos a falar dos direitos que um ser humano tem, a vida. Seja uma prostituta, secretaria, estamos a falar da mulher no geral.
Enquanto a peca ia decorrendo em breves minuto delegado adjunto da embaixada da Espanha em Moçambique Alberto Cerezo Sobrino disse que o evento teve dois objectivos principais, a celebração do dia dos direitos humanos e um projecto muito importante do seu governo que é levar a cultura a todos os círculos de Moçambique.
Nos próximos dias teremos uma programação muito completa durante todo o ano e tentamos fazer uma apresentação cultural que esta presente em Maputo, não apenas dedicado aos direitos humanos mas estamos a tentar estudar a possibilidade de levar ao resto do País. Hoje é o principal dia, o prelúdio de um leque de 11 programas que compõem este projecto que a na sua dimensão vai sendo implementado em Moçambique e este ‘palco aberto’ é ‘o ponta pé de saída
‘A 5 anos que a Espanha coopera com o governo moçambicano, com o povo moçambicano e uma das partes da celebração importante é a cultura e por isso hoje quisemos trazer esta cultura a uma cadeia nacional como esta de Maputo para 2500 reclusos que tem direito a cultura mas também o direito humano e por isso esta iniciativa da embaixada da Espanha e da Lucrécia Paco de trazer a cultura a este espaço de Moçambique’.
Para acompanhar a Lucrécia estiveram em palco dois músicos que iam rasgando os vários instrumentos musicais, mas também desfilando pelo palco conforme a coreografia desenhada.
O grupo misto composto pelas mulheres detidas na cadeia feminina de Dlhavela e os homens da cadeia central de Maputo também estiveram em palco. O mesmo de acordo com Alfredo Arsénio Mahumane o responsável o seu grupo existe a grupo de dança da cadeia feminina e masculina 4 anos, sendo o mesmo polivalente onde se destacam as vertentes da dança, musica teatro e canto coral.
‘Os apoios que temos tido é das próprias instituições, a direcção da cadeia central e a da cadeia feminina dia de hoje com esta peca com Lucrécia, é um dos eventos que deveria realizar se sempre porque para os reclusos fica um dia diferentes, eles aprendem novas coisas, incentiva aos praticantes da cultura aqui dentro algo que também serve para reintegração do recluso na sociedade e pensamos em criar muito mais coisas porque aqui dentro temos muito talento, apenas depende das condições que a cadeia vir a criar’.
O Director da mesma instituição prisional Cadeia Silvestre Machayeye disse que regularmente no local são promovidas actividades desportivas, culturais e os outros programas de reinserção social que nós temos, são cursos de formação como carpintaria, tecelagem, alfabetização e edução de adultos, pensamos em criar outras actividades culturais porque uma vez que jogando, praticando cultura o recluso esta a conquistar uma certa identidade e ele na sociedade pode ter oportunidade de se enquadrar a outros grupos.
Estas modalidades são implementadas de forma a proporcionar ao recluso um momento de reflexão, advertência, de convívio e levar o recluso para mais próximo da sociedade e não levar o mesmo para fora mas sim trazer as diferentes individualidades para de perto conviver com o recluso.
Este evento de hoje coincide com o dia Internacional dos Direitos Humanos e com a peca mulher do asfalto mostra o que o recluso tem que respeitar a pessoa humana, respeitar os seus direitos humanos mas antes é preciso olhar para a igualdade, saber que ele é igual a uma outra pessoa e a vida em qualquer lugar onde nos encontramos.
No fim dizia o Director, por bom comportamento todo o recluso tem direito a 5 dias de visita, a semana toda’, tanta alegria para os presos que por semana se não me engano tem um ou dois dias de visita.
Enquanto uns prisioneiros de longa carreira são tirados daquela cadeia, a mulher do asfalto vai permanecer por muito e muito tempo na mente daquelas pessoas.

