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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Défice de especialista no Hospital Central de Nampula


Défice de especialista no Hospital Central de Nampula
Texto e fotos: Estacios Valoi
25/11/10
Três Ortopedistas embrulhados nos cerca de quatro milhões de pessoas que a maior unidade sanitária regional (HCN) no nordeste de Moçambique assiste.
Associando a esta problemática salienta se a falta de coordenação entre os Hospitais localizados naquela zona tornando se um outro obstáculo no funcionamento normal do (HCN), o que leva a direcção hospitalar a apelar pelas instituições de direito para colmatar esta situação.
Dr. Anselmo Vilanculos Director clínico do Hospital, agastado com este problema que vem de algum tempo a esta fase na Unidade que dirige onde dão entrada pacientes não só provenientes da Província de Nampula mas também do Niassa, Cabo Delgado e ainda da parte da Zambézia, a partida faz referência a avalanche do número de pacientes.
“ Temos uma avalanche de pessoas e recomendamos as províncias a pautarem por uma coordenação e informação prévia antes de nos enviarem os doentes porque isso possibilita que o Hospital se organize e saiba em que condições o doente chega, meios a usar para poder receber o doente em melhores condições. Temos tido algum sucesso relativamente a Província de Cabo Delgado mas estamos com serias dificuldades de comunicação com a Província do Niassa.
Com Cabo Delgado temos conseguido estabelecer uma comunicação prévia e permanente. Nos deslocamos ao aeroporto para levar os doentes que muitas das vezes chegam num estado crítico transferidos via aérea. A entrada da ambulância até a pista precisa de documentação e se não haver essa coordenação cria constrangimentos. Há casos que chegam sem critérios para transferência que terminam regressando no banco de socorro mas felizmente ate aqui não temos nenhum registo de morte”.
Recebemos mais casos de Neurocirurgia e da Província do Niassa fundamentalmente os de Ortopedia. Cabo Delgado tem lá um especialista moçambicano mas mandam todos os casos para aqui e não temos todas as especialidades, a título de exemplo a de Dermatologia que se encontra inoperacional porque o contrato com a médica terminou e esta teve que regressar ao seu Pais de origem”.
Enquanto isto, com a ausência de um especialista na área no (HCN), os pacientes ficam entregues a sua sorte e nos arranjos pelos quais diariamente as equipes tem que se desdobra para satisfazer a demanda de milhares de enfermos. Vilanculos a espera de uma solução concreta do Ministério da Saúde.
“Temos certas indicações do Ministério que brevemente teremos a especialista de Dermatologia. Seria bom termos especialistas moçambicanos em todas as áreas mas é verdade que os especialistas estrangeiros que temos aqui também estão a dar resposta a qualidade dos serviços. Produzir um especialista leva muito tempo.
Quanto aos recursos humanos há um esforço que esta sendo feito. Em Maputo, Beira estão a formar especialista e em Nampula já começamos na área de Pediatria, Ginoco-obstericia e vamos ver se nos próximos anos aumentamos para a medicina e Ortopedia. O nosso Hospital recebe casos de malária contudo neste último período falaria de muitos casos de trauma.
Há um aumento de casos de traumas derivados de acidentes de viação e violência doméstica, sobretudo agora que estamos a aproximar o fim do ano. Não se regista rotura de stock de medicamentos vitais e felizmente estão dentro do prazo”.
Aos factos não se foge. A corrupção e o mau atendimento são aspectos com que pauta o atendimento por parte de alguns funcionários nas unidades sanitárias em Moçambique e, (HCN) também faz parte deste leque. Vilanculos cautelosamente mas sem citar nome ou nomes dos elementos em causa reconhece tal facto.
“ Há casos em que foram levantados processos disciplinares e outros em averiguação e se confirmar provavelmente a pessoa será afastada do sistema.
Por sua vez o chefe do departamento Ortopédico do Hospital Central de Nampula Henrique de nacionalidade cubana na companhia de um outro proveniente da ex-União Soviética que ia subscrevendo tudo o que o colega dizia, versam sobre a problemática e mais uma vez apelam.
‘”Temos muitos problemas com a falta de pessoal técnico e coordenação com as outras Províncias. Somos tês ortopedistas e é muito difícil dar toda a atenção para cerca de quatro mil pessoas. Os outros Hospitais estão a fazer transferência sem prévia coordenação como exemplo: Cabo Delgado que tem um especialista de ortopedia mas transfere doentes para aqui com patologias que podem perfeitamente ser tratadas na sua província de origem e a mesma coisa acontece com mais de uma.
Temos a obrigação de assistir a todos os doentes da nossa província mas quando se faz a transferência de doentes de outra província sem prévia coordenação é muito complicado porque enche muito as nossas enfermarias onde por dia entram de baixa 21 pessoas e fazemos 12 cirurgias por semana distribuídas nas três salas que temos”.
Dos casos que temos recebido os mais graves são de baixas com fracturas graves de Fémur devido aos acidentes de viação que precisam de muita atenção, transfusão de sangue e aqui em Moçambique há muitos problemas com a disponibilidade de sangue e, o outro maior tem a ver com a falta de equipamento adequado para fazer uma operação mas com os escassos meios disponíveis e maior esforço tratamos de fazer a cirurgia.
