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quarta-feira, 18 de julho de 2012
O Caminho Festival Tambo Tambulani Tambo em Cabo Delgado Acidente de viação causa mortes
Texto e fotos: Estacios Valoi
18/07/12
Dois mortos e três feridos 'e o rescaldo do acidente ocorrido segunda-feira passada no distrito de Namacura na província da Zambézia por volta das 12 horas.
Numa das viaturas vinha cerca de 15 artistas zimbabueanos a caminho do festival que tem lugar na cidade de Pemba.
Segundo Victor Raposo trata se de “dançarinos zimbabueanos convidados para o evento. Uns foram transferidos para o hospital de Namacurra enquanto os outros para o hospital central de Quelimane. Estamos em contacto com o consulado do Zimbabué. Os outros artistas voltaram para Zimbabué”
A associação Tambo Tambulani Tambo tinha agendado a abertura da sua sétima edição do festival de teatro, dança, literatura sob o lema “diversidade cultural” para o dia 16, adiou para hoje dia 18 e com o seu término no dia 22.
Com as suas instalações localizadas no bairro Nanhimbe, numa área de 2000m2, com três blocos, que contemplam um do centro cultural, anfiteatro, campismo e um parque de estacionamento, tem a capacidade de acolher cerca de 600 pessoas, espera se a presença de artistas moçambicanos, da Polónia, Zimbabwe, Zâmbia e África do Sul.
“Tambo Tambulani Tambo é um jogo tradicional do antigamente, os Imacua e os Makondes dizem ser sua pertença, mas é de origem Kimwane, (Ibo, Mucojo, Mocimboa da Praia)
Por esta estar a passar para historia nós retomamo-lo dando o nome a associação exactamente para resgatarmos uma coisa que já esta em vias de extinção; um jogo que era feito por mulheres, mais ou menos no contexto do " pim pam pum" internacional mas a nossa maneira em Cabo Delgado"
Ainda de acordo com Raposo alguns já confirmaram a sua presença e outros ausentes por falta de apoio para a sua vinda.
“Confirmados que já tem patrocinadores, sua maneira de vir, é caso do Muthumbela Gogo, dois grupos musicais da Cidade de Nampula, um grupo de dança da ilha e Moçambique, a presença do Mapiko e outras danças locais, na literatura com a Paulina Chiziane para dar cobro a um sarau e estão ainda por confirmar algumas presenças estrangeiras, uma da Polónia, África do Sul e também Zimbabwe,de Maputo havíamos convidado Mutukomo, Kinamata, Xidiminguana e muitos outros mas que infelizmente não tiveram patrocinadores para cá vir.
Pode ser que isso venha a acontecer mas, até agora a situação é esta. Também temos aquele aspecto do Ramadão de Jejum que vai aparecer logo no fim-de-semana, algo que a maior parte aqui a nossa população tem. Não queremos entrar em choque, então contornamos o evento para sábado, domingo que são os últimos dias sob lema “diversidade cultural”.
Mapiko só em outras províncias
Também vamos apresentar algumas danças locais extintas como Ipathuca, Nquissa, Iquirimo, Iquithuculo, numa terra do Mapiko em que só se vêem nos dias de exaltação deste ou aquele Como tenho dito nas reuniões. Vais a Maputo, Beira, Nampula e tens Mapiko aos domingos e aqui de onde o Mapiko é originário não tens em nenhum dia da semana. Ė Um paradoxo. Nos preocupamos em ter o Mapiko sempre que se faz o festival, uma vez por ano. Para mim é sintomático que a província que tem como padrão o Mapiko, na tenha catalogado em cada domingo, mês porque aqui agora tem os turistas.. E, vem ai pensando que vão ver o Mapiko onde devem ver, infelizmente não vêem Mapiko em cabo Delgado mas sim em outras províncias”.
Enquanto o dia não chega o centro vai sendo reabilitado para acolher acima de cem artistas, infelizmente arranjos que só se notabilizam uma vez por ano, dos escassos apoios que o centro consegue angariar. Mas Quisemos saber do Raposo sobre o desenvolvimento cultural que se pretende em Cabo Delgado nas suas vertentes, com expressões apenas em fases de campanhas eleitorais…
“Apoio só em campanhas eleitorais, congressos..”
