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quinta-feira, 25 de março de 2010
Colombia
‘Uma viagem pela ‘Colômbia’
Texto e fotos por: Estacios Valoi
10/06/10
Pensei um dia em terras ainda desconhecidas que fazem parte deste vasto Pais.
Apenas embarquei num daqueles camiões cavalos a 26 rodas rumo a foz do Rio Ligonho lá para os fundos da província da Zambézia.
Ao longo das estradas de alcatroadas e de terra batida algumas esquecidas pelo tempo pareciam o sítio onde Cristo ou Judas perdeu as botas, um lugar de olhares profundos estampados no rosto daquelas pessoas que deixavam transparecer, muita sede, obrigadas a embrulharem se num único furo de água para cerca de mil a duas mil pessoas, a fome rasgava suas peles em culturas inexistentes ou apodrecidas em canteiros por falta de escoamento.
O destino todavia continuava distante mas o corpo já fatigado deixava transparecer veias vincadas de tantos solavancos, charcos, terra escorregadia que a estrada ia nos proporcionando ao longo do percurso em direcção do sítio almejado. Afinal tratava se de uma expedição quase que sem fim.
Apesar de mais tarde ter entrada numa viatura de marca Land Cruiser de cor branca que dias antes teve o seu vidro de traz quebrado pelos revolucionários da cólera, aquele quando passava por um dos distritos da Zambézia, refiro me a aquele fenómeno anual em que os homens da cruz vermelha na tentativa de socorrerem as vitimas tornam se vitimas.
De tanto andar por fim chegamos a foz do rio Ligonha, estafados, a primeira foi um mergulho naquela água corrente incolor, contudo de cor acastanha que ao olho nu deixava a sensação de estar carregado com o vibrião da cólera e outras coisas mais nocivas a saúde pública.
De tantos cansados de sonhar e de esperara de uma fonte de água potável para o seu consumo, vão consumindo freneticamente o liquido em causa.
Mas eis que me surpreendo com o vaivém das motorizadas, bicicletas dos peneireiros do ouro que vão cruzando o rio a outra margem do rio onde se encontra o sítio chamado de Colômbia.
Exclamado perguntei de que se tratava, mas antes pensará quer pudesse encontrar os discípulos do Escobar ou outros druidas quiçá um cocktail de cocaína, êxtase, brown sugar e outras substâncias alucinantes ou depressoras.
Eis que vou entrando na dita Colômbia, um corredor de barracas carregada de produtos comestíveis, álcool mas que durante o dia ou noite viram dormitórios para os caçadores da fortuna. Sitio onde impera a lei do mais forte, há um pouco de tudo, bens de primeira necessidade ate as prostitutas que hoje pernoitam aqui e outro dia acolá, depende do que maior quinhão de ouro tirar.
Enquanto uns vão cavando mais e mais fundo, outros vão metendo se em túneis que só eles sabem onde vão parar, para não dizer que alguns vão sendo presos pela própria terra que vai desabando naquelas terras duras que a velocidade da agua do rio Ligonha que roendo as partes laterais dos túneis tornando os o lugar de morte certa.
O numero de mortes que se vai registando não impede ou assusta aos peneireiros que tos os dias cruzam o rio em canoas feitas a partir da casca de uma arvore denominada ‘ Moroto’.
Em algumas conversas fui constatando que algumas das pessoas que ali se encontram, tem como proveniência a os arredores da cidade de Quelimane assim como de outros destinos longínquos que na procura da sorte decidiram cruzar vários caminhos ate a Colômbia, uma estadia de uma semana ou mes mas que por fim permaneceram por alguns anos.
O Fernando Botão dizia ‘ali morreu, não faz mal, a vida continua. Estas a ver aquele buraco, no ano passado ali morreram dois gajos, aquele buraco vai dar ao rio, agua essa que ‘e utilizada para lavar o pó ate ao conseguir ouro’.
Primeiro cavamos, tiramos blocos de pedra, peneiramos, pilamo-las ate que se transformem em pó e depois lavamos no rio’.
Eu já encontrei muito ouro ate comprei duas motas, aquele meu amigo comprou um a bicicleta mas esta a espera ate encontra boa quantidade para comprar uma motorizada que custa entre 15 a 18 mil meticais. Motos que vem de alguns paises asiáticos, creio que da China.
São peneireiros em número considerável que possuem essas motas. Por alguns instantes lembrei me da Cidade de Quelimane, a avalanche das bicicletas que por lã circulam.
‘Eu vou comprar, não importa, posso esperar muito tempo. No ano passado consegui um bom ouro mas gastei o dinheiro todo.
A medida que ia me aproximando barracas adentro, pelo ar cruzam se sons soltos pelos rádios que iam tocando pela esquerda ou direita, roupas a venda, uma cidade de capim e blocos feitos de blocos locais de paredes lisadas a lama, ora por dentro assim como por fora.
Mas a alegria era patente no rosto daquelas pessoas, ora acompanhadas de muito álcool a moda nova, de 'Tentação ate a outra que segundo os habitantes do ouro chamam-na de 'Boina Vermelha, dei uma tragada, um veneno autêntico.
Dia e noite, a procura é constante, dormem, acordam e sonham com o ouro, ou deitam suas lágrimas em garrafas transparentes que mais parecem um rastilho de pólvora.
A vida continua naquele mundo distante, a quem diga longe da civilização, mas para os penereiros aquela ‘e a sua zona, Colômbia.
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