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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Moreira Chonguiça Kanimambo

Texto e fotos: Estacios Valoi 01/08/12 Moreira Chonguiça (faz bonito) mais consagrado saxofonista contemporâneo moçambicano que nos anos 1990 faz uma das suas primeiras aparições escalando palcos em festivais de renome de jazz pelo mundo com Jimmy Dludlu com quem tocou durante cinco anos, palcos pelos Estados Unidos da América em Chicago a Suíça e mais tarde cria o seu próprio projecto “ The Moreira project”. Actualmente com três álbuns, sendo o de 2006 “The Moreira project vol 1 “The Journey”, seguido do “The Moreira project: volume 2 já em 2009 intitulado “Citizen of the world” e recentemente já em 2011 volume 1 com o álbum “Kanimambo em homenagem aos músicos lendários moçambicanos, com o qual num sopro teve na África do Sul duas nomeações no concurso musical naquele pais ,South African músic Awards(SAMA) nas categoria de melhor álbum tradicional adulto, melhor produção. Foi por esta esteira do Jazz que escalou o palco do considerado maior quarto festival de Jazz no mundo que a mistura do sax, vozes na companhia de Bokani Dyer no piano, Kevin Gibson na bateria, Hlani Makena na percussão, Angelo Syster na guitarra, Heder Gonzaga no baixo, Wazimbo vocalista convidado, levaram Kanimambo ao palco. Não pode falar de Moreira sem falar por exemplo do saxofonista e flautista norte-americano Najee que com o som de Chonguica foi levado no festival Joy of Jazz antes de juntos terem gravado álbum com 19 faixas galardoado como melhor álbum contemporâneo, melhor produção e outros. E, lá foi no Cape Town International Jazz Festival que “ Kanimambo” fez se sentir no meio e artistas de renome convidados para evento como: Hugh Masekela& e seus convidados celebrando Mama “Africa” (SA), Adam Glassier (SA), Marcus Miller (USA), Mike Stern& David Weckl (USA), Alexander Sinton High School Jazz Band (SA) Gabriel Tchiema (Angola), Lindiwe Suttle (SA), Virtual Jazz Reality (USA), Third World Band (Jamaica), Zakes Bantiwi (SA), Dave Koz &Patti Austin com convidado especial (USA), Unathi (SA), Allen Stone (USA, HHP (SA), Zakes Bantwini (SA), Nouvelle Vague (Franca), Ill Skillz (SA), Atmosphere (USA), Jean Grae (USA), Good Luck (SA), Pharoane Monch (USA), James Ingram (USA), Zahara (SA) que recentemente esteve em actuação em Maputo, Moçambique, Zamajobe (SA), Herbie Tsoaeli (SA), Dorothy Masuka (SA), Adam Glasser (UK/SA), Patti Austin Trio (USA) Kevin Mahogany (USA), The Andre Petersen Quintet (SA, USA, BL), Donald Harrison the trio/Ron Carter& Lenny White (USA), Brubecks Play e convidado especial Mike Rossi (USA/SA), Steve Dyer (SA), Sophia Foster (SA) Xia Jia Trio (China), Victor Kula (SA), Alfredo Rodriguez (Cuba), Jason Reolon Trio em performance com Buddy Wells (USA), David Sanchez e seu convidado especial Lionel Loueke (Porto Rico/Benin) Steve Dyrell (SA), Unathi (SA), Allen Stone (USA) Hassan’ adas (SA) MC- Iniciei nos festivais em 1999. O primeiro famoso festival em que participei foi na Holanda no festival North Sea e depois fui para outras partes do mundo como nos Estados Unidos. Eu disse, realmente admiro estes artistas. Tu vês a colaboração, vamos falar um pouco do Pop ou R&B. O Baby Face, etc. Porque é que eu não posso fazer uma coisa com Bonga, Wazimbo? Porque que tem que ser um musico de fora a vir fazer, então! Não há ciência nenhuma, eu não sou génio;O que eu fiz, Falei com o tio Wazi, Mama Zena, Elvira Viegas e disse que gostaria de tentar fazer uma coisa assim, assim e só, e, disseram ok miúdo vamos fazer e fizemos, esta aqui, não há ciência nenhuma, o material esta ali e se houver mais africanos a fazer! Olha em África nós temos um problema, mesmo no mundo da arte. ‘E que tem que ser uma pessoa que vem da Dinamarca da Inglaterra para vir fazer!? Uma pessoa que não percebe nada da minha cultura! Estamos a fazer. Agora houve uma oportunidade e estamos no festival, não foi possível trazer os onze artistas mas convidei um que vai representar os onze e eles são meus camaradas moçambicanos, sabem que ele vai fazer justiça, isto não é competição, isto é música, então nós vamos celebrar. Nós somos africanos, festa. EV - Considera se um embaixador da musica moçambicana? MC -Não. Não sei o que significa ser embaixador, talvez mensageiro do povo moçambicano. EV -Esta cozinha a moçambicanidade que trazes. Quem será o próximo? Não sei. Sabes o que é que a malta iria fazer? Acabar este e vamos ver mas olha as portas estão abertas, eu só vou repetir uma coisa muito rápida que disse lá em baixo quando estávamos a fazer a entrevista com a Rollingstone Magazine que uma das razoes, vou falar de Kanimambo por causa do contexto. Hoje tenho 35, mas quando tinha lá para os doze, treze anos na minha casa via CDs de Yophuru, Ghorowane. Ė Interessante, naquela altura em termos tecnológicos Moçambique não estava onde esta hoje mas a música moçambicana