Páginas

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

“Pobreza é negra, contra face da mulher, cara da população rural’ Diz o primeiro ministro da Namíbia Nahas Angula

“Pobreza é negra, contra face da mulher, cara da população rural’ Diz o primeiro ministro da Namíbia Nahas Angula Estacios Valoi 29 /11/12 (Windoek) Nahas Angula recentemente capa num dos jornais da Namíbia o ‘Village’ Segundo o qual o nome do ministro esta vinculado a um escândalo do negocio dos Mercedes Benz que envolve a representação desta fabricante de automóveis na África do Sul e a empresa Ongushu Trading cc a qual acredita se ter ramificações com o primeiro ministro da Namíbia Foram 5 milhões de dólares Namibianos pagos pelo governo daquele país de um montante 16 milhões de dólares, o que em meticais do valor gasto daria na sua totalidade mais ou menos 15.000.000 MT gastos para a aquisição de 25 Mercedez Classe-E, que todavia não foram entregues a aquele governo devido a alguma anomalia registada nas negociações. Prossegue a investigação sobre este caso do negocio mal parado para se apurar como ‘e que o nome de Nahas Angula aparece vinculado a Ongushu Trading cc mas que segundo o próprio ministro falando a nossa reportagem num encontro organizado em Windoek pelo “Open Society Initiative for Southern Africa (OSISA), quanto ao desenvolvimento daquele Pais, Região, disse nada ter a ver com o caso. EV -Que relação tem o ministro com o escândalo dos Mercedez Benz? HA- Pensei que isso fosse parte do mau desenvolvimento dos nossos empreendedores, tentando cortar as pontas. Há muitos angolanos em volta. Uns querem relacionar o meu nome com Mercedez Benze. Essa será a história do ano. Primeiro não admiro Mercedez Benze muito menos os seus produtos devido ao historia do grupo, seu papel na historia, lá na Alemanha. Para dizer que alguém que queira relacionar o meu nome com a Mercedez Benze deve estar de alguma forma louca, doente, mas as pessoas podem escrever. Namíbia ‘e uma sociedade livre. Simplesmente não acredite em tudo que lê. Penso que estas a falar da companhia que requisitou os carros da Mercedez Benze na África do Sul mas que de alguma forma o processo foi interrompido. Essa é a estoria. Quero dizer que parte da nossa história é uma história de maus empresários que querem cortar as pontas de forma a enriquecer rapidamente, é parte da história do emponderamento da população negra (black economic empowerment). E, infelizmente estes não tiveram a mesma sorte, porque durante o processo de tramitação alguém despertou e disse: Isto não esta claro, e, interrompeu se o negocio. Ė o que eu penso que aconteceu. Depois de um breve historial sobre a Namíbia feita pelo ministro “a Namíbia continua sendo um país subdesenvolvido, temos desafios, desemprego, pobreza, distribuição desigual dos ganhos de que o país beneficia, estes são os tipos de desafios que temos, como uma jovem nação. Realidade africana”. EV- Qual é o actual Produto interno Bruto da Namíbia PIB? HÁ -Queres que ti diga quanto tenho no meu bolso? A economia namibiana ‘e muito pequena, quiçá a mais pequena na África austral, o nosso PIB esta cima de 100 bilhões de dólares namibianos, se dividires por 6/7 vais ver quantos dólares americanos são. Em termos de beneficio social o que isto significa? Significa o que produzimos aquilo que ganhamos, é o que a Namíbia produz por ano, o nosso produto perca pita é algo como 60 mil dólares por ano. Mas os números podem enganar, porque em África a Namíbia ‘e uma das sociedades desiguais devido ao nosso legado do Apartheid, algumas pessoas tem mais e outras nada, a distribuição da riqueza entre a população é injusta, um desafio que temos para minimizar esta diferença no seio da nossa população. Provavelmente em Moçambique não enfrentam a mesma situação porque a vossa situação é muito diferente mas aqui devido a nossa história de privação ao longo das linhas raciais. A pobreza também é racial, o que significa que a pobreza é negra, tem a cara da população rural, é a contra face da mulher. Essa é a natureza da pobreza aqui na Namíbia. Como governo vocês tem um plano de distribuição da terra para maioria da população negra? Sim. Penso que no Zimbabwe, África o sul e Namíbia enfrentam os mesmos desafios porque á ambos a terra nos foi retirada durante a época colonial. Talvez o ocidente tenha retirado a terra a Namíbia porque aqui ocorreram massacres, sua terra lhes foi retirada a força e redistribuída entre os colonos, é uma história dolorosa. Temos um programa de redistribuição da terra sustentada por dois pilares. Temos programa de reassentamento o governo compra a terra dos proprietários comerciantes e redistribui para os sem terra, subsídios