“Temos lamentar. Mutas das vezes pedimos apoio ao governo, a ministério e não temos tido a replica que desejamos mas não deixamos de fazer as coisas. Há de facto esse problema. Quando chega o momento da vontade dos outros, nós temos que ser as pessoas que devem servir essa vontade, quando devia ser uma mão lavar a outra. A verdade é que nós não nos propomos a preservar a cultura e, aqueles que por direito dizem estar a preservar, nem sempre parecem ter essa sensibilidade.
O mais gritante é que de facto não tem havido aquele envolvimento de quem patrocina mas nós temos que fazer o que nos propomos a fazer, que são eventos em media, a cada mês e meio ainda que seja para manter a rotina, para não deixarmos de fazer aquilo que temos como missão mas nota se cada vez mais uma crescente falta de apoio do empresariado mesmo das estruturas do governo.
Quando chega a esta altura “ congresso” como estavas a dizer começa a haver mais envolvimento mas não naquela percentagem que era de desejar. As vezes pensamos que podemos confiar num outro patrocínio e, é traduzido em 10 porcento daquilo que nós esperávamos. Infelizmente”
“Não se pode estar actor, tem que se ser actor”
“O teatro tem vindo a decrescer. Isso vê-se pelo número de grupos teatrais actualmente existentes. Se fizer um recuo de vinte anos atrás, falo de vinte anos porque foi a fase que eu deixei Maputo para vir a Pemba, tinham entre dez a quinze grupos e hoje temos que procurar para ver se ainda existem pelo menos três.
Um deles é o nosso Tambo, existe um outro que esta sempre associado as ONG’s, projectos de HIV/Sida, apoio social, são cada vez mais decrescentes. E, é para ai que a gente vai e além em termos quantitativos, e a qualidade! Os grupos de jovens com falta de formação, e por outra intenção não vêm, não querem fazer teatro como carreira, mas aparecem porque existe algum foco de “mola”, a favor do projecto Sida ou outro qualquer”.
Então mais do que “stand up”, qualidade, do que ‘e propriamente encenação, não se vê nada. Há muita falta de formação e, é a razão pela qual agora estamos a pensar num envolvimento directo entre o Norte, Centro Sul na aposta na questão da formação como uma das nossas visões e fazer do nosso espaço um centro de formação de artes cénicas e quem sabe um pouco mais, uma feira de periódica com exposição de artesanato, escultura já que temos um potencial de arte Makonde, um lugar por visitar.
Victor Raposo falas calmas, agastado com o estágio do teatro em Pemba
“Tenho apelado as ONG’s que em alguns momentos tem nos apoiado e percebem quanto vale a formação. Não apenas as ONG’s, o governo de tutela tem que pensar na formação. Não basta fazer teatro por impulso, emoção, tem que haver formação para a gente perceber que existe uma actividade da qual se joga o nível através da formação, engajamento dos artistas. Não se pode estar actor, tem que se ser actor. Apelar aos empresários. Temos agora o congresso que pede ser o momento de beneficiarmos de alguma divulgação, demonstrar que somos e que haja olhos para ver o que estamos a fazer e cada vez mais melhor”.
Tambulani esteve no VII Festival Nacional de Cultura em Nampula
“Levamos uma peca de teatro para Nampula intitulada “Nós, os sem viagem” baseada no romance do escritor Mia Couto “ Jesus Além”, a mesma para nosso festival e consequentemente para o festival do Muthumbela em Novembro, mas também levamos uma arma secreta que são as danças tradicionais, já extintas mas que só nós executamos.
Iquitukulo, ibatikulo …. São para ai uma seis danças made in Cabo Delgado, e na vamos a reboque mas sim a convite do festival. Estamos facilitados por sermos vizinhos da província. A gente não se faz convidado mas sim como convidados
.
Até as últimas horas de ontem Raposo confirmara a nossa reportagem, que dos artistas estrangeiros convidados apenas uma da poetisa Zimbabué já se encontrava em Pemba mas que os da Zâmbia também já tinham a sua presença confirmada.
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