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sexta-feira, 7 de outubro de 2011
Turismo em Gorongosa
Texto: Estacios Valoi
Fotos Estacios Valoi/Christian Pozo
“Desde muito cedo a paisagem dramática, e a rica fauna bravia da região da Gorongosa atraíram caçadores, exploradores e naturalistas. O acto oficial com vista a proteger este esplendor apareceu pela primeira vez em 1920, quando a Companhia de Moçambique ordenou que 1.000 quilómetros quadrados fossem conservados como uma Reserva de Caça para os administradores da companhia e seus visitantes. A Companhia controlava toda a região central de Moçambique entre 1891 e 1940, tendo sido esta área concedida pelo Governo de Portugal”.
Em 1921 começa a existir como zona de conservação e posteriormente em 1960 elevado a categoria de parque nacional de Gorongosa e conta actualmente com uma extensão de 4000km2 com a capacidade diária de acolher cerca de 40 turistas num processo, entra e sai.
Devastado por caçadores de fortunas faunísticas, pela guerra civil entre a Frelimo e a Renamo, hoje o seu estagio de recuperação essa em torno, dos 50% segundo Domingos João Muala do departamento e comunicação do parque.
“Antes, era uma reserva de caça sem objectivo de preservar as espécies, foi o bastião da guerra civil, bastante devastado e uma das razoes, acreditava-se que aqui podia comer se carne, obter marfim e o resto para se vender e adquirir mais equipamento bélico”. Mesmo depois da assinatura dos acordos gerais de paz em 1992 foi afectado.
Seguiu se um período em que o parque não era controlado e as pessoas caçavam como quisessem. Havia muita arma por todos os lados e, ate 1995/6 as pessoas faziam do parque um lugar muito lucrativo. Já em 1996 começou se a envidar esforços, de trazer de novo a equipa de conservação, a fiscalização, disminar e começar a transformar naquilo que agora temos, 50% do parque recuperado.
“Temos acomodação para turistas, iluminação, cerca de 420 trabalhadores, picadas abertas, tudo disminado, os animais a serem transladados onde já tivemos cinco ou seis alocações diferentes espécies como 54 búfalos que vieram do Krugger Parque na África do Sul, Boi Cavalo do parque transfronteiriço do Limpopo, elefantes, hipopótamos, e em Abril deste ano 4 Chitas para repovoar e acelerar a recuperação da fauna que ficou afectada durante o período de muita caca furtiva e de guerra civil “.
Impacto das comunidades sobre o parque e conflito homem animal
O parque esta bastante rodeado de comunidades e com a sua restauração através deste projecto que tem vindo a ser implementado a cerca de cinco, seis anos
Tem estado a dar muita dinâmica a toda a recuperação que estamos a ver. Temos vários operadores turísticos que concorreram no ano passado, um o ‘One África’ que já esta a explorar a um ano e meio, e o parque a receber vários turistas, nacionais e internacionais.
Na Localidade de Vinho temos uma escola a funcionar desde 2008, inaugurada na mesma altura em que se assinaram os acordos de gestão conjunta do parque entre o governo moçambicano, a fundação CARE. A outra localiza na comunidade de Nhancuco na zona tampão que foi maioritariamente construída pelo Millenium BIM com o apoio do parque, também temos em Vinho um posto de saúde construído de raiz e o outro na localidade de Nhanguo prestes a ser inaugurado. Mas temos vários outros projectos a arrancar.
Temos o Centro de Educação Comunitário (CEC), mais conhecido por Campus universitário construído dentro do Parque que é vocacionado para acolher todas as comunidades, faixas etárias para terem programas de educação ambiental. Em Nhambita uma das primeiras comunidades que se beneficiou das receitas do parque que tem uma grande serralharia.
Portanto o parque já construiu duas escolas que já estão a funcionar, a primeira é uma completa que vai de 1 a 7 classe e a segunda de 1 a quinta classe, dois postos médicos e neste momento temos um grande empreendimento que é a construção de um bairro com 32 casas tipo 3, escola, posto de saúde, espaço livre para as crianças brincarem, no distrito de Muanza na comunidade de Muereze que vai beneficiar a 72 famílias e o lançamento da primeira pedra foi a 1 de Julho último.
