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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Baleado nas “barbas” de Khalau
Patenteamento de agentes da polícia em Cabo Delgado
13/02/13
Texto e fotos: Estacios Valoi
Dois anos depois 39 agentes da polícia da república de Moçambique (PRM) foram patenteados semana finda na Cidade de Pemba na Província de Cabo Delgado.
A luz do despacho presidencial os agentes em causa foram patenteados para as categorias de superintendente principal e superintendente, a sargento perante a presença do comandante geral da polícia da república Jorge Khalau, a comandante provincial de Cabo Delgado.
Na altura Khalau discursando perante aos agentes da polícia e seus familiares presentes na efeméride realçou que apesar do magro orçamento, era o começo do patenteamento dos elementos da corporação que dirige pelo seu bom desempenho, trabalho na luta contra os criminosos
“Contra os criminosos, bandidos, a luta continua. Não é possível de uma vez, ‘e gradual, este ano vamos patentear mais, daqui vamos a Niassa. Já começamos a patentear nas outras províncias, este ano há orçamento para promoção. São promovidos aqueles que se empenham no bom trabalho, que não se envolvem com os criminosos, extorquem as populações na rua. Não vamos patetear aqueles que colaboram com os criminosos.
Havíamos parado um pouco porque devíamos, alguns que tinham sido patenteados e não estavam a receber para tal. Era preciso reajusta-los. A nossa divida acabou agora vamos promover. Este ano promovemos poucos porque o dinheiro era pouco, queremos combate enérgico aos bandidos, aos sequestradores, aos assaltantes a mão armada, combate-los com energia, neutraliza-los e por no tribunal. Ouviram.
Os comandantes de todo o nível devem conhecer o seu guarda, se merece ou não. Foram escolhidos pela província, os comandantes, desde o posto, distrito província é que tem de escolher e propor”.
Khalau reconhecendo as fragilidades que reinam no seu reino, desde a extorsão do simples cidadão por parte da polícia, ao envolvimento de agentes da polícia nas malhas do crime, a corrupção, enfatizou que a patente conquista-se com trabalho.
“A patente conquista-se com trabalho com o bom comportamento portanto vamos lutar continuando a combater. O povo confia em vocês, o estado moçambicano confia em vocês, na policia da republica de Moçambique, o governo confia na PRM, a população gosta de vocês porque apoia nos no combate ao crime, são vocês que mantem a ordem, tranquilidade no país, vocês que me acompanham a mim.
Facto é que nas ruas de Pemba, em esquinas próximas as lojas, é norma ver elementos da polícia de tocaia para ver quem sai da loja, com que quantidade de produtos para depois porem se a vasculhar e por fim extorquirem o cidadão
Se foi o povo que o reelegeu, isto esta fora de cogitação e, Khalau manda recados
“Obrigado pela mensagem de saudação da minha recondução. É uma grande responsabilidade para mim, agradeço o estado e o chefe de estado a minha recondução, Agradeço ao povo moçambicano, governo a minha recondução mas conto convosco. Vamos trabalhar juntos nesta batalha árdua de manter a ordem e tranquilidade públicas no país.
Conseguimos vitórias porque vocês juntos com o povo e comigo combatemos o crime. Estão muitos criminosos condenados, detidos por raptos, sequestros, etc., etc. crimes violentos, estão ai a espera de ser julgados. É o resultado do nosso trabalho conjunto com o apoio do governo da república de Moçambique, com o apoio das populações do Rovuma ao Maputo no combate ao crime.
