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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

MULHER DO ASFALTO



MULHER DO ASFALTO FICOU NA CADEIA CENTRAL DE MAPUTO
Lucrécia palco a princesa
Texto e fotos: Estacios Valoi
16/12/09
2500 Reclusos de olhos postos nela numa apresentação realizada na cadeia central de Maputo em comemoração do 10 de Dezembro dia dos direitos humanos no âmbito do programa de ajuda cultural ‘palco aberto’ organizado pela Embaixada da Espanha em Moçambique e para este evento em único em colaboração com o teatro Avenida o ar livre foi o melhor espaço encontrado.
A actriz que nos habituo a vê-la em espaços fechados, lá tornou se aberta a dimensão do espaço reservado para o evento depois de muita trabalheira organizacional por parte dos membros da justiça no aspecto segurança.
Nesta aparição fez se ao palco trajada não do seu vestido preto de alças, sensual, e não dão vestido longo vermelho clássico com o qual apareceu na peca ‘mulher de Açúcar (Sugar Wife) mas sim dentro de umas calcas pretas, a blusa da mesma cor, um vermelho do sutiã que sobressaia do fundo enquanto ela ia deslizando naquele palco, envolvendo tudo e todos que ali estiveram, naquele momento impar para todos os que participaram, os aplausos que ecoavam das mãos dos reclusos eram de satisfação.
Segundo Lucrécia Paco a peca é composta por cinco fragmentos versando a história da mulher, da mulher que tem a carne espalhada em pedaços e não quer acredita que perdeu a vida que lhe foi tirada. É um retrato que se passou antes de ela encontra a morte nas mãos do seu cliente, cliente este que a matou…nesta peca que principalmente fala de uma prostituta.
‘ É gratificante apresentar este tipo de trabalho numa cadeia porque acima de tudo encontramos reclusos que cometeram vários tipos de crimes e aqui estamos a falar dos direitos que um ser humano tem, a vida. Seja uma prostituta, secretaria, estamos a falar da mulher no geral.
Enquanto a peca ia decorrendo em breves minuto delegado adjunto da embaixada da Espanha em Moçambique Alberto Cerezo Sobrino disse que o evento teve dois objectivos principais, a celebração do dia dos direitos humanos e um projecto muito importante do seu governo que é levar a cultura a todos os círculos de Moçambique.
Nos próximos dias teremos uma programação muito completa durante todo o ano e tentamos fazer uma apresentação cultural que esta presente em Maputo, não apenas dedicado aos direitos humanos mas estamos a tentar estudar a possibilidade de levar ao resto do País. Hoje é o principal dia, o prelúdio de um leque de 11 programas que compõem este projecto que a na sua dimensão vai sendo implementado em Moçambique e este ‘palco aberto’ é ‘o ponta pé de saída
‘A 5 anos que a Espanha coopera com o governo moçambicano, com o povo moçambicano e uma das partes da celebração importante é a cultura e por isso hoje quisemos trazer esta cultura a uma cadeia nacional como esta de Maputo para 2500 reclusos que tem direito a cultura mas também o direito humano e por isso esta iniciativa da embaixada da Espanha e da Lucrécia Paco de trazer a cultura a este espaço de Moçambique’.
Para acompanhar a Lucrécia estiveram em palco dois músicos que iam rasgando os vários instrumentos musicais, mas também desfilando pelo palco conforme a coreografia desenhada.
O grupo misto composto pelas mulheres detidas na cadeia feminina de Dlhavela e os homens da cadeia central de Maputo também estiveram em palco. O mesmo de acordo com Alfredo Arsénio Mahumane o responsável o seu grupo existe a grupo de dança da cadeia feminina e masculina 4 anos, sendo o mesmo polivalente onde se destacam as vertentes da dança, musica teatro e canto coral.
‘Os apoios que temos tido é das próprias instituições, a direcção da cadeia central e a da cadeia feminina dia de hoje com esta peca com Lucrécia, é um dos eventos que deveria realizar se sempre porque para os reclusos fica um dia diferentes, eles aprendem novas coisas, incentiva aos praticantes da cultura aqui dentro algo que também serve para reintegração do recluso na sociedade e pensamos em criar muito mais coisas porque aqui dentro temos muito talento, apenas depende das condições que a cadeia vir a criar’.
O Director da mesma instituição prisional Cadeia Silvestre Machayeye disse que regularmente no local são promovidas actividades desportivas, culturais e os outros programas de reinserção social que nós temos, são cursos de formação como carpintaria, tecelagem, alfabetização e edução de adultos, pensamos em criar outras actividades culturais porque uma vez que jogando, praticando cultura o recluso esta a conquistar uma certa identidade e ele na sociedade pode ter oportunidade de se enquadrar a outros grupos.
Estas modalidades são implementadas de forma a proporcionar ao recluso um momento de reflexão, advertência, de convívio e levar o recluso para mais próximo da sociedade e não levar o mesmo para fora mas sim trazer as diferentes individualidades para de perto conviver com o recluso.
Este evento de hoje coincide com o dia Internacional dos Direitos Humanos e com a peca mulher do asfalto mostra o que o recluso tem que respeitar a pessoa humana, respeitar os seus direitos humanos mas antes é preciso olhar para a igualdade, saber que ele é igual a uma outra pessoa e a vida em qualquer lugar onde nos encontramos.
No fim dizia o Director, por bom comportamento todo o recluso tem direito a 5 dias de visita, a semana toda’, tanta alegria para os presos que por semana se não me engano tem um ou dois dias de visita.
Enquanto uns prisioneiros de longa carreira são tirados daquela cadeia, a mulher do asfalto vai permanecer por muito e muito tempo na mente daquelas pessoas.

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