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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
CASA DA CULTURA ZAMBEZIA QUELIMANE
Era uma vez a casa da cultura da Zambézia
Estacios Valoi
27/01/10
Gualino Da Silva Grimone é dançarino de raiz e o actual ‘timoneiro’ da Casa da Cultura da Cidade de Quelimane -Zambézia
Vindo das terras de Milange, onde há muitos anos aprendeu a dançar, aterrou no dia 15 de Janeiro do ano 2000 na Casa da Cultura da Zambézia - levado pela única razão que vem carregando durante todos estes anos: dançar.
Elemento da Companhia Provincial Montes Namule virada para a dança tradicional, o jovem esteve envolvido em algumas formações na sua maioria ministradas pela Companhia Nacional de Canto e Dança (CNCD) principalmente na dança contemporânea moderna.
EV - Dança contemporânea vs dança tradicional. O que se deve fazer para que ambas as correntes andem nos mesmos carris?
Gualino Grimone - No mês de Dezembro do ano passado tivémos uma formação feita pela Companhia Nacional de Canto e Dança (CNCD) que abraçou a dança contemporânea; nela estiveram elementos da CNCD com o Lulu e outros elementos. Contudo, o nosso grupo está mais virado para a vertente da dança tradicional típica da Zambézia mas temos momentos em que também dançamos a contemporânea incorporando tudo num só corpo.
EV - Em que estágio está a dança tradicional aqui em Quelimane?
GG - Primeiramente dizer que está num estágio avançado considerando que tudo e todos têm a dança como tradição no seu dia-a-dia. Mas falta-nos apoios que nos levariam a um nível mais desenvolvido; e de facto precisamos de sobressair.
EV - Agora olhando para a vossa casa da cultura, nova roupagem ‘ tinta branca’ e pela primeira vez um novo sistema de frio a ser instalado, a falta de apoio de que falas em que se circunscreve?
GG -Senhor jornalista o investimento que você está aqui a ver está ligado à Assembleia Municipal da Cidade; ‘camadas’ que tencionam utilizar o salão da casa para fins que só a eles diz respeito. O município está a remodelar a sala com um sistema sofisticado mas exactamente para dar vazão ás suas sessões e reuniões mas penso que a actividade cultural não vai parar.
EV - Casa da Cultura ou da Assembleia Municipal? E nos dias em que os vossos eventos coincidirem com os do Município o que vai acontecer?
GG - Esta é outra questão, não sabemos como é que as actividades serão realizadas no dia em que o nosso evento coincidir com o da Assembleia; acredito que a prioridade no uso do nosso espaço ‘salão ‘ seja para a ‘Assembleia dos Camaradas’.
Eles estão a reabilitar a casa não exactamente por razões culturais mas para as ‘politiquices’.Em dias como estes a única alternativa será procurar outro espaço.
EV -Não acha que deveria ser o próprio município a procurar uma outra sala?
GG- Penso que é injusto o município transformar a casa da cultura numa assembleia, mas segundo o argumento do órgão Municipal, o salão será ocupado só nos dias em que tiverem sessões.
Patrocínio, patada causa e efeito. Qual é a participação das outras instituições e empresas em prol do desenvolvimento cultural local?
GG - Alguns têm participado, mas é necessário fazer um grande esforço escrevendo cartas e por muitas vezes passá-las porta a porta até que o apoio chegue às nossas mãos.
EV - Voltando à cultura de facto, quantos grupos existem aqui na casa de cultura e o número de pessoas?
GG -Neste momento apenas existem dois grupos, nomeadamente a Companhia Provincial de Dança Tradicional Montes Namule e o grupo de Canto e Dança da Casa da Cultura; ambos são os que apresentam qualquer evento a ser realizado na casa da cultura, mas pelos bairros também existem outros grupos fortes no campo tradicional.
EV - Dizes Dança Tradicional em pleno desenvolvimento. Quantas apresentações tiveram no ano transacto?
GG - O Grupo de Canto e Dança teve algumas actuações dentro da Cidade de Quelimane; outro sobre a ponte do rio Zambeze com Emílio Armando Guebuza no dia da inauguração e a nível da Província em Malei, na Maganja da Costa e em Pebane.
EV - Em termos de aparições existe ou não um défice considerável?
GG - O nosso trabalho é apresentado através dos contactos que temos com algumas empresas que nos vão ajudando a não esquecer a tradição. Infelizmente ainda não saímos para fora da província devido à falta de oportunidades, e não é fácil, é preciso cumprir com muitos requisitos onde geralmente os patrocinadores falam de custos.
O meu grupo é composto por cerca 40 elementos, portanto, tratando-se de actuações fora da cidade ou província não são todos que participam. Somos obrigados a levar 15 ou 17 elementos por falta de recursos, o que dificulta o nosso trabalho. E por esta ausência de apoios, muitos dos dançarinos acabam tendo o seu sonho frustrado e desistem.
EV - Em traços gerais pode se considerar o estágio cultural quelimanense de deficitário?
GG -Bem, em alguns aspectos não está bom mas se tivéssemos patrocinadores estaria melhor porque aqui temos muitos e bons artistas para fazer cultura.
EV - Para além da dança onde mais se podem ver eventos culturais?
GG - Não há nada para ver. Muitas vezes só existem eventos culturais de peso em dias festivos mas principalmente quando estão todos os grupos da cidade incluindo os dos bairros. Gostaria que a cultura crescesse, mais troca de experiência com as outras províncias; isto para além dos vários projectos que temos. O artista daqui é de vários sonhos e gostamos de os realizar e este é um dos meus sonhos: continuar a dançar.
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