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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Hidroafrica inviabiliza funcionamento do regadio de Tewa


Hidroafrica inviabiliza funcionamento do regadio de Tewa no distrito de Mopeia
Texto e fotos: Estacios Valoi
03/08/11
Hidrioafrica empresa de capital português baseada na Cidade de Maputo inviabiliza o funcionamento do sistema de irrigação de Tewe no distrito de Mopeia na província da Zambézia.
A empreitada é financiada pelo banco africano de desenvolvimento em parceria com o governo moçambicano num montante de 3,187 milhões de dólares com o inicio da sua construção em 2008 e o prazo de entrega para 2009 mas que ate aqui ainda não concluiu as obras de reabilitação daquela infra-estrutura.
Por duas vezes, o timoneiro da agricultura José Pacheco visitou aquele local e o que se constatou foi que a obra estava aquém do desejado, enquanto isto o governador da Zambézia Itai Meque afirmava no observatório de desenvolvimento da Zambézia que em termos de desenvolvimento a Província estava acima dos 200%!
A hidroafrica que por mais de três vezes a esta fase, todavia não concluiu as obras de reabilitação do regadio de Tewe, contudo é sabido que brevemente e após ter ganho outro concurso, vai começar com a construção de um outro sistema de irrigação no distrito de Chokwe na província de Gaza avaliado em cerca de 15 milhões de dólares.
Segundo o engenheiro da Hidroafrica falando a nossa reportagem no Distrito de Mopeia, disse haver fuga de água em vários pontos da linha de tubagem no regadio. Segundo o engenheiro da empresa em Mopeia Jaime Mucavele as fugas estão em todos os lados.
“O que esta a acontecer aqui é o que esta a acontecer em quase todos os pontos onde temos problemas de fuga entre o tubo macho e fêmea das duas manilhas, isto não se pode levantar porque tirando uma implica desactivar toda a linha de tubagem e como solução esta a fazer se um maciço em volta para se vedar a fuga que se recorre a cola PVC e borracha aceitável de ponto de vista técnico”.
“ A borracha que temos no interior, tem como função estancar a agua durante os seu escoamento, então ‘e o trabalho que estamos a fazer em todos os pontos em que temos fugas numa extensão de 100 metros.
No local a nossa reportagem constatou que as fugas a que o engenheiro da Hiroafrica se refere. Estão a ser vedadas borracha (câmara-de-ar) e que o diâmetro das válvulas para a descarga da água nos campos para a produção do arroz com 227 hectares actuais, ao invés de ter o diâmetro de 80 ml tecnicamente aconselhável, tem apenas 20ml, algo que segundo dados técnicos contrasta com o padrão normal e Jaime culpabiliza o consultor.
“Não sei que suporte técnico é esse, não tenho que olhar para o campo que isto tudo é feito dentro dos padrões de engenharia, a consultoria que fez o trabalho sabia qual era a área que ia irrigar e fez os cálculos da quantidade de água e sabia que a cultura que iria se colocar seria a do Arroz e sabia que quantidade de água seria necessária para se colocar no campo para a produção dessa cultura. Nem eu poso dizer se é pequeno, não tem nenhum fundamento técnico para dizer isso.
Se alguma coisa ficar comprometida não vai ser por causa dos trabalhos que estão a ser feitos. Conforme vocês estão a ver estão a decorrer grandes trabalhos e que isto vai levar o seu tempo e ate lá quando os trabalhos estiverem concluídos o regadio estará entregue”.
“A campanha da produção do arroz não estará comprometida, esta semana vamos entregar. Estes são projectos financiados pelo BAD com orçamento estático e não aceitam dilatação o orçamento. Como empreiteiro diria que a qualidade das obras é boa sim, mas tem a fiscalização que na fase da entrega da obra vai poder responder se gostou ou não da qualidade das obras, não é péssima qualidade. O facto de ter fugas não quer dizer que o trabalho ‘e de baixa qualidade e digo que este é um sistema hidráulico e tem anomalias que podem existir na sua fase de execução “.
