Zambézia com bolsas de fome
Texto e fotos: Estacios Valoi
12/08/10
A Província da Zambézia vem enfrentando desde tempos o problema da existência de bolsas de fome um pouco pelos distritos e localidades que a compõe.
Entre os Distritos afectados encontram se o de Mocuba-Localidade de Magogodo, Macuze na localidade Mechichine, Namacura sede na Localidade de Furquia, em Mopeia na Localidade de Cocorico.
Em contacto via telefónica com o Chefe do Posto Administrativo de Micaune no Distrito de Chinde Rui Manuel Caminho, este confirmou a nossa reportagem sobre a existência de bolsas de fome naquele local.
Segundo Caminho dados referentes ao mês de Maio do corrente ano tinham 975 famílias, cerca de 4.500 pessoas afectadas com destaque para as ilhas de Alfazer, também na localidade de Magaza, Deia em Mitange e na Localidade de Arijuane’.
Em contacto com o director do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) da Zambézia João Zamissa para nos fornecer mais dados sobre esta questão pertinente que também vem minando o desenvolvimento daquele e outros distritos nesta província, esta resultou num ‘fracasso’.
O timoneiro do INGC na Zambézia que na altura se encontrava de visita ao Distrito de Chinde, peremptoriamente via SMS afirmou, ‘ pelo que eu saiba na Zambézia não temos fome’.
Estas afirmações contrastam com os dados acima referenciados e outros por nós adquiridos. Leva-nos a entender que Zamissa esta a mentir.
Uma das organizações que também se encontra a exercer as suas actividades naquele Distrito na vertente da prevenção de riscos e mitigação em coordenação com o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), comités de gestão de risco onde ate a presente fase instalou sete sistemas de rádio VHS na base do Distrito de Chinde e outras áreas remotas assim como nas zonas do Distrito de Caia para que a informação seja dada a tempo e horas pouco disse sobre as bolsas de fome.
Para o representante da Concern Worldwild na Província da Zambézia Anibal Machava, a questão das bolsas de fome, estas principalmente circunscrevem-se no acesso as áreas que enfrentam este tipo de problemas e para ele em Chinde não existe fome e vai puxando o peixe a sua brasa sem confirmar ou desmentir o facto.
‘Quando chego a Chinde não há fome. Em termos agrícolas temos canalizado sementes de arroz, hortícolas, temos uma bomba de irrigação, oito furos de água e isto já esta a ter seus efeitos. O problema que agora tenho em Chinde já não é de fome mas sim do excesso de produção, especialmente de hortícolas. Nesta primeira campanha tivemos couve, alface, cebola, mas isto devesse a estes micros projectos de mitigação que estamos a implementar, porque quando há cheias as machambas é que são afectadas então tem que se desenvolver culturas de ciclo curto de modo que quando se registarem cheias a população tenha já feito a sua colheita.
‘Quando digo que não há bolsas de fome, refiro me as zonas onde nós desenvolvemos os nossos projectos de mitigação, Chinde é uma terra muito rica mas com problemas de acesso e este é um problema chave. A falta de escoamento, da agra secagem, armazenamento da produção, da pecuária são alguns dos factores, então torna-se necessário desenvolver técnicas. Já se fala de silos e comercialização.
Como tarefa do governo nesta área é preciso apostar nos regadios, projectos-piloto para despertar a atenção da comunidade. É preciso que se tenha uma modernização agrícola mas primeiro deve se olhar para a comunidade, e grandes projectos implicam grandes estudos e isso não resolve problemas imediatos’.
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segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Distrito de Chinde beneficia de novas Escolas
Distrito de Chinde beneficia de novas Escolas
Texto e fotos: Estacios Valoi
12/08/10
A Organização não governamental Concern Worldwide entrega oficialmente ao governo moçambicano mais 3 escolas no Distrito de Chinde na Província da Zambézia no final deste mês de Agosto.
Desde que ONG começou a desenvolver as suas actividades na área da educação básica em 2006, actualmente conta 8 escolas construídas com cada sala orçada em cerca de 10mil dólares para albergar 39 mil crianças.
As 3 Escolas a serem entregues para leccionar os níveis do EP1, EP2, ate o EP 6 nas localidades de Chinde C, Nhangalaze, Muinde, Chacuma, Chacuma 2, cada uma é composta por três salas completamente apetrechadas, bibliotecas e outros materiais didácticos.
De acordo com o representante da Concern Worldwide na Província da Zambézia Aníbal Machava este feito faz parte dos 4 resultados preconizados pela sua organização num período de cinco anos com ênfase na educação da rapariga.