Já falamos com a Direcção do Hospital, o Ministério da saúde por varias vezes, mas não tem capacidade de alocar mais ortopedistas porque não tem pessoal técnico para fazer face a esta situação. A nível do mundo a nossa especialidade tem uma característica, é que é muito cara e lembre se que estamos a falar de um pais do terceiro mundo com muitas limitações e as vezes temos que fazer coisas que já não se fazem em outros lugares do mundo”.

Maga Exilado na Ilha de Moçambique



Maga Exilado na Ilha de Moçambique
Texto e fotos: Estacios Valoi
25/11/10
Lembro me do Paulo Magalhães (Maga) lá pelas bandas da Polana de Cimento, ali do outro lado do hospital central na rua da Mokumbura bem engomadinho, camisa de mangas compridas e claro de calcas bem vincadas, cabelo a escovinha. Se era a ferro de carvão ou não, essa foge me da memoria. Na altura ate perguntava -o se estava prestes a enforcar -se! É na Ilha de Moçambique sítio chamada Rubys que se da o reencontro. Mas antes de saber de quem se tratava fui ao museu local ver uma exposição de artes plásticas que estava patente e, muito longe de imaginar que Maga e Paulo são as muitas pessoas numa.
Também não tenho bola de cristal. Depois de ter solicitado o contacto do artistas aos gerentes do ‘ Backpacker’, isto é, o Vasco e Carolina que enquanto vasculhavam o número no celular, por fim disseram, tarde ou cedo o Maga aparece por aqui, o que fez com que me esquecesse daquelas latas que muitas das vezes as nossas companhias de telefonia móvel põem a cantar a mesmo ritmo “ neste momento não é possível estabelecer a ligação que deseja, tente mais tarde”! Lá se despiu a lua do sol e eis que horas mais tarde entra Maga, o pintor desconhecido, conhecido trajado de umas jeans azuis, camiseta branca, sapatilhas, uns quilos mais para o outro lado, pouco avantajado e umas ‘dreadlock’ de cinco anos equiparados ao seu tempo como habitante permanente da primeira capital moçambicana.
Sobre tela o óleo desliza destapando caras, corpos a colorido e por vezes a preto e branco, suaves, reais abstractos, a identidade tradicional contemporânea desembocando no farol da Ilha de Goa.
EV – Lembro me do Paulo Magalhães (Maga) de fato e gravata pelas bandas da Polana em Maputo. A quanto tempo andas exilado na Ilha e esta “mudança”?
M -A cinco anos. Esta mudança, é a vida que foi caminhando para um destino que já estava traçado depois de varias vezes ter passado por aqui onde antes fiquei nove meses e desisti disto. Estava destinado a vir parar aqui e, cá estou.
EV - Quem é o Maga ou Paulo de ontem?
M -Dentro de mim, primeiro não me considero artista plástico mas gosto da arte, desenho, escrevo mas ainda não me apareceu qualquer coisa. Quem sabe um dia. Mas é algo que já trago dentro de mim faço tempo e a Ilha de Moçambique é um sítio ideal para isso.
EV - Porquê a Ilha de Moçambique, cansado da aldeia Maputo?
M -Acho que já não me enquadro lá, não porque cansou do sítio. ‘É onde tenho família, filho. Yaa, mas já não consigo estar a viver naquele sítio, isto é muito mais de mim porque a cidade de Maputo.. Então estas a ver, é por ai.
EV -Já fica meio perdido. Quando é que o Maga aparece e diz vou fazer uma exposição aqui na Ilha?
M -Fiz a primeira. Olha, tenho um espaço que a princípio ainda vai ser um bar onde faço alguns convívios com amigos e foi onde fiz a primeira exposição a cores também em tela e óleo. É algo que sempre esteve na minha cabeça e dizia a mim que o dia em que estiver na ilha também faço uma. Foi se a primeira e agora apareceu esta programada que se enquadra no dia da cidade e convidamos dois artistas locais. ‘É interessante porque praticamente o meu trabalho em termos de traço, arte pintura não tem nada ver com o local e por acaso tinham esculturas do Fefe que eram os barcos e é um bom escultor e pronto. Yaa, surgiu a ideia e fizemos a exposição
EV - Cinco anos na Ilha. Exílio ou Salvação?
M -Nem salvação nem exílio é vida mas só deus sabe ate onde a gente vai. Hoje estamos aqui e por acaso é aqui onde quero estar. Amanha não sei.
EV – Pensas que te encontraste com o Maga, Paulo e outros dentro de ti e que antes estavas a representar um certo personagem?
M -As vezes a gente tem uma coisa que é uma obrigação, e o trabalho as vezes nos obriga a estar em certas condições em não és realmente tu.
EV- É a tal liberdade de que tanto se fala, o direito a escolha?
M -Desde que seja bem feito. Penso que as pessoas tem que ser elas mesmas, agora digo que sou eu mesmo, não há aquele, não há o espelho ao lado, estou a ser eu e sou eu memo.
EV -Este é o encontro do Paulo e o Maga?
M -Ate sinceramente. Maga vem do Magalhães, eu sou Paulo César Correia Pinto de Magalhães e essa família também merece estar numa tela. Estas a ver, ela é muito forte. (risos).
