quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Caca furtiva
90 Animais em transferência para a reserva do Gilé
Texto e fotos Estacios Valoi
02/10/13
Segunda operação de transferência de búfalos dentro do território nacional desta vez levado a a partir da Reserva Nacional do Niassa para a Reserva do Gilé na província da Zambézia
No total são 90 animais de entre os quais 50 Búfalos, 20 Bois Cavalo, e 20 Zebras a no âmbito do comprimento do plano estratégico para o desenvolvimento do turismo particularmente nos sectores das áreas de conservação onde tem a obrigação de restaurar os parques e reservas através do repovoamento
Num total de cinco viagens a serem feitas até ao fim do processo que terá continuidade esta quinta-feira, já foram transferidos 22 Búfalos, 20 Bois Cavalo e cinco Zebras numa operação que envolve cerca de 20 profissionais, tanto da reserva do Gilé, Ministério do turismo na área de conservação, Reserva do Niassa, parceiros GF, Wild Life Conservation Society.
Segundo o administrador da Reserva Nacional do Niassa Cornélio Coelho Miguel esta é a segunda operação do género, “depois da primeira operação de transferência de Búfalos ter sido realizada a partir da Reserva de Marromeu”.
Temos uma população estática de búfalos. Em 2012 tivemos um senso aéreo e os números estavam em 6220 e hoje, em função do senso 2011 tivemos 2627 búfalos, então é uma população que apresenta alguma estabilidade mesmo estando a fazer se caca desportiva na zona tampão, são números sustentáveis que podemos dar o Gilé e assim incentivamos a reprodução das manadas que forem ficando”.
A Reserva Nacional do Niassa com uma extensão de 50km2 alberga cerca de 40 mil pessoas oriundas dos oito distritos desde Mavago,Mecula, Marupá, Mwenbe, Ndakupo, Mueda, Montepuez e Quissanga que compõem a reserva. A questão do homem conflito animal e a caca furtiva fazem parte do dia-dia da reserva e de acordo com Cornélio, ‘e um grande desafio”
“ É um grande desafio porque temos população e a mesma tem necessidades, quer do consumo da proteína animal, corte de árvores e todas as outras ligadas ao desenvolvimento local. Por outro lado temos a reserva que tem a vocação de conservar a biodiversidade quer em animais e floresta, quando não temos clareza de actuação isto pode trazer alguns constrangimentos e um deles, se não temos o ordenamento territorial devidamente feito acabamos vendo pessoas a se instalarem em qualquer área, incluindo até em corredores de fauna e isso acaba até trazendo problemas entre o homem e animal que resulta no que chamos de conflito na fauna bravia”
Também há a abertura de campos agrícolas em zonas que são de frequência de animais que acaba sendo outro constrangimento, temos estado a trabalhar com os governos locais nos distritos relevantes da reserva que são Mavago,Mecula, Marupa, Muende, Ndakupo, Mueda, Montepuez e Quissanga. Acredito que este trabalho conjunto pode nos conduzir a resultados positivos, nós temos o plano de maneio como um instrumento orientador das actividades e o distrito tem os planos de ordenamento territorial.
Apesar do Búfalo ‘ ser sustentável”, o mesmo não acontece com o elefante que de 2009 a 2011, reduziu consideravelmente.
“Fazendo referencia do senso de 2002 tínhamos 13.061 elefantes e em 2011 reportou 12.029. Sublinhar que em termos de numero de elefantes existentes em 2009 o senso teve o seu pico que foram cerca de 20.374, isso deve ter sido motivado pela movimentação de animais de vários pontos pela segurança que a reserva tivesse mas pode ser pelas condições ecológicas quero me referir ao pasto, a presença de agua e depois, o critico é que esse numero baixou em 2011 e, temos varias hipóteses a considerar mas principal é a caca furtiva”.
Mas de acordo com Dave Lawson gestor da reserva em representação da Wild Life Conservation Society que vem desenvolvendo as suas actividades em parceria com Reserva Nacional do Niassa em prol do seu desenvolvimento e melhoria na protecção dos recursos existentes, novos empreendimentos vão sendo levados a cabo assim como as condições gerais para os funcionários do parque.
“Temos estado concentrados no desenho das novas instalações para os fiscais, em geral melhorar as suas condições de trabalho, novo código de conduta, formação logística para que os bens sejam facilmente canalizados aos lugares mais remotos, tudo que seja necessário num projecto que atualmente esta a ser financiado por um único doador americano David Bondaman com grande interesse na conservação em especial a do elefante o qual prometeu o apoio para até o final de 2014. Mas claramente que estamos a procura de outros doadores incluindo os governos moçambicano, US e Francês.
Temos um outro doador milionário que nos prometeu apoiar na abertura de furos de água, isto porque aqui temos problemas sérios de água, Niassa é uma zona remota e dificilmente encontramos o que necessitamos. Temos que planificar semanas antes e irmos a loja em Lichinga, Pemba. Tivemos que criar um sistema que a tempo e horas possa garantir que o equipamento, produtos, seja pago e que nos seja entregue e, claro que muitas organizações não farão entrega directamente para uma zona remota como o Niassa”.
“Temos que cuidar dos fiscais, no tivemos uma formação de novos fiscais no mês de outubro do ano passado estão a ter boa integração, temos os oficiais com uma vasta experiencia e gradualmente vamos formando mais e será neste mês e penso que a caca ao elefante reduziu durante os últimos 18 meses em que estamos aqui, as nossas operações são realizadas com algum secretismo.
Lei branda, a favor dos prevaricadores
Já ouvi falar do envolvimento de somalianos mas geralmente Tanzanianos que entram na Reserva cruzando a fronteira pelo rio Rovuma, Moçambicanos e, penso que os guardas fronteiras deviam ser mais eficientes nos 400km de fronteira e poderíamos fazer mais”.
“Se alguém vai roubar marfim logicamente que não vai carregar nas costas mas num camião. Na época seca podem caminhar e cruzar o rio Rovuma. ‘E uma fronteira extensa e é muito difícil controlar toda a área. Não é surpreendente que seja a passagem, a lei moçambicana é branda, as penalidades por matar um elefante são fracas. A lei diz que somos autorizados a manter as pessoas detidas apenas por 48 horas, entregamos a polícia e passado algum tempo são soltos, apenas obrigados a pagar uma simples multa.
Agricultura de conservação
Gostaríamos de trazer o que chamamos de agricultura de conservação, ensinar as pessoas como melhorar a sua produção nos solos que usam que são geralmente muito pobres com poucos nutrientes. Esperávamos começar brevemente com este tipo de agricultura, temos uma concessão na zona Este onde já começamos com o programa da agricultura de conservação e com bons resultados alcançados e queremos continuar a expandir para outras comunidades. Disse Lawson
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