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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Surto de colera em Cabo Delgado

Surto de cólera em Cabo Delgado
Estacios Valoi
23/12/10
Desde 23 Agosto a esta fase do ano a província de Cabo Delgado registou cerca de 365 casos de cólera em resultado do último surto em algumas regiões desta parcela do pais.
Os casos deram se no centro de saúde de Okua, na sede do Distrito de Chiure e no Chiure velho, no Distrito de Pemba-Metuge em Nalia e na Cidade de Pemba.
Cesário Augusto Suez medico chefe geral e clínico da província de Cabo Delgado reconhece que a situação da cólera ‘e preocupante mas o mais agravante ‘e a falta de recursos humanos.
“Relativamente a situação epidemiológica 2010, começamos a notificar os casos no mês de Agosto deste ano no centro de saúde de Okua, na sede do distrito de Chiure e no Chiure velho no dia 13 de Outubro, no Distrito e Pemba Metuge em Nália e na Cidade de Pemba no hospital central a 14 de Novembro.
Actualmente temos cinco centros de tratamento de cólera (CTC) a funcionar com um cumulativo de 365 casos durante este período de forma separada. OKua com 78,Chiure velho 124, Chiure sede 72,Pemba-Metuge 35 e Cidade de Pemba com 57 e uma taxa geral de letalidade de 0.2%, isto é, o número de óbitos que ocorreram entre os 365 casos”.
“Temos um óbito que ocorreu dentro da unidade sanitária de Chiure velho, no entanto há informações que dão conta de que também houve mortes na comunidade, é uma preocupação.
Durante este período seleccionamos equipas de enfermeiros para apoiarem o Distrito de Chiure e estamos a tentar na redistribuição do pessoal no distrito de Pemba-Metuge no posto de saúde de Nalia assim como na Cidade de Pemba”.
Cesário faz referência sobre os recursos técnicos existentes contudo a questão da falta de pessoal tem sido um problema maior a considerar.
“O nosso problema é da falta de pessoal. Em termos de recursos matérias concernentes a tendas, pulverizadores, camas e outros não tivemos grandes problemas. Temos para a resolução dos problemas e para os pacientes internados nestes centros. Quanto aos medicamentos neste momento não temos rotura de stock; tivemos algum problema relacionado com o cloro mas recebemos algum do nível central em Maputo assim como da direcção provincial das obras públicas da província.
Quanto a recursos financeiros tivemos um fundo no valor de cerca de 230 mil meticais anteriormente previsto pela nossa direcção provincial para este tipo de situações. É um valor irrisório e fizemos um pedido a Unicef que é um parceiro nosso no combate a cólera e também precisamos envolver os activistas, realizar actividades de sensibilização nas comunidades porque deparamos com uma certa desinformação focalizada em certas zonas.
Neste momento este é o nosso grande desafio, realizarmos essa tarefa e envolver lideres políticos porque afinal a medida que o pessoal da saúde esta preparado para enfrentar qualquer situação de tratamento de pessoas a população é que sofre”.
Sempre que surge um surto de cólera, em Moçambique são factuais os casos de violência por parte da população contra elementos da saúde alegadamente porque os homens de branco levam a cólera para dentro dessas comunidades, deixando bem patente o quão sensível é a questão da sensibilização. Segundo Cesário a sensibilização começou a meses com encontros com as comunidades.
“Realmente a sensibilização começou em Julho do corrente ano e fizemos uma reunião comunitária que foi dirigida pela Excelência o governador da província, outra similar no Distrito de Chiure recentemente a menos de três semanas houve uma onde foram envolvidos líderes comunitários e portanto tivemos essa explicação.
No entanto ainda persiste o problema da incompreensão, talvez seja ignorância ou aproveitamento de certas pessoas, mas nós estamos a trabalhar no campo. Em termos de vandalismo de infra-estruturas por parte da população, na nossa província aconteceu no ano passado e houve ate situação de mortes.
Este ano temos informações que já aconteceram casos semelhantes e foi preciso sensibilizar o próprio distrito de Pemba-Metuge na aldeia Nalia com notificação de casos em que alguns conhecidos identificados estavam a ameaçar os líderes e, agora temos problemas em Ancuabe na aldeia Nacaca onde ameaçam o líder, mas estamos a tratar o assunto de forma multissectorial, saúde, polícia para que não haja obstáculos no tratamento dos nossos irmãos “.
Ouvido pela nossa reportagem em Pemba o técnico Cremildo Norte que responde pelo gabinete de epidemia da direcção da saúde naquela província nortenha enfatiza e reconhece a questão da sensibilização como um dos factores chave mas considera a situação actual não alarmante.
“Não há maior incidência de cólera que possa alarmar a província. A questão da expulsão dos elementos da saúde por parte das comunidades com problemas de cólera ‘e um facto mas não como o que se registou no ano passado.
Houve uma redução devido ao maior esforço por parte da saúde em coordenação com as infra-estruturas dos bairros, Distritos afectados onde se fez maior sensibilização no sentido de consciencializar as comunidades sobre a ideologia da cólera, o que se pode fazer e quais são os factores determinantes, mas sobre tudo no que se pode resolver dentro da comunidade.
Há receptividade por parte da comunidade e temos recebido alguma aceitação em termos de coloração da água, medidas preventivas a nível das comunidades e penso que esta tem ganhado consciência em relação a isto. Ainda não registamos casos de perseguição de pessoas da saúde ou activistas.

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