A esteira do alanca cultural e/ou dos fazedores das artes ilhados, pareceram me praticamente ‘ inexistentes’ numa ilha onde levam se décadas para se realizar uma exposição seja disto ou aquilo. Contudo Maga considera deficiente mas que vai se fazendo.
M-Penso que na ilha existem mais artistas e não só estes cinco ou três.
EV - Mas já os pôde ver?
M -Ver não porque esta coisa de criar exposições vou te dizer. Esta é a segunda exposição na ilha de Moçambique faz décadas, não digo que não tenham acontecido mas isto que foi feito e organizado no museu. Há feiras, artistas e, a quem esteja habituado a apresentar em feiras. Mas em Nampula o que tu vês em feiras! No museu em Nampula tens uma exposição mas vais ver que é permanentes e tens pouca gente a fazer pintura e a expor o seu trabalho, mostrar. Organizar uma exposição, muito menos em Nampula e pior aqui.
EV- Base de inspiração e a mensagem?
M- Sabes, eu pinta muito o ‘ NÓS’. Se reparares pinto muito o homem, a mulher, rostos, o que nós somos e para mim, nos expressamos do nosso corpo, cara, quero dizer a nossa expressão seria é essa, estas a ver. Aquilo que estas a olhar é aquilo que é. As minhas mensagens são várias, sou muita paz e amor, harmonia. Estas a ver, sou mesmo muita paz e amor… yaa, expresso muita coisa.
EV - Como é que partilha o teu conhecimento com a turma artística cá da Ilha, isto considerando que a maior parte quase que nunca sai da ilha, isto para além de que os outros quadros que vi expostos trazem a mesquita, fortaleza num traço tradicional de desenho básico ilhado?
M - Vou te dizer. É bom sair da ilha yaa, mas sair e ir pensar. Exemplo os putos estão agora a estudar a 12 classe e é lógico que aqui não temos Universidade e nem condições e, os gajos tem que sair todos para Nampula, esta a ver. Mas era bom que os gajos se formassem em áreas para depois voltarem para aqui e fazer alguma coisa disto porque amanha não estaremos aqui, vai estar o meu filho. Pronto o meu filho é de Maputo mas que o gajo amanha fizesse um curso e viesse para aqui fazer alguma coisa. Quanto aos locais, gostaria que eles também fizessem isso mas é normal que eles também tenham necessidade de ir conhecer outras coisas, cidades.
Pintei a ilha mas num traço totalmente diferente. Vais ver a ilha em preto e branco, tens uma tela em que tens uma mulher mas é a mulher daqui Macua, a do Farol, estas a perceber. O Farol é uma ilha do outro lado que nós temos, chama se o Farol da Ilha de Goa. Então a mulher que esta na praia, na ilha de Goa é mulher Macua.
Mas para um jovem que esta aqui esta interpretação é difícil. Alguns querem aprender a pintar mas digo sinceramente o problema não é aprender a pintar. Aprender a pintar pintas qualquer coisa o problema é te expressares de maneira que as pessoas entendam aquilo que estas a pintar. Aqui temos vários artistas que fazem o seu trabalho monótono diário e que tem falta de criatividade. O incentivo esta ai, estou a dar, esta lá. A explicação! Alguns sabem ler, mas o conceito daquilo que aquela arte, a pintura representa é muito difícil para um jovem daqui da Ilha porque eles ainda têm muito que aprender. Estão a aprender e estão a ter resultados.
Esta nova geração não acredito que apanhe, mas as próximas consoante o trabalho que estamos a fazer, eu e certas pessoas acredito que sim.
EV – Maga ilhado que analise faz da tua estadia nestes cinco anos aqui na ilha?
M- Fixe.Pora, nem imaginas. Não tem comparação há muita coisa a acontecer e a aparecer para os dois lados. Não se pode dizer só para o bem da comunidade mas como se diz, com o desenvolvimento também aparece o ladrão, a falta de água só aparece depois do ladrão que corta tudo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Périplo pela Ilha Moçambique



Périplo pela Ilha Moçambique
Água um dos problemas mais graves
Texto: Estacios Valoi
Fotos: Cortesia Miriameckert
A ilha de Moçambique situada na região Nordeste do Pais a escassos quilómetros da Cidade de Nampula considerada pela Unesco património mundial actualmente com cerca de 48 mil habitantes enfrenta problemas graves de falta de água.
Milhares de pessoas são obrigadas a percorrer longas distancias a pé e por vezes a reboque de viaturas privadas ou da administração partindo da zona insular carregadas te tanques, tambores vazios atravessando a ponte ainda em reconstrução ao continente na busca deste precioso liquido.
O problema que remonta desde anos longínquos isto porque a conduta concebida ainda na fase colonial encontra se num estagio decadente e incapacitada para o abastecimento da agua. A conduta anteriormente construída para cerca de oito a dez mil habitantes outrora habitantes da Ilha, actualmente esta alberga quase o quíntuplo da população.
Segundo António Saules administrador desta parcela circundada de água por todos os lados de entre outros problemas que enferma a ilha o mais grave tem a ver com a falta de fornecimento da água.