através da lei de empréstimos monetários para a aquisição da terra de forma a permitir que os camponeses comprem a terra. Estas actividades são desenvolvidas nos termos de vendedor e comprador, e, aí é que o problema começa. Quem quer vender e comprar. Quer dizer que os actuais proprietários da terra, caso queiram vender a sua terra, a primeira coisa que tem que fazer é predispor a terra a governo. O governo vai avaliar e estipular o valor da terra e, ver se é adequada para o reassentamento, se achar que sim negoceia com proprietário e compra. O outro pilar é, inspirar os agricultores negros a negociar com os proprietários de terra e obter empréstimo através de um banco agrícola que subsidia a taxa em interesse no processo da compra. Como disse esta questão de compra e venda é problemática porque os proprietários da terra querem obter ganhos elevados pelas suas terras, o que faz com que as suas terras não possam ser adquiridas. Esta combinação dos preços elevados e a compra da terra por parte do governo frustram a politica do empréstimo. Os truques.Um deles os proprietários declaram falência e vêem as suas terras serem vendidas em acções e, claro que qualquer cidadão estrangeiro pode comprar ou registam as suas machambas como empresas, quando querem vender as suas machambas vendem como se estivessem a vender uma empresa, mas de facto estas a comprar terra porque esta companhia representa a terra, vem com muitos subterfúgios para frustrar a política governamental e, assim começa o problema. Recentemente o governo veio com a taxa da terra da qual os farmeiros reclamam. Também, estou satisfeito por ser um pequeno farmeiro comerciante, a taxa é muito punitivo, eu próprio sinto mas a ideia ‘e que talvez com uma taxa punitiva os farmeiros sejam forcados a libertar a sua terra para o governo, com o objectivo para a redistribuição. Claro que somos um país regido por leis, se o cidadão achar que a tal politica na é boa! Eles gostam de correr para os tribunais e tentar fintar a política do governo, isto é uma luta, continua e esperamos vitória certa na questão da terra. Na SADC, a pobreza, os desafios são os mesmos? Namíbia, Malawi ambos membros da SADC e estou seguro que ao nível da SADC trocamos experiencias. Uma das coisas que efectivamente não estamos a fazer como africanos é de facto criar uma plataforma através da qual possamos trocar experiencias, estorias de sucesso ou não. Facto é que não temos uma plataforma adequada para tal, a maioria das coisas são feitas a nível político, todos querem ser bons uns para com os outros, não estamos a falar da rede interna, dos problemas que enfrentamos nos nossos países, problemas da transformação económica, pobreza, juventude, desenvolvimento rural e muitas outras coisas; O único país em África que tentou ajudar aos outros países no continente em termos de desenvolvimento foi a Nigéria. Quando a Nigéria estabeleceu os objectivos do desenvolvimento, onde quadros, técnicos nigerianos estavam prontos para ir a outros países africanos ajudar a custa do próprio governo nigeriano ou seja lá o que for, é o único país em África que conheço, que tentou concretamente e, de uma forma particular fornecer a outros países africanos os seus técnicos para promover o desenvolvimento africano. Infelizmente será assim porque enfrentamos os mesmos problemas. Vou contar te uma historia interessante sobre Malawi e Namíbia. Em tempos uma empresa de australiana veio a Namíbia para fazer mineração. A mesma empresa foi a Malawi para exploração de urânio, lá descobriram urânio. Deste que estavam a explorar na Namíbia, os namibianos que poderiam operar com as suas maquinarias na Namíbia; Recrutaram namibianos para trabalhar com as suas máquinas. Quanto ao Malawi, estou certo que o governo Malawiano não tinha conhecimento sobre o que estava a acontecer! Ė uma relação de trabalho que foi criada por uma agência externa e não pelos africanos, não por nós, esta é a moral da história. As vezes nós africanos somos levados a união e/ou unidos pelos estrangeiros, agencias como esta mineradora australiana a qual levou a mão-de-obra namibiana para o Malawi, contudo, entre nós dentro a própria SADC por vezes não permitimos a livre circulação de pessoas. Algo que me preocupa, é uma historia triste. Nem estamos lá para permitir a livre circulação das nossas próprias pessoas na nossa região! As discussões a nível político são no geral boas mas quando vem a prática, a solução dos problemas, por vezes…não sei, talvez seja algo africano, não valorizamos os nossos próprios engenheiros, técnicos e não sei como ultrapassar isto, cabe aos jovens africanos pensarem nisto. Namíbia é um importante país na SACD, recentemente