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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Défice de especialista no Hospital Central de Nampula


Défice de especialista no Hospital Central de Nampula
Texto e fotos: Estacios Valoi
25/11/10
Três Ortopedistas embrulhados nos cerca de quatro milhões de pessoas que a maior unidade sanitária regional (HCN) no nordeste de Moçambique assiste.
Associando a esta problemática salienta se a falta de coordenação entre os Hospitais localizados naquela zona tornando se um outro obstáculo no funcionamento normal do (HCN), o que leva a direcção hospitalar a apelar pelas instituições de direito para colmatar esta situação.
Dr. Anselmo Vilanculos Director clínico do Hospital, agastado com este problema que vem de algum tempo a esta fase na Unidade que dirige onde dão entrada pacientes não só provenientes da Província de Nampula mas também do Niassa, Cabo Delgado e ainda da parte da Zambézia, a partida faz referência a avalanche do número de pacientes.
“ Temos uma avalanche de pessoas e recomendamos as províncias a pautarem por uma coordenação e informação prévia antes de nos enviarem os doentes porque isso possibilita que o Hospital se organize e saiba em que condições o doente chega, meios a usar para poder receber o doente em melhores condições. Temos tido algum sucesso relativamente a Província de Cabo Delgado mas estamos com serias dificuldades de comunicação com a Província do Niassa.
Com Cabo Delgado temos conseguido estabelecer uma comunicação prévia e permanente. Nos deslocamos ao aeroporto para levar os doentes que muitas das vezes chegam num estado crítico transferidos via aérea. A entrada da ambulância até a pista precisa de documentação e se não haver essa coordenação cria constrangimentos. Há casos que chegam sem critérios para transferência que terminam regressando no banco de socorro mas felizmente ate aqui não temos nenhum registo de morte”.
Recebemos mais casos de Neurocirurgia e da Província do Niassa fundamentalmente os de Ortopedia. Cabo Delgado tem lá um especialista moçambicano mas mandam todos os casos para aqui e não temos todas as especialidades, a título de exemplo a de Dermatologia que se encontra inoperacional porque o contrato com a médica terminou e esta teve que regressar ao seu Pais de origem”.
Enquanto isto, com a ausência de um especialista na área no (HCN), os pacientes ficam entregues a sua sorte e nos arranjos pelos quais diariamente as equipes tem que se desdobra para satisfazer a demanda de milhares de enfermos. Vilanculos a espera de uma solução concreta do Ministério da Saúde.
“Temos certas indicações do Ministério que brevemente teremos a especialista de Dermatologia. Seria bom termos especialistas moçambicanos em todas as áreas mas é verdade que os especialistas estrangeiros que temos aqui também estão a dar resposta a qualidade dos serviços. Produzir um especialista leva muito tempo.
Quanto aos recursos humanos há um esforço que esta sendo feito. Em Maputo, Beira estão a formar especialista e em Nampula já começamos na área de Pediatria, Ginoco-obstericia e vamos ver se nos próximos anos aumentamos para a medicina e Ortopedia. O nosso Hospital recebe casos de malária contudo neste último período falaria de muitos casos de trauma.
Há um aumento de casos de traumas derivados de acidentes de viação e violência doméstica, sobretudo agora que estamos a aproximar o fim do ano. Não se regista rotura de stock de medicamentos vitais e felizmente estão dentro do prazo”.
Aos factos não se foge. A corrupção e o mau atendimento são aspectos com que pauta o atendimento por parte de alguns funcionários nas unidades sanitárias em Moçambique e, (HCN) também faz parte deste leque. Vilanculos cautelosamente mas sem citar nome ou nomes dos elementos em causa reconhece tal facto.
“ Há casos em que foram levantados processos disciplinares e outros em averiguação e se confirmar provavelmente a pessoa será afastada do sistema.
Por sua vez o chefe do departamento Ortopédico do Hospital Central de Nampula Henrique de nacionalidade cubana na companhia de um outro proveniente da ex-União Soviética que ia subscrevendo tudo o que o colega dizia, versam sobre a problemática e mais uma vez apelam.
‘”Temos muitos problemas com a falta de pessoal técnico e coordenação com as outras Províncias. Somos tês ortopedistas e é muito difícil dar toda a atenção para cerca de quatro mil pessoas. Os outros Hospitais estão a fazer transferência sem prévia coordenação como exemplo: Cabo Delgado que tem um especialista de ortopedia mas transfere doentes para aqui com patologias que podem perfeitamente ser tratadas na sua província de origem e a mesma coisa acontece com mais de uma.
Temos a obrigação de assistir a todos os doentes da nossa província mas quando se faz a transferência de doentes de outra província sem prévia coordenação é muito complicado porque enche muito as nossas enfermarias onde por dia entram de baixa 21 pessoas e fazemos 12 cirurgias por semana distribuídas nas três salas que temos”.
Dos casos que temos recebido os mais graves são de baixas com fracturas graves de Fémur devido aos acidentes de viação que precisam de muita atenção, transfusão de sangue e aqui em Moçambique há muitos problemas com a disponibilidade de sangue e, o outro maior tem a ver com a falta de equipamento adequado para fazer uma operação mas com os escassos meios disponíveis e maior esforço tratamos de fazer a cirurgia.
Já falamos com a Direcção do Hospital, o Ministério da saúde por varias vezes, mas não tem capacidade de alocar mais ortopedistas porque não tem pessoal técnico para fazer face a esta situação. A nível do mundo a nossa especialidade tem uma característica, é que é muito cara e lembre se que estamos a falar de um pais do terceiro mundo com muitas limitações e as vezes temos que fazer coisas que já não se fazem em outros lugares do mundo”.

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