‘”Como problema grave temos a falta de água desde o mês de Setembro último a esta fase do ano que vamos buscar no continente de carros carregados de tambores. A própria conduta fora concebida só para a zona insular, esta furada e também serve para toda a população no continente onde hoje temos muita gente no continente. A água não tem a possibilidade de passar para cá. A nossa empresa de águas aqui por si só é incapaz de solucionar um problema desta dimensão. No próximo ano vai se organizar todo o trabalho a partir da tubagem de captação no continente na zona de Ampapa, esta agua que sai do Rio Monapo a cerca de 35 quilómetros daqui.
Tivemos uma reunião com o conselho municipal local e disponibilizamos viaturas que tiram agua para alguma população, já falamos com o conselho municipal de Nacala para nos emprestar alguns depósitos e a partir de segunda-feira o município vai se encarregar de transportar e distribuir a água a população. Temos poços e furos mas têm água salubre”
Em contacto com o director da empresa Agua da Ilha André Canimal, este reconheceu a incapacidade da instituição que dirige na solução desta problemática apelando pelo departamento de Obras Publicas e Habitação assim como outras de direito.
“Quando começamos a ver a insuficiência da água sobretudo a partir de meados de Setembro deste ano, fomos identificar o problema e detectamos que a conduta tutora desde que foi semeada houve problemas de falta de válvulas de descarga para poder limpar a lama no seu interior a qual não permite que a água passe em boas condições e esta a criar problemas graves. A conduta montada remonta desde o período colonial e houve uma reabilitação parcial em 1993 e findou em 1994.
A conduta foi muito explorada portanto é preciso uma nova e o consumo aumentou porque o numero de habitantes neste momento no distrito é superior em relação ao que estava previsto quando se desenhou e montou se este projecto. Na altura falava se de 8 a 10 mil habitantes e hoje o distrito fala de 48 mil, automaticamente a conduta não esta a altura de fazer face a esta demanda.
A nível do governo este previsto um projecto que contempla uma conduta tutora nova a ser colocada em paralelo a esta actual e também vão retocar a já existente nos sítios mais críticos e vai melhorar significativamente em termos de abastecimento de água, pelo menos há essas garantias. Neste momento como acção de emergência, colocamos o problema ao governo, conselho municipal a direcção de tutela, Direcção Nacional de Aguas e Obras publicas que já conhecem a situação.
É caso para questionar onde esteve o governo da Frelimo todos estes anos enquanto a conduta ia se degradando! Mas não só destes problemas sobrevive a Ilha, o fantasma dos 7 bilhões da administração Guebuziana, deste lado vai para as áreas da pesca, turismo e a agricultura como prioritárias e com falta de fiscalização. Para o jornalista do Centro multimédia de Moçambique na Ilha (Rádio Comunitária) Jamal Imussa em contacto com a nossa reportagem, a situação é mais grave.
De cinco meses para cá a ilha vive problemas de água e a tecla é sempre a mesma, avarias e cortes constantes de energia que danificam o sistema eléctrico de bombas e com repercussões drásticas para a saúde pública onde as soluções são de curto prazo. No hospital diariamente entram entre quatro a cinco doentes que baixam com problemas intestinais ou diarreias. Felizmente todavia não provocaram óbitos porque a direcção da saúde tem sido muito eficiente mas, o ponto mais alto verificou se no ano passado em que a própria direcção da saúde comparticipava na contribuição do cloro para os tanques da empresa de Aguas e, hoje o que vem agudizar a situação assenta na pouca quantidade de cloro que a saúde tem recebido para serviços internos do hospital e já não da para doar. Não sabemos para onde vamos.
Pesca
De acordo com o Administrador local António Saules, os sete bilhões vão mais para os sectores da agricultura, pesca e comercio como áreas prioritárias.
“Estamos a criar condições para a instalação de um mercado de trânsito do outro lado da ponte onde todo o pescado vai ficar e acho que ai estará um pouco livres. Na pesca não atingimos o desejado porque ainda temos as pessoas que utilizam redes mosquiteiras e para reverter esta situação estamos a substituir essas com as de malha”.
Temos uma máquina de processamento de pescado mas o escoamento é feito de forma desorganizada porque a maior parte das pessoas tiram o produto marinho em camiões ou metem na chapa de noite para a cidade de Nampula, Namapa e no meio não se consegue controlar e outros fogem ao fisco. Estamos a espera do acabamento das 2 pontes. Neste momento a circulação é feita de forma desregrada e ali na ponte não é fácil colocar alguém a controlar o pessoal que passa de carros”
Baseando me na ineficiência da administração quanto a fiscalização da saída do produto pesqueiro da Ilha uma das principais fontes de receita, leva me a cogitar que quando os camiões atravessam a ponte tornam se invisíveis. Será que mais alguém se beneficia do dinheiro da tamanha invisibilidade?
Mas segundo Sales nem tudo nem tudo vai mal “A Ilha esta a desenvolver embora tenhamos alguns problemas como é o caso da recuperação de ruínas, aumento de sanitários públicos. A Unesco tem muita coisa por fazer estando neste memento na reabilitação da fortaleza e apercebe se que algumas ruínas são privadas e como tal os proprietários é que devem fazer a sua recuperação mas obedecendo o sistema arquitectónico da ilha. Este processo exige muitos custos, desde a areia que tem que se ir buscar no continente a semelhança dos Correios, TDM que eram runas e não tinham quase nada e hoje estão reabilitados”.
