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segunda-feira, 19 de setembro de 2011
II Festival de Gastronomia realizado em Quelimane
II Festival de Gastronomia realizado em Quelimane
Estacios Valoi
14/09/11
Marco Graça, profissional de cozinha a cerca e 25 anos, um mestre na arte de cozinhar, nasceu em Quelimane Zambézia, pequeno Brasil, época dos carnavais que nostalgicamente todavia ainda vagueiam em muitas mentes que apenas esta pode levar-nos ao nosso subconsciente.
A arte de cozinhar, não foi mero acaso, mas um produto do sangue fervente dos seus progenitores, algo assim, hereditário. Contudo teve que ir praticando, entre outras vezes o baptismo de sempre, agua quente que vinha à cima banhando suas mãos, outras vezes o óleo que cai lhe cima, daqui ou acolá numa panela ou frigideira em ebulição. Sim, também o sentir da colher de pau que de vez enquanto lhe raspava a pele quando tentasse esquinar uma carninha da panela boca adentro.
Peripécias de um cozinheiro nato que começou a apimentar os tachos ainda na fase mediana a sua vida realizou vários festivais como os da gastronomia Zambézia em Quelimane.
A arte de cozinhar já o levou a Portugal onde ingressando num instituto de culinária deu o salto alem as panelas e cozinhados ainda por desvendar, mas não foi só a “tuga” que o acolheu, outros vários poucos mas muitos na sua dimensão como o Macau também puderam experimentar, saborear alguns dos seus pratos. Que o tipo é um prato lá é. Mas não foi na tuga, no oriente, na Berlenga onde o encontrei. Foi mesmo ali na zona do bairro Lisboa exactamente na LanchoNet do Morais e da Zina, uma casa que para alem dos doces, salgados é um espaço de conhecimento, tecnologia, um espaço de cruzamento do mundo, de todas as culturas pela Net, livros por ler.em fim.
Passo sempre porque estou de passagem, mas glutão que sou desta vez parei e fiquei por alguns momentos e tentar cozinhar com Manecas, mas aquela ainda não era a minha cozinha. Sim, mas pelo menos aqui esta o prato do dia.
EV- Essa longa panelada de cerca de 26 anos como profissional de cozinha e neste segundo festival de gastronomia da Zambézia, de onde surgem esses 50 pratos diferentes?
Penso que primeiro temos que dar valor a nossa arte e mostrar aquilo que a gente sabe fazer, que é cozinhar. As pessoas tem uma concepção errada daquilo que é um cozinheiro. Um cozinheiro,é um verdadeiro mestre, um artista de cozinha, e penso que ninguém vive sem comer. Comer, toda a gente pode comer, mas saber comer nem todos sabem, então é nesta vertente que digo que um cozinheiro é muito importante, porque a alimentação é a base a nossa vida. O viver tem a ver com o comer.
EV – Quando ‘e que te vem o bicho da cozinha, esse interesse insaciável?
Isto deve ser hereditário. Nós somos naturais da Zambézia e os meus avos também o eram, logo os meus pais sendo de cá, e eu nasci aqui, isto tem pouco a ver com a hereditariedade, com a feição de vida das pessoas.
Mas quando é que exactamente começas a brincar com as panelas?
Começo ainda pequenino, tentava eu cozinhar petiscos de casa porque o meu pai e a minha mãe, sempre gostavam destas lides de cozinhar em festas de casa. Comecei por fazer pequenas coisas, como grelhados, batata frita…lembro me de uma vez em que para alem de queimar as batatas também queimei as minhas mãos. Acho que era o princípio e eu não me apercebia disto. Comecei a aperceber me quando tinha os meus dezoito anos.
EV- Quem a pessoa por detrás deste mestre na arte de cozinhar?
MG -Dizer quem é Marco Graça, hehee. Penso que sou uma pessoa simples, humilde, sincera, sensata, e tudo de bom que os predicados da vida nos dão.
EV -Que colher, panelas, pratos. Trouxe para este segundo festival gastronómico a moda Zambeziana?
MG - Trouxe onças de iguarias com material local, inovando, transformando esse material local em material internacional. Comer produto local mas transformando para que as pessoas possam comer. Vou dar um exemplo da mandioca. Há varias formas de cozinhar a mandioca. Na minha terra que ‘e aqui na Zambézia, normalmente cozem a mandioca, mas esta pode ser cozida, frita, estufada, grelhada, endulceria, há várias outras formas, como fiz ontem. Fiz doce de batata-doce com coco e o buffet que fiz acabou, as pessoas comeram todo o doce. Fiz salada de batata-doce com camarão que também acabou. Isso quer dizer que temos produtos extremamente úteis e bons. Todos cozinham mas saber cozinhar ‘e uma ciência.