Por isso mais uma vez quero agradecer todo o apoio que vocês tem me dado junto com o povo no combate ao crime, mais uma vez este mandato vamos somar victórias, vamos trabalhar continuar a ser implacáveis e vamos trabalhar com todos, mesmo aqueles que não queriam que eu fosse reconduzido, conto com eles. Por isso vão ter que me aguentar e trabalharmos juntos neste mandato e a luta continua contra os criminosos
Mensagem da polícia
“Reiteramos, trabalhar afincadamente e de forma implacável na prevenção e combate a criminalidade assim como na manutenção da ordem tranquilidade públicas. Só com actos similares se elava a moral dos recursos humanos que de maneiras que todo o funcionário espera algum dia merecer alguma evolução e/ou distinção e para nós os privilegiados de hoje, senhor comandante geral da PRM não temos palavras para descrever o sentimento que transborda em nós tendo em conta igualmente a responsabilidade que isto representa para a organização, as nossas famílias e porque não para nós mesmos”.
Força da brutalidade e os crimes por atacado plena violação dos direitos humanos
Facto é que os atropelos dos agentes da polícia em Cabo Delgado continuam. A titulo de exemplo António Januário Mateus recentemente baleado a queima-roupa pela policia com recurso a AKM-47, arma de guerra alegadamente por desinformar relativamente ao surto de cólera que abala Cabo Delgado, continua hospitalizado, a policia não se responsabiliza e poe se a fresco.
Por várias vezes a nossa reportagem tentou contactar telefonicamente, via SMS a comandante provincial da polícia mas foi infrutífero. Da comandante ao porta-voz, nada sai, continua tudo mudo.
Baleado António Januário Mateus
“Foi numa sexta-feira na aldeia comunal de Muisse em Pemba Metuge. Ali surge esta doença de cólera, haviam jovens ali na aldeia porque seu estava no mato a tratar da cerimónia do meu filho de rito de iniciação. Morreram duas pessoas que estavam internados no hospital Ente Sanissange, enterramos no mesmo dia e pelo que ouvimos morreram de cólera e essa confusão começa por causa dessas pessoas que morreram, foi por causa disso mesmo.
Os jovens saíram ali fora destino a casa do chefe da aldeia. Os nomes deles nunca hei-de saber, são jovens da mesma aldeia, não sei qual era o objectivo, eu não posso saber declarar porque eu não estive no assunto. Quando isto aconteceu eu estava no mato porque dormia la no rito de iniciação.
Então quando chegaram lá o Chefe e o secretário da aldeia fugiram foram até ao comando da sede do distrito. Então como não estive no grupo, estive a trabalhar meus assuntos, porque eu vivo aqui na cidade no bairro Muxara, ia na machamba e tratar esse assunto dos meus filhos.
Então no sábado enterramos aquelas pessoas então prontos. No domingo nós mandamos sair nossos filhos para fora e depois de acabar aquela cerimónia, na segunda-feira dia 4 deste mês, é a vez que nós estivemos na estrada a tirar gomaria porque estivemos a beber através da cerimónia”.
“ Nós que não tínhamos interesse e não sabíamos o que se passava, é a vez que veio o carro da polícia. Quando vem o carro da polícia, os donos que fizeram esses problemas, quando viram a polícia descer do carro logo começaram a afastar um por um. Nós que estávamos ali a comentar sobre o que estava a acontecer, a policia chamava nos um por um “ você anda cá, você ai anda cá.
Então a vez quando nós estivemos a afastar do sítio, eu primeiro fui chamado, você anda ca, logo curvei e fui ali porque não tinha uma coisa de medo porque não estive no grupo e não estive quando estavam a acontecer estas coisas. Logo a chegar não me perguntaram o que, nada, só tiraram arma um tiro para cima, três tiros, o quarto tiro foi me entrar aqui ate furar aqui. Aqui um tiro ali dois tiros, aqui também um tiro e dai eu cai. Perguntei o que se estava passar. Eu não sei o que esta a acontecer, estou a ser matado só, não sei de nada, não estava e não sou desse grupo, e não sou daqui, sou viente, vinha trabalhar na machamba, tratar meus assuntos!
AKM-47 e deu os tiros sim. Quatro. Esse pé esquerdo só me furaram, mas o pé direito é que me partiram o osso, aqui e outro tiro neste braço esquerdo e também me furaram, outro ali e aqui também, a razão de quatro tiros, o quinto tiro é que atiraram para cima”.
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