ROSA LANGA 2


Moçambique, Mulheres e Vida II
Estacios Valoi foto: Ismael Miquidade
2/12/09
Foi recentemente relançado em Maputo o livro da Jornalista Rosa Langa numa cerimónia onde algumas das pessoas entrevistadas para o livro presenciaram o evento e o publico que se fez a ao Centro Cultural da Universidade Eduardo Mondlane.
‘Moçambique Mulheres e Vida uma obra com dimensão nacional, pela maneira como Langa vasculhou e palmilhou o pais para trazer histórias de todas mulheres numa cozinha que abarca o feminino dos vários estratos sociais moçambicano, camponesas estilistas, empresarias, as que detêm o verdadeiro, poder, as vendedeiras do sexo ‘prostitutas’.
O livro tem 56 páginas de estorias e exemplos da vida, de depoimentos de mulheres sofridas que da venda do carvão conseguiram formar os seus filhos, revelações importantes que a Rosa leva ao encontro do público.
Lançado em 2005 foram entrevistadas 30 mulheres e celebrava se os 30 anos da independência do país, vinte e nove continuam entre na porque a cantora Zaida Lhongo perdera a vida.
Juntou neste livro duas personalidades, a Rosa jornalista e a mulher. Como mulher conseguiu atingir o intimo de outras mulheres trazendo a luz aspectos como a vida amorosa dessas mulheres, o primeiro beijo, revelações difíceis de ter destas pessoas, o desmistificar das figuras públicas que desfilam todos os dias pela praça ecrãs das televisões, rádio, jornal, por a primeira-ministra a contar as suas peripécias.
‘Escrever tudo com amor e explicar tudo o que acontece neste planeta’
Segundo Frederico Jamisse o prefaciador da obra este foi o seu primeiro desafio pelo qual se apaixonou levado pelas entrevistas que ia bebendo ao longo do depoimento das mulheres pela Jornalista entrevistadas, mulher camponesa que foi a machamba atirou a semente e no dia da colheita roubaram na tudo, a mulher que vende sexo, como é que por cada noite conseguia dormir com muitos homens.etc.
Numero reduzido mas que representam o grosso da mulher moçambicana e este é um livro histórico e de referencia.
Mais ainda Rosa busca um pouco o país, e um facto curioso foi em 2005 na Província da Zambézia com o livro ainda em processo de investigação em que a jornalista acompanhava certas festividades e fez uma reportagem em directo para a Rádio Moçambique e dizia, aqui em Quelimane acabou tudo, acabou a água, vida ate os preservativos acabaram mas não acabou a esperança.
Esta vontade de ela ir buscar mais mulheres, essa parte que enriquece o livro e nos apelidamos a ela de 4*4 não muito por ela fazer mas sim por muito fazer com qualidade e perfeição e de forma muito abnegada luta para trazer a verdade.
Claro que nunca podia deixar de ser Rosa dentro daquele vestido amarelado, que pelo brilho quase que me queimava os olhos, a semelhança da própria jornalista naquele dia que era apenas dela apesar do livro já não a pertencer mas sim ao publico só o seu rosto salientava o lhe vinha na alma.
‘Num ambiente como este melhor é deixar as coisas acontecerem por conta das emoções.
Cada historia aqui contada é um pedaço de vida, quem me dera ser poeta, escreveria com certeza as cartas mais lindas de amor para todas as mulheres, gostaria porque não é fácil amar, amar é um trabalho. O que mata não é aquilo que entra pela boca mas aquilo que sai através dela, passagem bíblica.’

JANELAS DE MIM

‘JANELAS DE MIM’ NOVO LIVRO NO MERCADO
Estacios Valoi
16/12/09
Lançado semana finda no Instituto Camões em Maputo com a assinatura da editora alcance e com o patrocínio da mCel, o livro comporta desenhos pintados que versam o périplo feito depois da Independência de Moçambique a vida do arquitecto, escritor Miguel César
‘O que pretendo com este livro é tirar o espolio que estava escondido em casa e atira-lo para a rua para que todos o tenham em casa e poderem estudar, aquilo que é a arte deste País e espero que muitos artistas da praça ainda escondidos que aproveitem esta onda e comecem a por cá fora aquilo que tem escondido’
‘ É uma espécie de participação minha novamente na vida de cada um e o livro acaba por mostrar uma historia não só minha mas de todo o País e este é que é o meu grande objectivo, que o comam’
Não se esquecendo da ‘ Alda costa pela atitude que teve durante a preparação do próprio livro, em transformar as mã fotografias que haviam daquele tempo em slides em figuras possíveis de imprimir agradecer a família toda que vai suportando as minhas angustias e ma disposições.