esteve na presidência da SADC e continua com um papel importante. Como SADC estamos a dar algum passo em frente, soluções? Qual ‘e seu ponto de vista relativamente a crescente presença da China na região e na Namíbia? Namíbia é um dos países pequenos da SADC com uma população de 120 milhões apenas. Integração regional! Para nós políticos essa é a canção mais cantada mas quando vem já a fase de implementação, na realidade não se vislumbra nada, o mesmo com o comércio regional. Em outras fases vendíamos peixe para o Zimbabwe, não sei se os zimbabweanos desistiram ou se isto continua a acontecer, falo apenas de questões de simples comércio. Como africanos não estamos lá. Queremos ver através da integração regional e não slogans. Para este propósito, a Namíbia predispôs se a ser o epicentro na SADC, um país com uma costa extensa e, como nossa forma na contribuição regional, ainda nos abrimos á muitos proprietários de terras dos países vizinhos, facilidade no uso do porto para que os nossos vizinhos usassem esses serviços nas suas importações/ exportações. Mas como sabem, nós como africanos sempre levamos o nosso tempo, morosidade para fazer, ter as coisas feitas, então ainda estamos a caminhar a questão da integração regional de facto. Á três anos era para termos um comercio livre mas não vejo. Ė Um problema africano. Vocês deviam investigar porque é que nos comportamos desta forma. Estamos todos integrados mas na agimos como tal, não estamos a fazer, preferimos olhar para outros em outros quadrantes. Estamos a falar da china. O que há em especial sobre a china? Porque é que não nos perguntamos quantos alemães estão na Namíbia. Também estão interessados na china? Porque pensam sobre a China, com que objectivo? Viste muitos chineses? Namíbia é encontro de todo o mundo, podes encontrar portugueses, alemães, afrikaaners, Tswanas e outros, aqui temos muitas pessoas. Porque simplesmente a escolha da China? Que há de especial? Estamos certos que queremos cantar a música de outras pessoas ou que não estamos a cantar? Falei sobre a mineradora australiana, porque na questionaste sobre esta empresa, são os que estão a cavar buracos aqui e lá na mineração. Sim aqui há chineses como existem americanos, alemães.australianos, sul-africanos. Da independência 1990 que se fez para aliviar a pobreza aqui na Namíbia? O nosso governo sempre teve programa para a redução da pobreza, juventude, desemprego até um programa extenso de segurança social para órfãos, portadores de eficiência física, idoso…mas não estamos de facto a ultrapassar. Redução lenta da pobreza sim, mas o problema é a natureza da nossa economia na sua maioria extractiva, mineração, pesca, agricultura, turismo, é o que é a economia namibiana; Para além disto temos pessoas no comércio, a vender produtos produzidos por outras pessoas e claro um grande governo do qual faço parte mas as estruturas da nossa economia são tanto quanto, não estão prontas para uma abertura, possibilidades para mais pessoas fazerem a prospecção. Imagina os principais envolvidos na mineração. São companhias multinacionais e a mineração é um capital denso, não sei se teremos a oportunidade de nos levar a algum sítio. Vão lá ver as máquinas enormes que estão nesses campos. Só podes fazer parte como trabalhador mas lá estão as grandes máquinas. Então só podes ter um crescimento interno mas sem uma redução tangível no desemprego devido a este tipo de economia. Sugerimos que se e facto queremos lidar com a questão da pobreza, desemprego, temos que transformar estas economias de algum modo para criar mudanças no processo, única forma de expandir as possibilidades para as pessoas terem emprego ou participar na economia. Não vejo como enfrentar a pobreza, desemprego se não lidarmos com os problemas estruturais da nossa economia, não vejo como enfrentar a pobreza. Nao vislumbro. Namíbia cheia de buracos ..Australianos? Quer dizer que na questão da mineração em África vamos ficar com buracos enquanto os outros levam dinheiro? Questão da mineração em África! Esta é a realidade da nossa história, não sei quanto a Moçambique. Há um relatório que foi publicado nos princípios deste ano sobre como a África esta a perder dinheiro em resultado da forma como as multinacionais negoceiam, comercializam com a África. Por vezes através da transmissão de preços, conhecimentos. África tem perdido seu dinheiro, não obtêm o valor real dos seus recursos. Ė um relatório sobre o qual penso que a União Africana tem vindo a investigar e esse é o nosso problema. Se não trabalharmos seriamente no sentido de transformar as nossas economias, continuaremos a ser perdedores no processo.

Sem comentários:

Enviar um comentário