As comunidades recebem 20% das receitas do turismo que junto dos seus lideres comunitários decidem que tipo de infra-estruturas construir em beneficio da sua própria comunidade, aquilo que ‘e prioritário.
Ainda para a comunidade de Vinho, na área agrícola, alocamos motobombas, criamos um mercado interno que é o parque e também os trabalhadores que compra esses produtos das comunidades após a sua colheita e levam as suas casas. Portanto tem dois mercados.
O número maioritário dos trabalhadores, isto 97% do parque, vem das comunidades, essa é a política do parque, quando existe um projecto, primeiro beneficiar as comunidades vizinhas.
Conflito homem fauna bravia
É nossa vontade é de tirar todas as comunidades que vivem dentro do parque ao longo dos 4000k2 porque todos os dias registam se casos de conflito homem fauna bravia, elefantes, leões que passam pelas machambas das comunidades, constituem um perigo para as machambas para a vida das pessoas.
Muita campanha de sensibilização ambiental esta a ser levada a cabo com todas as comunidades envolvidas no sentido de mudar as mentes e começarem a ver o parque como amigo e como instituição deles. Antes as pessoas não se identificavam com o parque, e, a razão é que num período histórico recuado muitos viviam dentro daquilo que hoje se considera parque nacional de Gorongosa mas que por razoes obvias de conservação tiveram que ser afastadas, isso foi no período colonial, e não foi pacífico. Casas queimadas, pessoas escorraçadas e ficaram com mágoa.
A comunidade de Vinho tem sido um dos campos de ensaio de todos os projectos do parque, temos lá a agricultura de conservação, uma prática agrícola em que não se cortam árvores, não se aplica fogo, a pessoas fazem a sua agricultura na mesma área, não tem que mudar de espaços de quatro em quatro anos, porque aquela zona onde estavam já não produz por várias razoes como praticas incorrectas como o uso do fogo…. Que depois da colheita não se queimem os campos.
Calcanhar de Aquiles
A caca furtiva é um calcanhar de Aquiles, uma pedra no sapato. De alguma forma todas as comunidades com as quais trabalhamos e que através do parque beneficiam de novas infra-estruturas, projectos de educação ambiental, animais embora cientes de que a acção furtiva é negativa, entram e caçam no parque matam muitos. Actualmente temos uma média de 20 postos de fiscalização, mas o número de fiscais é insignificante para cobrir os 4000km2.
Segundo o formando Cashers Tembo o objectivo principal do centro e formar as comunidades sobre a importância do parque.
“Estamos no Centro de Educação Comunitário cujo objectivo principal é de formar as comunidades ao longo do parque nacional de Gorongosa sobre o parque e sua importância. Neste momento estamos a formar 10 fiscais para o parque e 25 para a Serra de Gorongosa.
Infelizmente o número de fiscais que cobre o parque não é suficiente, quiçá devido a falta de fundos mas, acredito que o mesmo vai poder empregar mais. A Serra, tem uma vasta dimensão com cerca de 30 km de extensão e 25 pessoas não podem cobrir a Montanha.
Primeiro temos a questão do desmatamento, as pessoas continuam a cortar arvores, e a floresta chuvosa de Gorongosa é a única ainda viva em toda a região da África Austral e devemos preservar. Isto é o que estamos a tentar fazer, e os fiscais têm como objectivo principal impedir que as pessoas abatam árvores na montanha, dentro da serra.
A própria comunidade faz a selecção dos fiscais que são formadas aqui para a posterior trabalharem directamente com a tal comunidade e, percebem o que o parque faz de forma a preservar as espécies. Tivemos tráfico de madeira na região de Casa Banana, as pessoas faziam o abate mas penso que esta situação já foi ultrapassada. Os que cortam nas montanhas são agricultores de subsistência que preparam os campos para a sua sementeira. Estabelecem se numa certa área, produzem durante dois ou três anos, abandonam a terra e vão para outra, onde também abatem arvores. Dissemos a eles para parar.
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