já era conhecida e exportada para fora mas de repente, na nossa geração, agora existe um declive, a música moçambicana não esta a sair sabes porque? Porque nós não estamos a investir na produção, vais a um África bar, Gil Vicente e vês bandas fenomenais mas depois de veres queres comprar um disco e se o disco não tem qualidade de produção não podes exportar, é um produto. Então eu quando fiz este projecto com os mais velhos era para dizer que estes velhotes não são velhos, são mais jovens do que agente pensa, foi por isso que eles é que cantaram, eu interpretei os temas deles com o saxofone. Ele é que cantou, é a voz dele. Vou dizer já, na música chamasse ‘One take” ele cantou uma vez não houve aquilo de repetir, cantou e foi embora, ele nem sabia que estava a gravar pensou que estávamos a ensaiar. Eu disse tio Wazi Tchau até amanha. E, ele! “Mas eu ainda nem afinei” eu disse, esta bom como esta. Estas a entender? Então para mim nós temos que exportar musica. Por exemplo no festival de Zouk, o qual eu acho muito positivo para a industrial musical em Moçambique e para a industria do showbiz no geral. Estes músicos estão todos a ir lá para Maputo e, nós estamos a sair? Não! Há alguma coisa de errado que nós como moçambicanos estamos a fazer e vou te dizer o que é. Ė Produção, é qualidade. EV -Lembro me de uma que mandaste pelo FB. Penso que era assim “vejo minha foto estampada pelos postes”, isso depois das nomeações. Que impacto na tua careira? MC- Ė o melhor sentimento do mundo. A mensagem que trago de Moçambique que o mundo esta a ouvir, o disco Kanimambo, não há nada em inglês, quer dizer que aqueles júris só ouviram a música e disseram pessoal ‘ this is beatifull music, seriamos muito estúpidos para não nomear este disco. Entendeste? Sinto me orgulhoso um disco moçambicano a ser nomeado na África do Sul com melhor engenharia! Eles ouviram, entenderam, então estamos a começar a exportar. Costumo a dizer a nova geração, que fazemos vídeos bonitos, gastam muito dinheiro. Mas tu consegues ouvir o teu próprio disco, estas a ver!? O Jay Z quando lança um vídeo que lhe custou dois milhões de dólares para fazer ‘e porque ele vai ganhar vinte milhões de dólares a vender CDs. O vídeo é um instrumento de marketing para vender teu produto, ouviste? Ele não faz vídeos para ser famoso. Então acho que em Moçambique chegou uma fase em que as pessoas começaram a fazer vídeos para aparecer na televisão, bons vídeos que até ganharam prémios fora mas quando já estes meus colegas querem um CD, vão pegar um, pois não há compatibilidade entre o vídeo e o CD. Estes músicos todos tem CD’s mas nunca viste de Marcus Miller, vês DVD’s que compras, então é ai que eu estou a pedir e, há chances para a gente fazer, vamos usar a África do Sul que esta aqui perto porque eles tem infra-estruturas e tudo. O jazz é uma maneira de estar, musica muito dinâmica e cosmopolita, é especial. Todos os estilos são comerciais, ninguém vai te dar o meu disco, tens que comprar da mesma maneira que vais comprar do Jay -Z.. Ė tudo comercial. Wazimbo naquela noite antes da actuação com Moreira Chonguica e com um pé no Canada em mais uma das suas digressões, carregado de muita satisfação tinha como expectativa colher experiencia e partilhar com outros músicos em casa, assim como levar na bagagem a terras Canadianas onde actualmente se encontra. O meu sentimento é de maior satisfação, estou num país onde nunca tinha estado como músico e neste caso concreto estar a participar num dos terceiros maiores festivais do mundo, é algo que me envolve bastante, satisfação e experiencia ao mesmo tempo, estar a participar num festival tão grande como este. O escolhido para esta noite. Que mais trazes para além do que vem no álbum kanimambo? Bom neste festival uma vez que a cabeça e cartaz é o Moreira e estou aqui como convidado dele, vou participar com um tema que é o álbum contido no álbum dele que é o Kanimambo. Esta parte do álbum que é descascar aquilo que é tradição moçambicana talvez de ritmos musicais. Que apreciação fazes? Penso que o Moreira esta num bom caminho, em criar este projecto e lembrar se dos legendários moçambicanos, aproximar se deles para colher a experiencia assim como dar lhes a oportunidade de sairmos de Moçambique para o mundo fora. Que pernas este projecto com Moreira da te para o futuro? Interessa dizer que este projecto não termina por aqui com este álbum. Há ideias de fazer o segundo álbum ainda este ano. Ė um trabalho que devo levar com bastante entusiasmo e tenho a percepção que os meus caminhos estão abertos para o mundo fora.
De volta a Moçambique que esperas levar contigo? Experiencia daquilo que eu vou poder ver aqui com outros artistas e transmitir aos meus companheiros em Moçambique e não só mas também para o mundo fora uma vez que já estou agendado para fazer uma tournée pela Canada no próximo verão. Então vou levar esta emoção pelo caminho que ainda tenho a seguir.