Turismo
Este ano fica um pouco fraco porque não aparecem muitos turistas como antes. O turista sempre aparece mas com a construção da ponte e aqueles tambores sobre esta impossibilitando a circulação normal, muitos vem uma vez e não voltam. São obrigados a mudar de carro no continente e pedem a alguém para que lhe deixe no insular e isto não ajuda. Mas talvez devidas as nossas pontes que ainda não estão concluídas, a de cais e a outra que serão entregues ate Marco do próximo ano.
A nossa reportagem também constatou que outro aspecto que também afugenta o turista recai nos constantes roubos que se verificam na paragem do vulgo chapa em frente a padaria Nampula, ponto de partida para a ilha, por conseguinte o mesmo sítio onde também roubaram a minha Canon D 450 quando em trabalho me dirigia a ilha e que segundo a policia o larápio vendeu-a a 1500 meticais!
Em contacto com um dos guias turístico e artesão local de nome artístico Robson natural e que cresceu na ilha, que falou nos com conhecimento de causa disse que o turista vai mais a Ilha no mês de Agosto época de férias pela Europa com intuito de relaxar em África e, principalmente na ilha de Moçambique entram em quantidade, contudo menos turistas moçambicanos.
O Administrador Saules tenta galvanizar a Ilha ‘”Estamos no inicio da construção de dois Hospitais, um rural no continente sitio de maior aglomeração populacional e o outro aqui no insular com dez camas faltando apenas um estudo ambiental. Antes pensamos que devia se reabilitar o Hospital que existe mas, fomos ver que não porque é como construir quatro hospitais novos para 48 mil habitantes. Temos a rádio comunitária e não há interferência. A rádio é do povo e não do administrador.
Referir que o colega da Rádio comunitária, o Jornalista Jamal Imussa com um processo orquestrado em tribunal diz durante as campanhas eleitorais sempre existe uma grande agitação e o mínimo erro que surge dizem este não é nosso. “Sofremos pelo lado da Frelimo e da Renamo. Fui parar ao tribunal onde tenho um processo na procuradoria provincial por falta de provas; um indivíduo tanzaniano que tem dinheiro, dono de uma empresa de transportes a City BoY a maior aqui, lançou uma criança dos seus 16 anos de idade murro abaixo com uma altura de cinco metros e fomos ver a criança, isto é, aprofundar o caso e veio a polícia contra nós. Perguntamos porque é que o moçambicano sofre no seu Pais. Não queremos ser assediados”

domingo, 14 de novembro de 2010

FESTIVAL DE ZALALA FECHOU COM 15 FACADAS



FESTIVAL DE ZALALA FECHOU COM 15 FACADAS
Texto e fotos: Estacios Valoi
15/11/10
Realizou se nos dias 6 e 7 de Novembro a 3 edição do festival de Zalala na Zambézia
Já na ressaca do festival que registou uma avalanche de e que custou um milhão e quatrocentos meticais a prior foi conturbado devido a ausência de patrocinadores.
Com destaque para a companhia de telefonia móvel Vodacom incluindo outros como patrocinadores uns, menos sérios que os outros num evento onde estiveram cerca de 10 mil pessoas, que desfrutaram não só da música, dança, artesanato desportos, gastronomia onde ate as barracas do museu se fizeram presentes nem tudo foi como anteriormente previsto.
Apesar deste alinhamento, nem todos puderam estar em palco como no caso de um dos mais conceituados músicos da Zambézia, Mafende a esteira deste alinhamento dos seguintes artistas; ‘Amostra sobrinho Humorista Zeferino, Silva Putos Meme e Mafende, Maryland e Sisko, dança moderna com Putos Mabassa, Will G, António Mulalamaga, Pureza Uafino, Mr.Conselho, Saldicos e Garimpeiros, Juma Jeberiwa, Massukos, Bidju, San Neko, Dédé, Musica Vodacom, Nelo Ola, Tudulos, Aly Faque.
Há quem diga que alguns dos patrocinadores foram compulsivamente obrigados pelos organizadores a patrocinarem o evento e com alguma mão do Governador local que a todo custo queria que este fizesse parte do seu mandato, o que não fugiu a regra, traduzindo se nos seus discursos de abertura, reabertura, fecho e encerramento. Mas vamos a o que interessa.
A electricidade de Moçambique também esteve em peso com os sucessivos cortes de energia por longo tempo e a ineficiência da polícia dando azo ao registo oficial de 15 esfaqueamentos e roubo de uma viatura. Contudo os milhares de entusiastas e amantes da dança música, gastronomia e não só não arredaram pé.
Segundo uma das fontes policiais em anonimato disse os 15 individuos esfaqueados anunciados pelo departamento da saúde da Província deveu se a falta de coordenação entre as partes e enfatiza que estes casos foram de menor gravidade e que nenhum processo deu entrada no posto policial de Zalala.
Mesmo com a ausência de alguns músicos em palco como Mafende a festa foi marcando os dois dias e noites em que luzes, som, cor cruzavam viagem pelo mar levados pela brisa que num evento onde a banda mais bem paga foi a dos Massukos com o bolo de 200 mil meticais não deixando seus créditos em mãos alheias e os outros com menor quinhão mas que quando se trata destas coisas de dançar, cantar fazem no por convicção.