‘As metas até aqui alcançadas têm maior enfoque no acesso da rapariga a educação, o enquadramento dos Pais e encarregados de educação na gestão escolar, o trabalho com professores e técnicos dos serviços distritais de educação no sentido de melhorar as condições assim como a qualidade do ensino no Distrito’.
‘ As primeiras cinco construções de raiz foram feitas por empreiteiros enquanto as três últimas pela própria comunidade mas isto dentro dos seus próprios anseios onde os Pais contribuíram com a sua mão-de-obra, escolas completas ou não. Temos salas de aulas ainda sem tem latrinas, outras porque os Pais gostariam que tivessem uma secretaria, uma casa para professores, entao estes projectos são feitos com o conselho de escola.
Frisar que as cinco escolas no Distrito de Micaune são as primeiras a serem construídas desde a independência nacional. Temos uma EPC na localidade de Magaza com 3 salas, EPC Samora Machel e Mucinde, todas pré-fabricadas com estruturas metálicas compostas por 9 salas e foram entregues ao governo Junho último totalmente apetrechadas. Actualmente estamos mais focalizados na vertente de uma maior qualidade de ensino, assim como melhorar os aspectos curriculares locais e a advocacia. É desta forma que vejo a qualidade de ensino e não apenas em metas que se traduzem no número de crianças abrangidas’.
‘ Na zona da baixa Zambézia a questão do acesso no transporte de material tem sido um dos grandes problemas, chegando se recorrer a canoas porque a área não é propícia o que acarreta elevados custos, mas posso assegurar que conseguimos fazer as salas com um valor abaixo dos 10 mil dólares com estruturas pré metálicas propícias para aquelas zonas, preparadas para resistir a ciclones e a terceira escolas é de alvenaria’.
Mesmo com os ‘feitos alcançados’ Machava reconhece que ainda há muito por fazer em prol do ensino assim como da integração da rapariga na educação
‘ Apesar dos feitos alcançados na educação, quando se trata da rapariga torna-se complicado analisar o seu impacto. Os grandes desafios tem a ver com a integração, o abuso da rapariga na escola, mas relativamente a fase inicial das nossas intervenções, hoje a situação vem melhorando e actualmente a rapariga tem maior acesso e, é de salutar o aspecto da sua retenção porque a questão do abandono da escola por parte desta para ir a machamba ou cumprir com outras tarefas de índole doméstica é uma realidade.
‘Mas isto também passa por uma sensibilização dos pais e encarregados de educação. Na baixa Zambézia temos a questão da mobilidade das pessoas devido as cheias, das machambas e, quando se chega a fase da colheita a rapariga abandona a escola. É preciso trabalhar com as comunidades para que entendam o valor da educação e encontrar outras alternativas de meio de subsistência porque o projecto de ensino só por si dentro das necessidades básicas não resolve o problema da educação, refiro me a projectos de segurança alimentar, dos aspectos da redução da pobreza extrema que possam encorajar as crianças a irem a escola’.
Quelimane regista um fluxo de Imigrantes ilegais
Quelimane regista um fluxo de Imigrantes ilegaisTexto e fotos; Estacios Valoi
12/08/10
Recentemente os serviços de Migração Nacional celebraram 35 anos da sua existência num Moçambique ‘independente’ após de ter sofrido várias mutações com o seu prelúdio no Ministério do interior mais tarde para o de Segurança e actualmente sob a égide do primeiro.
A Província da Zambézia tem vindo a verificar uma avalanche de imigrantes ilegais que encontram esta parte central do Pais como ligação entre as zonas Norte e Sul do Pais tendo só neste trimestre o registo de 154 cidadãos de nacionalidade Somaliana provenientes do centro de Maratane na Província de Nampula.
Actualmente encontram se nas instalações dos serviços de migração de Quelimane outros 57 imigrantes de nacionalidade etíope também provenientes do mesmo centro a espera de serem recambiados em condições de acolhimento menos abonatórias, visto que o sítio carece de infra-estruturas adequadas para tal propósito, inclusive para os seus funcionários.
Apesar da introdução do sistema de controlo informático biométrico com base no qual o chefe dos serviços se vangloria como um dos marcos alcançados nestes 35 anos, ate que a tal 'biometricidade' chegue a estas bandas muitos dias ainda vem por contar.
Segundo o chefe dos Serviços de Migração da Zambézia Armando Cossa, a introdução do sistema informático implica uma boa disposição o que também lhes permitira ter acesso a dados esboçados a partir da Direcção Nacional em ‘ online’.
‘Provavelmente a partir do próximo mes de Agosto teremos aqui na Província técnicos para montarem o sistema informática, e neste momento já começamos a receber pedidos dos documentos que enviamos para a Direcção Nacional para a sua devida emissão biométrica, mesmo até a atribuição do visto.