Estive num instituto de formação profissional de cozinheiros em Portugal -Lisboa, isto para dizer o que é a cozinha, também nos outros países onde andei, dar outros passos.
EV -Segundo festival. Que palavras para as pessoas no sentido de levar alem estas realizações de festivais do género e com mais gás?
MG- Penso que….Mas neste momento tenho que agradecer as pessoas que me trouxeram de Maputo a Quelimane Zambézia para poder fazer este festival porque realmente o nosso povo aqui na Zambézia não é que esta descorada. Em termos gastronómicos, variedade, gosto, paladar a nossa cultura é uma das mais ricas e se não a mais rica de Moçambique mas falta um pouco de... Não queria falar mas tenho que falar. O nosso governo a escala nacional deve incentivar o empresariado, assim como as organizações, não basta só fazer panfletos mas criar uma serie de coisas para dinamizar a nossa gastronomia. É assim como fazem nos outros estados, digo entre “ Portugal, Espanha”, eles tem a gastronomia ligada ao turismo e penso que o turismo não pode ser uma ala dissociada com o bom e bem comer.
Penso que já sou um cozinheiro com uma certa dose de experiencia, com gabarito internacional e uma forma que me conduz e diz como é que o nosso Pais pode desenvolver. Turismo, não é só dormir. As pessoa pensam que vão construir um hotel, uma pensão, isso são partes financeiras. Nós também temos que ter a parte humana, cultural que é para o nosso Pais crescer mais em termos de turismo. Penso que é isto.
EV -Componente recursos humanos. Neste momento em que estagio poderia encaixar a Zambézia?
MG -Poderia, não porque pense que a Zambézia esta esquecida. Em termos de gastronomia, cultura penso que neste momento a Zambézia tem tudo para dar certo porque tudo tem um elo de ligação. Vamos ver que nós aterramos aqui no aeroporto de Quelimane e esta na mesma, quando digo na mesma, não muda de face, portanto não há um desenvolvimento em termos culturais gastronómico. Ex. As pessoas cozinham o Balchau, um camarão que aqui o povo da Zambézia cozinha tradicionalmente, fazem com tomate um bocadinho de coco e limão mas que esse prato transportado para fora da Zambézia tem muito valor e toda a gente gosta.
EV -Faltam recursos humanos capacitados na Zambézia, já têm alguns discípulos?
MG -Neste momento não tem e penso que é um pouco precoce falar dessa maneira porque realmente aquilo que eu faço tento transmitir ao próximo, não escondo nada. As pessoas que estão ao meu redor, as que queiram aprender a cozinharem. Não tenho mãos a medir e, quando isso acontece fico satisfeito.
Estamos aqui a falar de um lugar especifico, tenho que dizer te que é a segunda vez que venho para aqui, agradecer as pessoas que me trouxeram ate aqui que são os donos da Lanchonet Net que é o senhor Manecas Soares e a Senhora Zina Mogne, que apostam nisto, e sem apostar a gente não vê resultados. Em termos gastronómicos só podemos medir a amplitude quando se aposta.
O festival esteve bastante bom. Não foi por causa do 7 de Setembro que as pessoas aderiram. Estava cheio e, isto para mim significa algo, parece que as pessoas já gostam de comer porque o comer bem não significa ter dinheiro e pagar. Significa que a comida tem que ter qualidade e para as coisas terem qualidade.he he he. todos os dias que faço um festival destes começos com este trabalho as três da manha porque tenho que equacionar que quem vem comer tem que comer bem, independentemente da cor dinheiro, religião.
Primeiro tem que ter esses três conceitos e segundo eles vem aqui também para medir. As pessoas vêm, ficam admiradas quando o festival decorre desta maneira. Ontem inqueri alguns clientes, ficaram sem saber mas como é que faço essas comidas, e então numa das minhas alocuções no mesmo festival em que havia musica tive que dizer que isto foi feito graças a duas pessoas que para alem de serem donos do espaço, algo que não tem nada a ver com isso porque aqui dentro de Quelimane…há muitos espaços, tem uma forma, um bem, um luxo mas que as coisas não condizem com as coisas que foram feitas ontem.
Fora das lides da cozinha, também sou um ser humano e estou aqui de calções, a fama não tem nada a ver com a pessoa, eu não vou por aqui gravatas que isso não tem nada a ver. Parto do princípio que primeiro tem que se ser e depois ter, não sei se estou errado mas é isso.
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