Para João Chabuca chefe da associação dos camponeses produtores do arroz Francisco de Assis em Mopeia e também fiscalizadores locais da empreitada, o estágio da reabilitação do regadio é uma desgraça.
“Isto esta uma desgraça, estamos a ver a tubagem que a hidroafrica esta a amarar com borracha (câmara de ar), agora borracha para levar quanto tempo. É por isso que nós os camponeses, associados de Francisco de Assis estamos a sentir bastante. Como vocês estão a ver, esta cheio de água e quando chegar a fase verdadeira para regar os campos não vai dar certo”.
Para o engenheiro pesquisador Tafireyi Milton Chimbumiem termos viabilidade da infra-estrutura no local, afirma que a Hidroafrica não esta a fazer nada assim como o sistema foi mal construído, isto para não falar dos dois trabalhadores que há mais de duas semanas são os únicos que estavam a trabalhar naquele local perante tamanha dimensão do regadio
“ Constatamos que a drenagem principal que deveria levar agua proveniente de todos os campos esta um metro acima da superfície o que significa que não drena. Esta situação, constatou se quando estavam a construir e tentaram cavar mais para solucionar o problema mas, a técnica que estão a usar também não funciona porque o ponto de convergência das águas esta próximo e acima do lago e, a água vai encher o nível e, em vez e ir para o lago, vai transbordar de volta aos campos.
Varias são as implicações, porque quando se esta a produzir arroz, há muitas coisas envolvidas como manter o nível de água nos campos. Há vezes que se quer reduzir e outras aumentar o nível, inundar os campos e para regular o nível tem que se usar esses drenos e se não estão a funcionar não se pode regular”.
Há duas semanas dois técnicos do ministério da agricultura estiveram aqui, viram o problema e disseram que não podiam fazer nada.” Sugeri a OlAM para usarmos a drenagem de bombeamento de água assim como abrir mais a drenagem para remover a água mas ate agora não vejo a hiroafrica a fazer qualquer esforço. Não se pode plantar arroz sem drenar a água. Não é justo que digam que construíram algo que não funciona. Foram contratados para este propósito e tem que fazer algo, é uma extorsão. A Olam agora tem que meter nova tubagem e construir todo o sistema de irrigação. Já temos homens aqui no terreno.
Extorsão
De acordo com o director comercial da OLAM, Ross Grear aquela empresa vai investir mais de 35 milhões de dólares para os próximos cinco, dez anos na produção de Arroz numa área de 10 mil hectares em Mopeia onde se espera obter 100.000 toneladas, mas que neste momento tem como entrave o sistema de irrigação cujo entrega esta atrasado.
“ Criamos uma estrutura parental com a população local no sector da agricultura, refiro me as associações de produtores do Arroz. Aqui constatamos que as pequenas associações tem o acesso a terra a agua mas estão desprovidas de todos estes meios e para a OLAM O acesso ao capital, tecnologia, manutenção e o acesso ao mercado constitui um dos pilares os e juntos criamos uma simbiose.
O nosso plano a curto prazo consiste no uso de terras dessas associações mas ao mesmo tempo disponibilizar o capital de forma a desenvolver, através da transmissão de conhecimento, técnicas de sistema de irrigação, uso da maquinaria, formar os membros da associação na área comercial para que no futuro sejam autónomos e a maioria dessa população esta empregue na nossa empresa.
Actualmente, temos grandes máquinas a nivelar os campos para a produção mas infelizmente a construção do sistema de irrigação esta atrasado o que esta a perigar a nossa produção para a segunda fase, porque produzimos em Janeiro e Julho. Na segunda, a plantação depende integralmente da irrigação porque não há chuvas e o empreiteiro ainda não instalou o sistema de irrigação como devia. Estamos a gastar somas elevadas.
Vamos fornecer o arroz a província da Zambézia e a posterior quando aumentarmos a nossa produção, vamos distribuir pelas províncias da Beira e Nampula. Num futuro a médio prazo entre cinco a dez anos, o preço será determinado pela importação do arroz e a nossa intenção é vender abaixo do preço do arroz importado. Ate hoje a Hidroafrica não entregou a obra.

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