Os meninos de fraldas, vulgo ‘mugoonda’ na língua local, do grupo de canto e dança Tudulos cá da do sítio, os madalas metálicos também de fraldas, Pureza Uafino, Biju, Garimpeiros também fizeram se sentir perante aquele público ‘dorminhoco’ que nem palmas conseguia bater como se os únicos artistas fossem os outros em palco. Mas o dia e a noite não ficaram por aqui, tendo sido inclusa a gastronomia local, artes plásticas, modalidades desportivas como Canoagem, Futebol, Voleibol, concursos de melhor bikine, melhor dançarino, cantor e outras actividades que a prior serviram como válvula de escape.
Um dos músicos presentes foi Aly Faque que para alem de cantar também teve que andar com os seus CD’s em mão tentar e/ou a vender.
É a primeira vez que faço parte do festival e trago novidades, vários temas como Stela e CDs a venda a 250 meticais, alguns números que vou cantar ao vivo para conseguir agradar ao público numa mistura entre o tradicional e o contemporâneo, a tal música ligeira, diversificada com aceitação ‘e boa e todos os com 6 álbuns são preferidos. O público deve esperar sempre aquele agrado, aquilo que vou cantar e dizer nas músicas. A associação dos músicos tenta mas não consegue, os direitos do autor existem mas funcionam com dificuldades e a pirataria nunca deixa de afundar o músico.
Enquanto os donos da casa debatem se com a falta de estúdios de gravação a banda local os garimpeiros vão a procura do’ precious’, o brilhante e nesta festa apenas tocaram uns números do álbum ainda por vir.
“ Um dos temas intitulado Nadjeza que quer dizer esperavam e, esperamos ansiosamente assim com a população e os nossos admiradores, nunca tivemos problemas de mercado e na Zambézia existe muita oscilação, não há editoras, estúdios. ‘E preciso que exista um mecanismo avançado, existem muitos espaços onde actuarmos, já passamos por vários palcos e temos que ir sempre a Maputo porque alguns dos nossos músicos vivem e gravar com alguém confiado. Estamos a tentar pelos nossos meios, temos estúdios mas não convencem muito. Verdade que o nosso publico não ‘e destas paragens mas actuamos em casamentos, boates e aniversários. Não existe promotor de espectáculos”.
Enquanto os Massukos segundo o líder vocal vieram ao festival por mais uma questão de interacção. Viemos mais por uma questão de interacção, fazer parte desta grande festa cultural, desta grande família e mostrar o pouco de Niassa”.
‘”Trouxemos algo novo, uma musica intitulada Kundopola o que significa estão a mandar me embora de casa devido a conflitos familiares que vai fazer parte do álbum do nosso 3 álbum a ser preparado. No Niassa temos promotores e agora haverá um festival nos meados ou finais deste mês, o Festival do Lago. Gito Katawala apesar de estar nos Estados Unidos tem contribuído e sempre que vamos gravando ele tem a oportunidade de ouvir e tem dado alguma opinião nos arranjos. Torna se difícil fazer uma critica sobre o mercado moçambicano, ainda estamos em vias de desenvolvimento.
O Festival de Zalala foi muito positivo, muita participação do público acolhimento, isso importa mais e apelamos a paz. Levo da Zambézia o que ‘e a cultura daqui, a galinha zambeziana, acolhimento, simpatia das pessoas, amizade”,
Segundo factos constatados pela nossa reportagem geralmente o movimento cultural na Zambézia regista se mais quando chega um alto representante do Partido Frelimo a semelhança do que recentemente aconteceu com a chegada de Filipe Paunde a esta cidade.
O Director Provincial da Educação e Cultura da Zambézia José Luís Barbosa Pereira que também fez se ao festival diz que a Zambézia ‘e por excelência cultural.
“A Zambézia é por excelência uma província cultural, vamos promovendo debates, festivais porque ‘e na Zambézia onde nos encontramos Eduardo White, Hélder Muteia, Enruga, Armando Artur nas varias bibliotecas. Levamos dois jovens a ganhar prémios nacionais, temos promovido secções de teatro que quando levamos lá para fora para Chimoio são aplaudidos. É preciso disciplinar um bocadinho, reunir todos os fazedores da cultura e fazermos planos para o futuro e assim podemos saber se avançamos ou não. Penso que não há nenhuma contradição, quando há planificação e boa vontade nos podemos explorar bem a casa da cultura. Verdade que temos um cinema estúdio que funciona como cinema e discoteca e temos que pensar o que vamos fazer com o cinema águia “.
Quanto a fraca aparição de alguns músicos perante o publico, o director eufórico iluminado pelo festival esqueceu se que por estas bandas a questão do desenvolvimento cultural continua um caos.
”Equivoco, temos o Mafende, Saldicos, grupos de teatro que vem do Chinde, Inhassunge, a Júlia Duarte aqui de Sofala a surpresa que vem de Maputo que nós não sabemos, tudo prato a zambeziana.