O livro é uma parte do contexto histórico, as mulheres, a experiencia, as crianças, há muito trabalho feito na Beira, para quem conhece aqueles bairros periféricos o Chipangara, a Manga. Socialmente é um livro que esta tipograficamente muito bem feito, o que ali fica é o nosso País, é a nossa gente que ali fica, especialmente a gente mais humilde, que esta ali de bicicleta, que empurra um pequeno carrinho, das mulheres que carregam agua, penso que em qualquer parte do mundo é um livro que atrai, o livro fala da vida muito viva em variadíssimos aspectos é um livro importante, são janelas de todos nós e muito orgulho para o nosso povo.
De acordo com Calane da Silva que se fazia a mesa apresentando o livro
Miguel César tem uma coisa muito interessante é um arquitecto mas antes disso é um homem do desenho, neste livro ele vai fazendo uma compilação daquilo que é um pouco a historia da sua própria arte, os primeiros desenhos, é um militante da arte porque logo que começa a independência ele começa por fazer a cidade os murais da Cidade da Beira, nas Escolas, aqueles murais, mobilizador da juventude e mais tarde foi trabalhar com eles na Revista tempo nas artes e letras, não é por acaso que muitos de nos nossos primeiros livros, do Mia, Couto, Heliodoro Batista são ilustrados com desenhos do Miguel César.
‘Janelas de mim já é um novo traço ainda a gente vê nele o Miguel César antigo mas hoje mais ordenado que quer abrir outro espaço não só para os nossos olhos do exterior mas também os do interior, a janela abre não só para fora mas também para dentro de nós. E quer mostrar-nos que na arte as janelas são multidimensionais que Podem ter leituras exteriores como interiores. Ele também tem um espírito e uma alma e quer transmitir a sua beleza.
Relativamente ao aspecto actual arquitectónico e cultural no País, é que estamos a destruir o património das sociedades, não estamos a respeitar, quer ecológico, urbanístico. Havia uma lei da Direcção Urbana da Cidade que devimos cumprir porque o facto de existir o colonialismo não significa que houvesse estupidez, agora que nós temos arquitectos e os olhos abertos para dentro do País devíamos ter mais respeito para com a sociedade e não estamos a ter, estamos a ver a cidade a degradar se, pior do que ainda desleixamos nos pela parte total urbana, não estamos a dimensiona-la, tentar integrar os subúrbios afastamos -a, pensamos que estamos num mundo diferente do nosso quando não, é o mesmo e nós é que estamos a separa-lo. Não é só o homem da escrita que deve publicar um livro.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O SOCIOLOGO DA IMAGEM


Anamavenchiwa
Ismael Miquidade ‘O sociólogo da imagem’ e os regenerados
Estacios Valoi Foto:Ismael Miquidade
2/12/10
Realiza se a segunda exposição do fotografo moçambicano Ismael Miquidade, de 3 a 9 de Dezembro, na Associação Moçambicana de fotografia, em Maputo. A exposicao leva o titulo Anamavenchiwa, nome do grupo Cultural da Penitenciaria Industrial de Nampula, na língua makwa significa Os Regenerados. Jovem de muitas andanças, fotografo apaixonado e viciado pela fotografia, deixou as terras da poeira vermelha do Xai-Xai aos seis meses de vida, de mãe do chibuto e o Pai de Inhambane, na boleia dos seus progenitores que hora trabalhavam aqui e hora acolá acabou desembocando em Pemba, Quelimane e por fim Maputo, mas uma infância marcada de boas memorias que só o tempo dirá.