Relativamente a azáfama dos imigrantes nesta Província, Cossa reconhece o facto mas opta por girar em torno dos ‘ papeis’, os passaportes em cima mesa.
‘Uma avalanche de estrangeiros! Talvez não iria por aqui porque em termos de emissão de passaportes esta tudo em ordem, é verdade que se esta a constatar uma avalanche de estrangeiros ilegais mas são cidadãos provenientes de países em que há guerras, onde existe uma certa instabilidade, e violam as nossas fronteiras País adentro onde a ‘ luz’ da convenção internacional das Nações Unidas são acolhidos.
Estes são provenientes de Maratane na Província de Nampula. Aquele é um centro para abriga-los que esta sob auspício do núcleo de apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros e por alguma razão estes cidadãos desertaram do centro a andam por aqui. De certa maneira nós temos sim uma avalanche de cidadãos descontrolados, mas destes indivíduos que não têm documentação muito menos profissão, e talvez alguns destes por estarem entregues a sua sorte fazem parte dessa onda de crimes.
Estamos a registar um número crescente de cidadãos Etíopes registando-se neste momento que estamos a falar cerca de 57 cidadãos aqui na migração e todos também provenientes de Marratane mas com a usando a prorrogativa de que iriam passar para Maputo onde já não existe centro para imigrantes ilegais e estamos aqui a criar condições para retornamo-los para o centro.’
Segundo Cossa existem duas formas de ‘pular a cerca’, o primeiro os que são interpelados ainda na sua tentativa de chegarem ao ‘ porto seguro’ e são directamente recambiados nas mesmas viaturas em que se fazem transportar e o segundo quando são abandonados pelos sindicalistas do crime pelos distritos ou mato de onde mais tarde são recolhidos e levados pelos agentes da migração para a sua sede.
‘Naturalmente a questão passa de um certo controla com base nos dispositivos internacionais, as convenções com preceitos legais tratados nível do Núcleo de apoio ao imigrante ilegal do Ministério dos Negócios Estrangeiros que trabalha em coordenação com o Ministério do Interior.
‘Creio que uns saiem do centro porque procuram melhores condições de vida, outros até munidos de uma declaração atribuída pelo próprio centro, ate podemos os encontrar por aqui a fazerem pequenos negócios para o seu auto sustento.
Em conversa com alguns imigrantes ilegais nomeadamente Tas vai Detiof, Ketafi e Bash ambos de nacionalidade etíope foram unânimes nas suas afirmações quanto a sua fuga do centro, isto é, desde a falta de alimentos, documentação, conflitos internos e o tratamento desigual entre as diferentes nacionalidades que lá existem.
‘Em Maratane não têm comida suficiente, lutamos entre nacionalidades Etíope, Congolesa e Somaliana, olha este aqui tem uma cicatriz enorme na cabeça. Estamos a mais de cinco meses e não temos documentação, existe desigualdade. Quando os congoleses chegam logo tem documentos. Aqui somos mais de 300,o centro esta lotado e somos obrigados a permanecer aqui o dia todo e só de noite é que conseguimos sair. Não somos livres. Esperamos ir a Maputo e depois Nampula. Moçambique é bom sítio. Nós somos refugiados e em Maputo não tem centro, esta em Nampula. Estamos a espera que a migração encontre soluções para nós 57’.
Enquanto o passageiro 57 espera pela sua vez, onde e que param sindicatos do crime migratório?
De acordo com o Chefe da Migração na Zambézia existem sindicatos do crime imigratório compostos por transportadores assim como a existem de vários interesses por de trás disto onde cidadãos desonestos vão se aproveitando daqueles precisam.
‘São transportadores, alguns até licenciados inclusive organizados em sindicatos que os transportam em camiões. Temos exemplos de alguns transportadores que foram detidos, contudo as detenções não produziram matéria suficiente, mas nós sabemos que por de traz disto há um trabalho obscuro que estão a fazer, contudo esta a fazer se um trabalho profundo para que se descubram os mentores deste tipo de crimes’.
Este é um assunto que requer um estudo profundo porque isto deixa transparecer uma certa insegurança do Pais e muitos desses indivíduos quando chegam aqui já pensam em transcender para a África do sul onde ao chegarem dirão que passaram por Moçambique e então o Pais é visto com muitas fragilidades. Mas, é preciso observar realmente que essas pessoas precisam de alguma protecção, é preciso mecanismos para tal e penso que os estados, a comunidade internacional vão estudando e tem muito a dar sobre este assunto, disse Armando Cossa.