Não é fácil fazer um investimento na área cultural, ainda não tem uma boa aparelhagem. Os lucros na casa da cultura saem com muita dificuldade mas eles actuam independentemente. Se é uma campanha ou não do governo central vamos trabalhar e se o senhor jornalista me ajudar e outros músicos que andam na diáspora vão preferir voltar a sua terra e desenvolver. Os fazedores dizem que estamos estagnados. Este mês quero sentar me com os fazedores da cultura, saber o que vamos fazer. Nada esta perdido a cultura é uma realidade, gastronomia, dança de lata, da cobra, Nhanbarro. Um vasto leque”. A surpresa que veio de Maputo Zico ‘ Maboazuda’ não se fez soar.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

“ Na Zambézia não há problemas de fome ou bolsas ”


Fracasso ou não da “revolução verde”
“ Na Zambézia não há problemas de fome ou bolsas ”
Texto e fotos: Estacios Valoi
11/11/10
A luz do inquérito dos Orçamentos Familiares de 2008/9, uma pesquisa do Instituto Nacional de Estatística (INE) parceira do Ministério de Planificação e desenvolvimento ilustra que as politicas de luta contra a pobreza ‘ revolução verde’, apanágio do governo são um fracasso em Moçambique.
Recentemente mais um relatório da Inspecção Geral de finanças na posse de um dos jornais da praça reitera o descalabro em que as políticas do Governo de Armando Guebuza não respondem as necessidades do Pais. O relatório de auditoria do sector agrário em Moçambique produzido para a Inspecção Geral de Finanças (IGF), pela empresa de consultoria “Eurosis”, elaborado a esteira do apoio orçamental que vem sendo feito pela comunidade internacional, este é um dos instrumentos de medição do impacto das verbas disponibilizadas pelos países mais ricos.
No Inquérito sobre os Orçamentos Familiares a Província da Zambézia é a mais visada com o maior índice de pobreza evidenciando a inoperacionalidade em que o sector agrário se encontra a deriva, contudo o director da Agricultura desta Província Mohamed Rafik Vala categoricamente afirma que a província sob sua tutela não é pobre e que muito menos regista casos de bolsas de fome e generaliza.
“ Neste momento não há problemas de fome mesmo das bolsas na Zambézia. E vou falar da produção agrária no geral a Zambézia ate a presente época do ano fez uma área de 1.262.000 hectares para uma produção de 3.442.000 toneladas de produtos diversos, com ascendência para tubérculos como a Mandioca e Batata-doce, cereais sobre tudo o Milho, Mapira e Arroz. Na análise da segurança alimentar que temos feito, grande parte da população tem alimentos para suplantar aquilo que é a dieta dos agregados familiares, sobre tudo no meio rural”.
‘Já há um ascendente razoável na produção de culturas de rendimento como a Soja no Distrito de Gurue, Gergelim no distrito de Mopeia e Murrumbala. Tabaco no Distrito de Alto Molocue, Gurue, Milange e um pouco em Namaroe. Culturas de rendimento nos Distritos de Pebane, Gile, Maganja da Costa, Mocuba e de alguma forma o Distrito de Namacura’.
O Amendoim que começa a ter um ascendente muito forte para o mercado. Hoje grandes retalhistas do Sul do Pais vem a Pebane, Ile comprar o Amendoim a um preço de 12mil meticais o quilograma que depois é vendido no mercado de Xipamanine a cerca de 40 mil meticais. Há dinheiro nas mãos dos produtores, podem comprar o produto que lhe falta para a família ter um equilíbrio”.
Mas é exactamente no meio rural onde os 7 milhões apadrinhados pelo governo de Guebuza estão alocados e que segundo os relatórios constata se a maior problemática da fome. Zambézia não é nenhuma ilha isolada.
Vala contradiz se reiterando que a questão das bolsas de fome estão em zonas inóspitas com alguma baixa precipitação em termos de pluviosidade no padrão de 300/400 milímetros ano, solos com muita baixa fertilidade.
“ Segurança alimentar é um leque de actividades desde a produção agrária, pesqueira do carvão... Se as pessoas tiverem um desses produtos e vender obviamente que tem dinheiro para comprar farinha, por isso na Zambézia a mais de dois, três anos que não se houve falar de que há pessoas que morreram a fome. No Distrito do Ile produzimos Mandioca e este ano saiu bem, uma das campanhas soberanas que deu até o mês de Junho
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o homem deve nutrir se em 2100 calorias dia, o que significa mais ou menos 415/420 Kg de alimentação equilibrada. Europa no velho continente significa que um homem adulto deve ter as 4 refeições do dia. O que esta a acontecer nestas zonas que nós denominamos com algumas bolsas de fome, é que as populações não têm este rigor de nutrição alimentar”.
“Não devemos inventar outra revolução, a índia e o México fizeram a revolução verde não em cinco, seis anos, mas desde o tempo do Gandi e perdurou cerca de 18 anos. Foi sendo mudada, comutada a medida que se iam notando alguns obstáculos. Dizer que estamos no bom caminho e hoje a Província da Zambézia estrategicamente quer reeditar muita força na política agrária tendo mais empresas a fomentar culturas, mais ‘ Know How’ aos próprios produtores, fortalecer o recurso humano. Muitas das vezes tenho denominado que o professor tem que estar no meio rural com o camponês para ensinar com as tecnologias.