Como muitas infâncias, bons tempos da pequenada não porque o mesmo seja um velhote porque apenas cilindra os 25 anos de idade mas com uma memória arquivada com muito zelo e carrinho porque realmente sente que apesar de ter a veia sulista, nascido, sente que é um indivíduo que pertence a região nortenha do Pais.
Que memorias essas que guardadas a sete chaves?
Memorias das brincadeiras, amizades que fiz porque sai de Quelimane em 95 aos 11 anos e só voltei a por os pés em 2006 quando já estava a trabalhar para a imprensa a andar de um lado para o outro aqui com a câmara tira colo a retratar a sociedade nas suas várias vertentes quando duas ou três pessoas olharam para mim e disseram tu és o Mailito o nome de casa. Lá dizia o outro eu sou o Boné dali em frente a tua antiga casa que a todo vento conduzia me para uma refeição as suas casas e diziam aos pais, este é aquele ‘meninote vivia ali. Lá sinto me em casa.
De brincadeiras de infância, quando é que se da o rito de iniciação fotográfica?
Desde tenra idade, quiçá por influência do cinema que em alguns casos mostra o que é fotojornalismo e claramente para um jovem é sempre cativante saber que pode fazer fotografia, percorrer vários lugares, aprender línguas, os vários contextos pelo mundo fora.
Mas foi em 2003 que saltei para a fotografia, na altura concorria para a Universidade e como um apaixonado pela fotografia pensei que fosse preciso ingressar na Escola de Jornalismo para cursar fotografia ou vídeo, estava sedento de informação porque não sabia que tínhamos uma escola de fotografia após ter visto um anúncio no Jornal Noticias ‘ curso de fotografia no Centro de Formação Fotográfica, espaço onde convergem pessoas provenientes de vários lugares para o ritual da introdução a fotografia.
Como é que te saíste do rito e começas a escrever com a câmara fotográfica?
Deixei a escola de jornalismo a milhas e disse para mim, vamos fotografar, tive como professor Basílio Muchate de quem gosto muito, sempre com a sua lente de 50mm mas antes usava uma Nikon FM2, tranquilo e questionava-o, professor já realizou alguma exposição individual e ele dizia me tenho uma e outra foto em colectivas mas um dia teria a minha exposta. É um fotógrafo que a mim me inspira pela sua humildade, é um indivíduo que tem uma fotografia belíssima. O Basílio ensinou me como segurar uma câmara que é a base, a focar, a fita de segurança, medir a luz ate a impressão e para mim foi fantástico.
Fazer fotografia é apenas pegar na câmara e um 'click'' esta feita?
Muitos pensam ‘pegou na máquina carregou no botão e foto feita, não. Faço uma viagem ao encontro de frase do Ricardo Rangel em que dizia ‘uma coisa é tirar fotografia e a outra é fazer fotografia ‘tirar fotografia qualquer um faz agora fazer fotografia implica a composição, veres algo e dizeres isto pode ser fotografia. É que o nada pode traduzir se numa bela fotografia carregada de composição, com algo que queiras mostrar e esse período de três meses foi fantástico.
Durante ano e meio como Repórter Editor e Fotográfico do Jornal Meia-noite, como de praxe a varrer os vários acontecimentos um pouco por todo o lado, noites a fio para que ‘ o jornal saísse com fotografias diversas’ e claro também escrevias retratando o diário nas duas vertentes o que te fez criar bom banco de imagens para além de outros com União Europeia, actualmente Editor fotográfico do Jornal Canal de Moçambique Esta exposição que será aberta amanha e por sinal primeira. Qual é a base desta iniciativa?
A exposição vem a esteira da colaboração que tenho com uma ONG Italiana que é o progettomondo.mlal, que apoia de entre varias áreas a educação, cultural, para os jovens e outras áreas e a exposição resulta da minha inserção num programa realizado em coordenação com o Ministério da Justiça relativamente as boas práticas prisionais e a reintegração social do prisioneiro.
