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quinta-feira, 28 de julho de 2011
CAMAL MARAZINE
CAMAL MARAZINE
Texto e fotos: Yohko Ndunko
27/07/11
Camal um musico de muitas facetas que depois de Maputo desembarcou nas terras do outrora considerado maior palmar do mundo mas principalmente preso pela sua curandeira, a mulher por quem se apaixonou. Um daqueles músicos que me leva de forma nostálgica a época das bandas da fase da minha velha e a turma trajadas de mini saias, os tacões e calcas de ganga.
Algo diferente a ser tocado em Quelimane, cujo ouvido levou me bar adentro em mais uma noite em Quelimane. Infelizmente ou felizmente já tinha visto o homem que pelo palco deambulava e, depois de umas quantas guitarradas disse-o que me fazia lembrar o agrupamento João Domingos, João Paulo com quem tive a oportunidade de conviver por várias ocasiões, pelo Gil Vivente, Feira popular, Goa, e outros lugares que s ‘ o a noite pode nos revelar.
EV - O que tocas exactamente, de que geração e que mais te marcou naquela fase e que bandas?
Não tenho estilo especifico, toco um poço de tudo o que é musica desde os anos 60 ate 2011. A minha geração foi marcada pelo soul musica, na última fase da minha vida o disco mas sou do soul music.
A banda que mais me marcou foi a banda ‘Storm ‘ onde tocava Zeca Carvalho, fugi e Antoninho, eram terríveis e mais tarde apareceu a banda do hocolockwe que também era uma banda bastante boa mas indiscutivelmente para mim a banda ‘Storm ‘ para mim foi a melhor.
EV - João Paulo não fez parte da banda Storm?
CM - João Paulo fez parte da banda os ‘Monstros ‘, o Storm era uma banda de apenas três elementos que tocava desde o Heave Metal, Ground, blues, soul music, tocava de tudo e com muita perfeição. Foi a melhor banda que, Moçambique teve nos últimos 6-7 anos antes e depois da independência.
EV - Quando é que desembarca em Quelimane vindo de Maputo?
CM – Na altura sai de Lourenço Marques, estudei aqui ate ao quinto ano e vim para Quelimane porque o meu pai era funcionário das finanças e tive que regressar a Maputo para continuar com os meus estudos. 35 Anos depois e por coincidência da vida vim cair aqui em Quelimane e estou aqui a sensivelmente quatro anos.
EV- Quem é Camal, a pessoa por de trás o musico?
CM -Por detrás de mim esta um homem que gosta de música, dos ambientes musicais e não vejo idade para estar em estes ambientes e tudo que cheira e que sabe a música. Estou sempre por lá infiltrado
Toco em função dos ambientes e também não tenho muita pressa em tocar aqui em Quelimane. Quando cheguei durante um ou dois anos tocava com muita frequência e depois parei para dará oportunidade para que os outros também tocassem mas sempre que toco em função do ambiente. Se o ambiente mudar para o mais jovem vais ouvir aqui R&B, Hip Hop Rave, um pouco de tudo.
EV -Que te fez ficar em Quelimane?
Contingências, primeiro porque a minha mulher era de cá apesar de ter saído de daqui a 37 anos. Vim para cá porque foi um pedido muito especial por parte dela porque queria acompanhar os últimos momentos da vida da mãe que estava com uma doença terminal. Vim para aqui, estou, mas depois disto comecei a gostar tive e tenho a oportunidade de trabalhar com um presidente maravilhoso e espectacular que é o Pio Matos, isso me alegra e me encanta. Sinceramente não tenho pressa de sair daqui.
EV- Quelimane estagnado ou não em termos culturais?
CM - De certo modo Quelimane cidade pode estar parado em termos culturais, mas digo te com certeza absoluta, dar uma volta pela periferia é uma cidade bastante alegre, muito mais do que a cidade de cimento que ‘e muito rotineira.
EV -Tocas a bastante tempo. Algum álbum publicado?
CM -Absolutamente. Nunca tive a preocupação em gravar disco nenhum acompanho outros, toco para mim e não tenho essa preocupação. Tive a oportunidade e gravar um disco em Cuba e não fiz e ainda em cuba a oportunidade de poder tocar com alguns elementos de bandas cubadas bastante conhecidas como, Sílvio Rodrigues, Manuel del Vai, vais ouvir uma música que tive a oportunidade de tocar com eles o título é “Se olvidaras de mim” com Manolo.
Estive em cuba três anos e foi um privilégio, para mim penso que foram os melhores anos da minha juventude que passei especificamente no município de Playa em Havana.
Infelizmente não tive a oportunidade de gozar a minha juventude, apareceu a revolução e tivemos que imediatamente com 16-17 anos nos engajarmos na revolução de Samora Machel e pôs guerra de independência. Todos nos já tínhamos um certo nível de escolaridade e efectivamente tínhamos que empurrar o Pais. Gozamos a juventude de uma outra forma que foi ajudar a revolução.
EV -Que falta para desenvolver Zambézia em termos de exposição daquilo que é a cultura local?
C M- Penso que é uma questão das pessoa terem boa vontade, os jovens aparecerem mais a casa da cultura mas a direcção provincial da educação e cultura também deve fazer programas que chame os jovens, dar mais oportunidade, colocar uma aparelhagem, nem que seja no terraço de um prédio para se tocar lá em cima, num passeio da catedral em fim. Fazer um movimento cultural porque jovens com vontade de fazer há nesta cidade.
EV -Muitos lugares para actividades culturais. Que não se esta a passar?
CM – De facto existem muitos sítios para que se façam expressões culturais, mas em primeiro lugar a muita dificuldade em termos de equipamento para este tipo de espectáculos, as pessoas de certo modo pensam que as festas se resumem a carnavais, pequenos bailecos mas não, é muito mais do que isso, a cultura é estar todas as sextas feiras, sábados e domingos no bem bom e a viver a música. É isto que eu faço.
EV -Há decadência cultural e a quantas anda Quelimane?
CM- Samora Machel sempre disse e eu concordo perfeitamente ‘ A cultura é o Sol que nunca desce ‘, enquanto existirem seres humanos a cultura nunca descera. Temos que fazer, mostrar ao público, mundo. Cultura nunca morre.
Nas periferias há grupos de Nhambaro, musica tradicional e estão lá, não precisam que hajam festas especiais para que isto aconteça, aos fins-de-semana nos bairros a cultura esta lá e com forte expressão.
EV - Que se espera de um Pais em que não se investe na musica?
CM - Muito cepticismo. Infelizmente e é com muita tristeza que a cultura ainda não é prioridade para o governo de Moçambique desde da independência. As pessoas olharem para a cultura como arte, comercio e como marketing.
EV – Estiveste no campo de reeducação como os outros?
MC - Não. Antes pelo contrario, tenho o privilegio e ser da geração do 8 de Marco.
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