Enquanto Vala passeia pela, índia, Vietname, Europa, aqui na Cidade de Quelimane há pessoas que tem menos de três refeições dia, isto para não fazer menção as verdadeiras empresas de mendicidade que se registam e com a ‘revolução verde” convido o director a um périplo por um dos Distritos com problemas de fome, Chinde e, talvez optar por uma revolução cor-de-rosa considerando a importância da agricultura de subsistência.
“O próprio produtor tem que trabalhar mais, com enxada de cabo curto, a tecnologia é importante e temos que assumir que tem que ser eficiente, por isso estamos a promover a atracão animal a utilização de tractores. A agricultura de subsistência tem um paradigma importante é que esta é feita intrinsecamente para a produção de alimentos, uma das coisas que em termos de estratégia do governo da Província o desafio é produzir para ter os seus alimentos ou pelo menos uma ou duas culturas de rendimento para a pessoa poder ter qualquer coisa para ir ao mercado”.
“Estamos a trabalhar com a população na Zona de Mapira, Mugogodo, Posto sede em Mopeia, Megaza onde recentemente saiu muito tomate, o feijão bóer da última colheita porque atrasou esta sendo comercializado desenfreadamente, vendido a 15 meticais o kg, tem a Mandioca, tem o feijão bóer e se ele vende pode ir comprar outros produtos.
De uma forma geral o status da segurança alimentar neste momento em que estamos, Outubro é razoável e queremos ir para estas zonas inóspitas a que me referi. Na África Austral, países como a Zâmbia, Zimbabwe, Malawi utiliza se a agricultura de conservação, isto é, conservar a própria humidade, chove pouco conserva e a cultura garante o processo vegetativo mas para isto tudo é preciso que tenhamos o recurso humano, o agente de extensão para estar próximo do próprio produtor”.
Quanto ao referido nos relatórios sobre a Zambézia ser a Província com maior índice de pobreza no Pais o timoneiro do pelouro da agricultura nesta parcela do Pais Mohamed Rafik Vala dá azo as suas convicções
“Não gostaria de desenvolver isto. Tenho convicções próprias de um indivíduo que trabalha a mais de 20 anos no terreno e agrónomo como tal desmistificar de mim mesmo que a pobreza é muito relativa. Uma vez estive no Vietname e disseram me, esta família ou comunidade há cinco anos era pobre mas hoje já não é tão pobre. Se olhar para estas famílias e fazer uma comparação com a zona Sul do Pais onde há mais latifundiários, melhores oportunidades, se um indivíduo hoje tem uma bicicleta então comparando a um sujeito que tem um carro eu sou pobre porque ainda não consegui acumular para igualar ao meu vizinho. Mas psicologicamente o individuo que tem a bicicleta esta preparado para dizer que eu já consegui resolver parte do meu problema”.
“Não quero falar do inquérito porque este teve como base bens de consumo e falo com alguma convicção e propriedade da informação que estou a passar, em Milange, Gurue, Namaroe, eventualmente Murrumbala, zona do Chire as pessoas já tem melhor meio de comunicação. Um dos elementos de análise de pobreza na Índia e que foi ultrapassada constatou se que toda a população tinha rádio e as mensagens do governo eram ouvidas, desde saúde em diante e eram acatadas, contudo era preciso trabalhar mais com as pessoas e, este ambiente todo já aparece na Zambézia.
Nestes estudos são importantes os aspectos culturais, sociais e mesmo antropológicos das famílias que não são avaliadas e muito menos especuladas pelos indivíduos que fazem o estudo”.
Por um lado existem casos de produção excessiva aqui e mas adiante bolsas de fome. Não é preciso ir as índias para constatar estes dados.
“Nós precisamos de aprimorar a nossa rede de comercialização, maior cobertura. O governo esta a controlar mas hoje os retalhistas por exemplo, estão em barracas. O Governador da Província já emanou uma orientação que os chefes das localidades devem saber quem comercializa o que para termos um status estrutural a partir da base e saber o que esta a acontecer. Concordo plenamente que em desenvolvimento ainda temos fraquezas.
Na campanha 2003/4, por ai este ano ouvia se a palavra fome na província da Zambézia. No quinquénio passado ate 2009, ultrapassamos. Agora a grande parte da população não só tem produção para comer mas também para ir ao mercado, algo muito importante em desenvolvimento. Portanto temos que modelar melhor o nosso sistema de comercialização dentro das cantinas rurais”.
“Sei que a rede de estradas na Zambézia é razoável e permite que os que pretendem fazer a comercialização possam levar o produto de um lugar para o outro e talvez ai tivéssemos que fazer um outro tipo de análise que não seria só a estrada. Alguns transportadores não estão bem induzidos e catalisados a entrar nesta rede, afirmo de fontes muito informais que o custo do transporte fica caro.
Mas acredito que as grandes empresas com uma outra estrutura económica que tem vindo a zona de Murrumbala comprar Milho não põem esta questão em causa. Uma das assunções que defendo é paulatinamente potenciar as pequenas e medias empresas não só da área agrária mas outras. São transversais para termos um equilíbrio desde a cadeia de produção até ao mercado completando a de valor sem grandes ruídos ou fraquezas e neste sistema o produtor é que ficará a ganhar”.