De 2008 quando fui convidado a produzir um documentário fotográfico intitulado arte e oficio espelhando o dia-a-dia do prisioneiro referente as sua s actividades diversas, como poesia, teatro, dança, pintura e agora sobre fotografia com o objectivo de ensina-los e possivelmente talhando a arte possam ter um outro enquadramento social explorando o trazem no seu interior que é realmente é útil e que possa ser bonito.
O caso da poesia que é bem escrita, forte, sentida, em que versa sobre o amor, o sofrimento e em alguns casos as penas injustas que lhes são atribuídas algo que geralmente acontece onde salientam se delitos menores mas que por negligencia acabam com uma pena maior.
Neste âmbito fiz uma exposição na penitenciaria intitulada arte e oficio composta de 40 fotografias a preto e branco e na ocasião um dos detido que solicitou ao projecto aulas de fotografia, iniciativa a qual este aderiu e nos finais do mês de Maio ou Junho fui incumbido de dar uma formação fotográfica, partilhar a experiencia adquirida ao longo destes anos e mostrar que a fotografia também pode ser um meio de reintegração social, auto emprego, rentabilizando de forma livre, evoluir, criar uma personalidade e postura socialmente aceitável trabalhando, sem ter que incomodar a ninguém para os cigarros e bebidas.
Terceira vez que pões os pés em Nampula e voltas com esta primeira exposição publica para alem do professor Carlos será que prefere chamar te sociólogo fotográfico que desafio?
O professor Carlos Serra que de emails comunicamos visitou a minha galeria digital e publicou algumas fotos minhas e no seu primeiro artigo escreveu Ismael Miquidade um verdadeiro sociólogo da imagem. Não sei se estou neste patamar mas sou realmente alguém que gosta de fotografar anónimos, estes anos todos que podem parecer muitos isto de 2003 ate hoje andei a cobrir eventos, conferencias de imprensa e não tive muita oportunidade de sair desta ilha mas uma e outra vez sozinho soltava me distrito adentro, claro que auto financiava as minhas viagens e se hoje continuo a ganhar algum dinheiro invisto no equipamento, uma passagem, chapa, ir ao distrito fotografar sem que alguém esteja a dizer agora queremos isto ou aquilo.
Gosto muito do jornalismo mas acho que prefiro trabalhar livremente porque realmente sem ofender a ninguém penso que nos jornais o fotógrafo é pago para não pensar, é uma máquina que tem que produzir para tapar buracos. Exemplo muita vezes em uma pagina de um tablóide a 3 tens duas pecas sobre Cabo Delgado e destas vezes todas nenhum jornal enviou me para Cabo Delgado e assim do nada na hora do “dead line” fecho tenho que meter três fotografias. Isso frustra me porque nota se facilmente que há falta planificação, um pouco de falta de respeito para com os profissionais da fotografia.
Sou fotografo não estou ali para tapar buracos mas sim para junto trabalhar com os meus colegas e dizerem vamos fazer este ou aquele trabalho, uma indicação previa do jornal, vamos trabalhar nisto e vamos apoiar para que possas visitar algum para que possamos ter um banco de imagens o que não existe.
Pode ate haver um e outro caso, mas vou dar o exemplo do Jornal Noticias que seguramente tem uns 6 fotógrafos todos em Maputo, possivelmente um na Beira mas parece que eles se esquecem completamente das outra províncias e no Jornal vemos sempre imagens de arquivo repetidas, todas num jornal durante um mês acho que alguém não esta a trabalhar mas a dormir.
Mas qual será a composição da exposição?
Vamos apresentar Ismael Miquidade e o grupo, uma exposição intitulada Anamavenchiwa.. Também levei algum tempo a aprender isto o que significa os regenerados na língua macua. São 70 fotografias, 40 minhas e as restantes 30 dos meus colegas fotógrafos da penitenciária.
Qual é o estagio do fotojornalismo em Moçambique?
Penso que um bom fotógrafo é aquele que se supera todos os dias e que se poder fazer uma fotografia que o satisfaça por dia é bom, mas quando tens fotógrafos que estão ali a espera do salário então deixam de ser fotógrafos, artistas ou pessoas criativas e passam a ser funcionários e é o que temos aqui, minha singela opinião.
Qual foi a tua experiencia na Penitenciaria Industrial de Nampula?
A principio entras num espaço desconhecido e vês pessoas, vestidas de preto, uns com umas caras tanto quanto assustadoras e questionas te sobre o lugar em que vais trabalhar. Nos s primeiros 2, 3 dias andava de olho bem aberto, se chegassem alguém perto de mim ficava com algum receio mas depois passas a fazer parte daquele sitio onde existe um grupo cultural naquele pavilhão só para fazer arte onde existe uma um conjunto de actividades e ficas admirado, são prisioneiros a fazer isto e é bonito!
No acto do convite disseram me o seguinte: convidamo-lo para fazer fotografia sobre o grupo cultural, e apenas fui fotografar o grupo cultural, não entrei para o lado das celas. O contexto do trabalho foi ocupar o prisioneiro com cultura, formação, técnica, é uma cadeia sim mas por outro lado temos um grupo de aproximadamente 60 prisioneiros, são artistas, poetas, músicos, pintores, escultores, fotógrafos, etc.
O prisioneiro cumpre a pena e não tem ‘espaço’ para a sua reintegração na sociedade. Que te salta na mente?
E exactamente isto, que tento ilustra, uma parte do meu trabalho cinge se nesta questão para além dar um pouco do que sei, também deu azo para que dissesse aos prisioneiros: meus carros aqui é preciso trabalhar a serio, possivelmente terão algum apoio externo para a compra de uma câmara, um incentivo para a pessoa comprar uns filmes e continuar a fotografar, que a fotografia não é um curso que fazes e guardas o certificado em casa pendurado e dizes eu sou um fotografo, fotografia é todos os dias, pensar no teu contexto social, das fotos, um pouco de tudo, sempre a trabalhar. Não é o certificado que diz que tu és fotógrafo mas a vocação, esta forca, olho para ali e vejo uma imagem, a capacidade de poder compor e ficar feliz com o que fizeste, e, o mais importante a autocrítica, isto é, vês um trabalho e dizes esta foto é minha mas não esta boa, falhei, faço de novo ou a próxima farei melhor.
Que balanço fazes desta viagem por Nampula?
Vamos sempre vários porque somos acolhidos na casa do projecto, um por três semanas ou por mais tempo de forma diversificado, hoje é um poeta amanha um músico, actor, escritor e desta vez fui com o Nelson Mendes, um músico independente que toca e encanta.
Nampula neste ano de trabalho das 3 vezes lá estive foi de segunda a sexta a trabalhar no projecto e fim-de-semana apanhar o chapa e ir a Angoche, Namialo, Ilha de Moçambique e outros lugares, foi positivo para não falar da viagem de comboio de Nampula a Malema e para um fotografo aquilo é um a porrada de fotografia, tem um pouco de tudo, uns vão a estacão para vender os seus produtos e outros só para ver o comboio passar e dizer ‘Salama salama” esta experiencia foi boa.
Que gostarias de ver no jornalismo fotográfico moçambicano?
Só com a escola é que se vai alem, é preciso estudar, evoluir, a autocrítica, crescer mas isso só com escola e a pratica, fotografar com a câmara e não com a boca. Quero agradecer a oportunidade ao projecto na pessoa do Sr. Stefano Fontana, Delegado do Progettomondo em Moçambique, que levando me para Nampula a fazer este trabalho com a penitenciaria foi uma experiencia única, fantástico uma oportunidade de fazer parte de um grupo que só conhecia através dos media assim de longe em paralelo por ter conhecido outras paragens deste vasto pais.
Vem ai o teu primeiro livro não?
Quanto ao livro ainda estamos a pensar e a procura de patrocinadores mas certamente vou continuar a trabalhar e tenho um bom banco de imagens sobre Moçambique, distritos, pessoas e seguramente vou continuar a ser útil ao jornal. O livro já tem bases temos ainda que definir como e onde será impresso.